A dor de garganta costuma ser bastante incômoda e, infelizmente, entramos na estação do ano com mais mudanças de temperatura. E esse esquenta e esfria em excesso é ótimo para inflamar a garganta, assunto que escolhi para a coluna dessa semana.
Faringe é o nome científico da parte superior da garganta, que conecta o nariz e a boca à laringe e ao esôfago. É nela que também estão contidas as amígdalas. Assim, uma dor de garganta pode ser uma faringite, quando atinge toda a garganta (também chamada de faringoamigdalite), ou uma amigdalite, quando atinge apenas as amígdalas.
O QUE CAUSA A FARINGITE?
São diversas causas entre infecciosas, inflamatórias e alérgicas. Vamos começar com as infecciosas, que são as mais frequentes. Podem ser causadas por vírus ou bactérias. No caso dos vírus, todos os que causam gripes e resfriados podem causar dor de garganta, assim como uma faringite. Além deles existem alguns vírus que causam faringoamigdalite, como a mononucleose. Já entre as bactérias o Streptococcus pyogenes, mais conhecido como estreptococo do grupo A, é o principal agente.
A faringite também pode surgir em pessoas com doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), a exemplo da gonorreia e herpes. Outros fatores como alergias, clima seco, poluição e até problemas mais graves, como tumores e infecção por HIV, também podem levar a um quadro de faringite.
No caso de alergias a inalantes como a pó, ácaros e animais de estimação pode ocorrer sintomas de rinite. Nas crises de alergia, além dos sintomas nasais, a garganta pode ser afetada e ocorrer irritação ou coceira, o que chamamos de faringite alérgica. Entre as causas inflamatórias temos o clima seco, poluição e tabagismo, por exemplo. O cigarro ou apenas a exposição à fumaça pode causar irritação na garganta e desencadear faringite.
MAS QUAL A DIFERENÇA ENTRE INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO?
Basicamente na inflamação não há agente infeccioso como vírus ou bactérias. Para saber diferenciar uma dor de garganta causada por inflamação daquela ligada a infecção é preciso se atentar aos sintomas. Entenda a seguir:
Na Inflamação, ocorre:
- calor local;
- vermelhidão (rubor);
- inchaço;
- dor ao toque.
Na Infecção, ocorre:
- febre;
- dor local;
- dor muscular;
- tosse;
- formação de pus;
- cansaço.
No entanto, preste atenção: quando há uma infecção, também existe uma inflamação. Nem toda inflamação, porém, tem infecção! E esta diferença leva a um tratamento diferente para cada uma delas.
SE TEM “ITE” DÓI?
Normalmente, sim! O termo “ites” significa inflamação. E o que que está inflamado no nosso corpo geralmente dói, fica vermelho, incha e pode gerar febre. Os principais sintomas da faringite são dor, irritação, coceira e desconforto na região da garganta. Mas outros sintomas como dificuldade para engolir ou falar, garganta seca e voz abafada podem entrar na lista.
QUANDO PROCURAR UM MÉDICO?
Alguns sinais e sintomas sugerem que a infecção pode ser mais grave e necessita de avaliação médica. Fique atento para a presença de:
- Dores de garganta fortes e persistentes, por mais de uma semana;
- Dificuldades para respirar, engolir e para abrir a boca;
- Dor de ouvido;
- Febre alta;
- Dor de garganta recorrente;
- Nódulos ou inchaço no pescoço.
O QUE FAZER PARA ALIVIAR A DOR DE GARGANTA?
Veja o que você pode fazer para sofrer menos com a dorzinha chata de garganta:
- Descanse: durma bastante e poupe sua voz. Não há corpo que se recupere bem quando abusamos.
- Beba muito líquido: você precisa manter sua garganta molhada para evitar desidratação e atenuar o desconforto causado pela faringite. Além disso, uma boa hidratação ajuda a prevenir que ela ocorra!
- Prefira os quentinhos: o calor ajuda a melhorar a dor.
- Evite o ar seco: o ar seco irrita a garganta e pode aumentar a dor
- Livre-se do cigarro.
- Medicamentos Caseiros: o mel, própolis e gengibre possuem evidências científicas no tratamento e na prevenção de infecções de garganta.
- Procure seu médico se os sintomas persistirem ou se agravarem.
*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves