Conhecem aquela história de quando alguém engravida, escuta: “Agora você deve comer por dois!” ? Ou dizer para as crianças: “Se você não repetir o prato de comida, nâo irá crescer e ficará doente?
A nossa cultura ainda busca o comer bastante para ficar saudável e constatamos esse fato quando vemos a alta incidência da queixa – “Meu filho não come” – nos consultórios pediátricos.
E por que a criança deveria ter vontade de comer bastante? Por estar em fase de crescimento e desenvolvimento? Não necessariamente. Chamo essas frases automatizadas do cotidiano de: cultura da Obesidade.
AUTORREGULAÇÃO
Devemos pontuar a importância em respeitar os ciclos de fome e saciedade dos pequenos. Desde a amamentação, os bebês já possuem a capacidade em modular a quantidade de leite sugada mediante o tamanho da sua fome. Se nâo estão com fome, irão mamar menos ou até rejeitar algumas mamadas. Este processo é normal e conhecido como autorregulação.
Outra informação importante é promover recompensas sem envolver alimentos. Troque: se você se comportar, te dou um sorvete por vamos jogar bola no parque. Desta maneira, não associamos o comer a recompensa e prazer exclusivamente.
COMO FAZER?
Segundo dados da UNICEF, o sobrepeso e a obesidade são frequentemente identificados em crianças de 5 anos em todos os grupos de renda, bem como em todas as regiões brasileiras. Alimentos industrializados, ricos em açúcar, sódio, gordura e pobres em nutrientes, tornaram-se parte da rotina alimentar. Ao mesmo tempo, há uma diminuição na prática de atividade física. Esse quadro faz com que uma em cada três crianças de 5 a 9 anos possua excesso de peso no Brasil (POF, 2008/2009). Entre os adolescentes, 17,1% estão com sobrepeso e 8,4% já são considerados obesos (Erica, 2016).
O Guia Alimentar para crianças abaixo de 2 anos de idade, feito pelo Ministério da Saúde, traz os 12 Passos para uma Alimentação Saudável :
1. Amamentar até 2 anos ou mais, oferecendo somente o leite materno até 6 meses.
2. Oferecer alimentos in natura ou minimamente processados, além do leite materno, a partir dos 6 meses.
3. Oferecer água própria para o consumo à criança em vez de sucos, refrigerantes e outras bebidas açucaradas.
4. Oferecer a comida amassada quando a criança começar a comer outros alimentos além do leite materno.
5. Não oferecer açúcar nem preparações ou produtos que contenham açúcar à criança até 2 anos de idade.
6. Não oferecer alimentos ultraprocessados para a criança.
7. Cozinhar a mesma comida para a criança e para a família.
8. Zelar para que a hora da alimentação da criança seja um momento de experiências positivas, aprendizado e afeto junto da família.
9. Prestar atenção aos sinais de fome e saciedade da criança e conversar com ela durante a refeição.
10. Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação da criança e da família.
11. Oferecer à criança alimentação adequada e saudável também fora de casa.
12. Proteger a criança da publicidade de alimentos.
E relembrar que o ato de comer deve acima de tudo ser um ato de afeto e pertencimento.
Para conhecer mais sobre este tema, acesse nosso podcast “Nutrindo Afeto” no seu tocador predileto.
MOUSSE DE ABACATE E CACAU
Receita: para uma escolha deliciosa e mais saudável
(Crédito: Pixabay)
- meio abacate maduro ou avocado ( é mais docinho)
- meia xícara (chá) de uvas-passas pretas
- 2 colheres (sopa) de Cacau em Pó 100%
- 1 banana média
Em um liquidificador, bata todos os ingredientes até formar um creme homogêneo. Distribua em copinhos de sobremesa e leve para gelar por cerca de 2 horas.
Atenção: quanto mais cacau,mais amargo! Adoce com a banana e as passas.
*DRA. RENATA ANICETO (CRM 88006) é médica formada pela Faculdade de Medicina do ABC, pediatria e hematologista pela FMUSP/SP. Aqui em AnaMaria Digital escreve sobre medicina culinária, nutrição afetiva e estilo de vida na Infância. Instagram: @ligadacozinhaafetiva