Nesta semana, falo sobre um tipo de infecção muito frequente: a otite. Ela é uma das infecções mais comuns na infância, especialmente nos primeiros anos de vida. Se seu bebê anda mais irritado, tem dificuldade para dormir e leva a mão ao ouvido com frequência, vale a pena considerar essa possibilidade.
Neste texto, explico o que é a otite, por que ela é mais comum em bebês, quais os sinais de alerta, como é feito o tratamento — com ou sem antibiótico — e como os pais podem ajudar na prevenção e no acompanhamento adequado. Como sempre, vamos por etapas!
O que é otite?
Otite é uma inflamação ou infecção do ouvido. Existem diferentes tipos, mas a otite média aguda é a mais comum em crianças pequenas. Ela ocorre quando a tuba auditiva (canal que liga o ouvido à garganta) fica obstruída, permitindo o acúmulo de secreção e a proliferação de vírus ou bactérias.
Por que bebês têm mais otite?
Algumas características anatômicas e imunológicas favorecem o aparecimento da otite nessa faixa etária:
- A tuba auditiva é mais curta e horizontal, facilitando a entrada de secreções da garganta para o ouvido;
- O sistema imunológico ainda está em desenvolvimento;
- Bebês passam muito tempo deitados, o que pode favorecer o refluxo de secreções para os ouvidos;
- O uso de mamadeira na posição horizontal aumenta o risco;
- Gripes, resfriados e alergias respiratórias são muito frequentes nessa fase.
Quais são os sintomas de otite em bebês?
Nem sempre o bebê consegue demonstrar dor no ouvido, mas alguns sinais podem chamar a atenção:
- Irritabilidade e choro inconsolável, principalmente à noite;
- Febre, geralmente entre 38 °C e 39 °C;
- Dificuldade para mamar ou recusa alimentar;
- Sono agitado ou despertares frequentes;
- Levar a mão com frequência ao ouvido;
- Saída de secreção pelo ouvido (em alguns casos, indicando perfuração do tímpano);
- Em bebês maiores, diminuição da atenção a sons ou menor resposta ao chamado.
Esses sinais devem ser sempre avaliados por um médico, especialmente quando ocorrem após um resfriado.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da otite é feito por meio de um exame clínico com otoscópio, aparelho que permite visualizar o tímpano. O médico avalia sinais de inflamação, presença de secreção e, se necessário, solicita exames complementares.
O tratamento é sempre com antibiótico?
Nem sempre. Muitos casos de otite são causados por vírus ou se resolvem sozinhos, principalmente em crianças maiores de 2 anos, com sintomas leves e infecções de um lado só. O que pode ser feito sem antibiótico:
- Analgésicos e antitérmicos (como paracetamol ou ibuprofeno) para aliviar dor e febre;
- Hidratação oral adequada;
- Acompanhamento médico em 48 a 72 horas para verificar se houve melhora;
- Compressas mornas no ouvido para alívio dos sintomas (com orientação médica).
Essa abordagem é segura e eficaz em muitos casos. A decisão sobre o uso de antibióticos deve ser individualizada, conforme a idade da criança, a intensidade dos sintomas e a avaliação clínica.
Quando o antibiótico é indicado?
O uso de antibiótico pode ser necessário quando:
- A dor é intensa ou persistente;
- Há febre alta por mais de 48 horas;
- O bebê tem menos de 6 meses;
- Há secreção saindo do ouvido (supuração);
- O quadro se repete com frequência ou não melhora com as medidas iniciais.
O tratamento deve ser sempre orientado por um pediatra ou otorrinolaringologista. E o uso correto da medicação é essencial para evitar complicações.
A otite pode voltar?
Sim. Alguns bebês são mais propensos a desenvolver otites de repetição — quando ocorrem 3 ou mais episódios em 6 meses, ou 4 em 1 ano. Nesses casos, é importante:
- Investigar alergias respiratórias ou hipertrofia de adenoide;
- Avaliar a necessidade de colocação de dreno no ouvido (tubo de ventilação);
- Acompanhar a audição, pois o acúmulo de secreção pode prejudicar o desenvolvimento da fala.
Como prevenir a otite em bebês?
Algumas medidas simples ajudam a reduzir o risco:
- Amamentação no peito, que fortalece a imunidade e reduz infecções;
- Evitar mamadeira deitada;
- Tratar rapidamente gripes, resfriados e alergias;
- Não expor o bebê à fumaça de cigarro;
- Evitar contato com outras crianças doentes, especialmente em creches;
- Manter a vacinação em dia, especialmente contra pneumococo e gripe.
Seu bebê teve otite recentemente ou com frequência? Procure um otorrinolaringologista para uma avaliação segura e um plano de cuidado individualizado.