Olá a todos!
Nesta semana, falo sobre uma queixa muito frequente no consultório: irritação na garganta.
Os sintomas costumam ser garganta constantemente irritada, pigarro, tosse seca, sensação de “bolo” na garganta ou rouquidão que vai e volta. E, neste caso, talvez o problema não esteja exatamente na garganta, mas, sim no estômago. Isso mesmo: existe uma relação direta entre refluxo gastroesofágico e sintomas na garganta.
O refluxo ocorre quando o conteúdo do estômago volta para o esôfago e, em alguns casos, alcança a garganta e até o nariz. Quando isso acontece de forma repetida e sem os sintomas clássicos de azia e queimação, chamamos de refluxo laringofaríngeo. Ele é considerado um tipo de “refluxo silencioso”, porque não causa dor no estômago, mas afeta as regiões superiores, como a laringe, a faringe e até as cordas vocais. Nessas áreas, a mucosa é mais sensível ao ácido estomacal, o que provoca irritações frequentes.
Sintomas comuns do refluxo na garganta incluem:
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Pigarro frequente
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Tosse seca ou irritativa, principalmente à noite
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Sensação de muco preso ou de “bolo” na garganta
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Rouquidão, voz falha ou cansaço ao falar
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Dor ou queimação na garganta, sem sinais de infecção
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Sensação de sufocamento ao deitar
O refluxo laringofaríngeo é mais difícil de identificar justamente porque os sintomas nem sempre lembram um problema digestivo. Muitas vezes, o paciente passa por diversos tratamentos para a garganta, sem melhora, até que o refluxo é investigado.
O diagnóstico costuma ser feito pelo otorrinolaringologista com base nos sintomas e no exame da laringe. Em alguns casos, pode ser necessário o encaminhamento para o gastroenterologista, que poderá solicitar exames como endoscopia ou pHmetria.
O tratamento envolve, principalmente, mudanças de hábitos. Entre as principais medidas estão:
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Evitar deitar logo após comer (aguardar pelo menos 2 horas)
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Reduzir alimentos que favorecem o refluxo: café, álcool, frituras, chocolate, refrigerantes, alimentos ácidos e refeições muito volumosas
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Elevar a cabeceira da cama
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Emagrecer, se houver sobrepeso
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Uso de medicamentos sob orientação médica, como inibidores de ácido (omeprazol, pantoprazol)
Ignorar o refluxo pode levar a complicações como laringites crônicas, nódulos nas cordas vocais, perda de qualidade vocal e, em casos extremos, alterações na mucosa do esôfago. Por isso, se você apresenta esses sintomas com frequência, procure um médico. O otorrino pode fazer a avaliação e indicar a conduta mais adequada.