As últimas semanas trouxeram muitas novidades sobre as infecções respiratórias. No momento, estamos com alto contágio pela variante Omicron, da Covid-19, e a cada hora mudam as orientações.
Para facilitar um pouco, falo sobre as últimas ‘novidades’ que tivemos com esta onda e sobre as dúvidas mais frequentes que recebi dos pacientes neste período. Confira!
Por que tivemos esse aumento de casos de Covid desde o final de dezembro?
O aumento de casos ocorreu porque a variante Omicron, predominante no momento, é aparentemente mais transmissível que as anteriores. Além disso, estudos apontam o início da transmissão em média dois dias antes do aparecimento do primeiro sintoma. Assim, muitos assintomáticos podem transmitir a doença sem saber. Quando consideramos o momento de maior contato com festas de fim de ano e férias, o contágio aumentou.
A Omicron é mais “fraca” do que a primeira variante?
Em decorrência da redução de internações e casos graves (que necessitaram de internação no hospital e UTI) quando comparada as variantes anteriores, ela pode dar a impressão de mais branda. Não se pode afirmar ao certo se a redução de casos mais graves se deve a uma variante mais moderada ou a ampliação da cobertura vacinal. A vacina, mesmo que não cubra totalmente, confere certa proteção imunológica.
Quando fazer o teste se tiver contato com alguém contaminado?
Em pessoas assintomáticas e que tenham tido exposição conhecida ao Sars- cov 2, o teste deve ser feito em cinco a sete dias após o contato. Se estiver negativo, deve ser repetido em 48 horas para reduzir as chances de falso negativo. Neste período, recomenda-se que a pessoa permaneça em quarentena.
Por que os testes podem dar falso negativo?
Há algumas considerações em relação aos ‘falsos’ resultados. Primeiro: todo resultado de exame deve ser interpretado e correlacionado a sintomas e dados clínicos antes de ser considerado ou descartado.
Outro ponto importante é que testes realizados em pessoas assintomáticas tem menor sensibilidade, ou seja, podem dar falso negativo com mais frequência. Além disso, o teste dar positivo/ negativo depende também do tipo de teste feito, do momento da doença em que é coletado, da técnica utilizada para coleta e da qualidade do teste.
O que significa o teste positivo em alguém sem sintomas?
Frente um teste positivo em alguém sem sintomas podemos ter uma pessoa que está no período de incubação (tem o vírus e o sintoma ainda não apareceu) ou a pessoa que será assintomático e não terá os sintomas. Em ambas situações deve-se realizar quarentena.
Quanto tempo de quarentena é necessário no momento?
A quarentena depende da presença, ausência ou persistência dos sintomas. No começo da pandemia, o período de quarentena era de 14 dias. No momento, esse tempo foi reduzido para 10 dias, com a condição de que no nono dia não haja febre, nenhum sintoma respiratório e sem uso de medicações. Se isto ocorrer, a quarentena acabou sem necessidade de realizar o teste.
Há algumas sugestões para um período ainda menor. A quarentena pode ser de sete dias apenas, caso um dia antes (sexto dia de doença) o paciente não apresentar nenhum sintoma (não há febre, não há nenhum sintoma respiratório e não houver uso de antitérmicos). Neste caso, não há necessidade de realizar teste para sair da quarentena.
Se no sétimo dia da doença ainda houver qualquer sintoma, mesmo que uma tosse leve, a quarentena deve ser mantida até o décimo dia.
Foi ainda orientada a possibilidade de quarentena de 5 dias para alguns casos. Para isso, as mesmas condições acima também devem ser observadas (sem sintoma, sem febre e sem necessidade de medicações até 24 horas antes). Porém, neste caso é necessário realizar o teste para sair da quarentena. Mas se o teste vier positivo, o isolamento deve ser mantido até o décimo dia, mesmo que não haja sintomas.
Fiquem atentos! E façam a quarentena, mesmo que apresentem sintomas leves. Isso reduzirá a transmissão da doença. Até a próxima!
DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves