A perda auditiva induzida por fones de ouvido com volume elevado virou sim questão de saúde pública! Basta observar a quantidade de pessoas com fones nos ouvidos conectados aos telefones celulares nos pontos de ônibus, saída de escolas e por aí vai.
O uso de fones com volume elevado está associado a perda auditiva recentemente chamada de perda auditiva induzida por música. Inclusive, com exceção da perda auditiva por idade, a perda auditiva induzida por ruído é a causa mais frequente de surdez.
TIPOS DE PERDA AUDITIVA POR EXPOSIÇÃO EXCESSIVA A SONS
A exposição excessiva a sons elevados causa dois tipos de perda auditiva: temporária ou permanente. O que determina isso é uma combinação do volume com tempo de exposição. Estudos recentes indicam que adultos expostos a sons elevados, incluindo música, por um período prolongado estão em risco para este tipo de perda auditiva.
A temporária é aquela em que, após uma festa ou show há sensação de ouvido tapado e zumbido que some após algumas horas. Já na permanente, não há esta recuperação e a lesão auditiva é definitiva. Quanto maior a intensidade do som, menor o tempo de exposição possível sem lesão do sistema auditivo.
Até 80- 85 decibéis o ouvido não sofre, porém ruídos acima causam lesões. O fone de ouvido por exemplo tem som em torno de 70 a 100 decibéis, discotecas em torno de 85 a 115 decibéis e sirenes de aviso entre 90 a 120 decibéis. Sons acima de 120 decibéis ocorrem por exemplo em buzinas, aviões decolando e explosões.
Os fatores que determinam a possibilidade de perda auditiva são: tempo de exposição e intensidade do som. Porém é importante lembrar que, a intensidade de ruído recebido no dia a dia em outras atividades também impacta essa equação.
TEM UM TIPO DE FONE MELHOR OU PIOR?
Quando consideramos os fones, sabemos que eles entregam um som diretamente ao ouvido e muitas vezes o volume é elevado em decorrência da presença de ruído externo. Um exemplo é ouvir música e caminhar na rua, onde há poluição sonora (ruído de trânsito, construção, etc). Para ouvir a música o volume é elevado acima do som externo, o que significa que pode chegar a um volume acima de 80 decibéis.
Fones com cancelamento de ruído permitem que a música seja ouvida em volume mais baixo. O cancelamento de ruído (noite cancelling) é um mecanismo eletrônico capaz de anular os ruídos externos. Com um bloqueio efetivo dos sons do ambiente, o usuário é levado a aumentar menos o volume.
No mercado temos 4 tipos de fone de ouvido.
1. Circumaurais: São os maiores. Cobrem toda a orelha e se apoiam ao redor da mesma. São os que possuem a melhor qualidade de som, principalmente de graves. Ao vedarem fisicamente o pavilhão auricular do meio externo, oferecem um bloqueio físico à captura dos ruídos externos pela nossa audição, oferecendo condições para se aumentar menos o volume.
2. Supra-auriculares: Também são grandes, mas ao invés de envolverem as orelhas, se colocam sobre/ em cima das mesmas. Assim, seu bloqueio físico aos sons ambientes não é tão bom.
3. Auriculares: São bastante comuns e se encaixam próximo a entrada do canal auditivo, sem vedá-lo. São os fones rígidos, e não vedam fisicamente a entrada de som.
4. Intra-auriculares: São os menores e se encaixam dentro do conduto auditivo. Tem olivas macias ( “borrachinha” no fone), geralmente feitas de silicone, que se adaptam à orelha. Fornecem boa vedação para os sons ambientes.
Enfim, concluímos que os melhores modelos de fone de ouvido para quem deseja preservar a audição são os circumaurais e intra-auriculares com cancelamento ativo de ruído externo.
VALE LEMBRAR…
Algumas medidas da atual legislação já protegem os ouvidos, mas não totalmente. Já temos limitadores de volume em celulares em até 100 decibéis, mas é necessário alertar sobre o tempo máximo de exposição: a utilização por mais de 2 horas por dia a 90 decibéis é perigoso para a audição!
Em ambientes como bares e discotecas a limitação do nível sonoro é de 105 decibéis, o que protege certamente os vizinhos, mas é necessário esclarecer que os clientes não se devem expor mais de 30 minutos a uma intensidade de 100 decibéis! No que se refere aos DJs, estes começam a estar conscientes destes riscos: reparem como muitos já protegem os seus ouvidos.
*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves