“Amamentar é um ato de resistência.” Já ouviu esta frase? Por mais que a mulher se prepare com cursos, livros, exercícios físicos e boa alimentação, além de assistir a vídeos, filmes e séries, sempre cercada de profissionais qualificados, a realidade é que nunca estamos preparadas para o aleitamento materno, até que o colostro desça e o bebê engate, de fato, no processo de amamentação.
É tempo, doação, cuidado, hormônios, atenção, cansaço, hidratação, boa pega, apoio, muito apoio, acolhimento social, assistência médica, resiliência, fé. Ou seja, um combo de atitudes, sentimentos e informações, que envolvem não apenas a mãe e o bebê, mas toda a comunidade no exercício de incentivar o aleitamento materno, não somente como ato de nutrição e amor, mas como ato político e de saúde pública.
E é por tudo isso, que hoje a coluna traz um guia de informações para compartilhar não apenas com gestantes e recém-mamães, mas também com os pais, com a rede de apoio e com toda a sociedade. Afinal, somos mamíferos e a amamentação está na nossa natureza mais profunda, e, portanto, todos precisam se envolver, coletivamente, no apoio às lactantes, onde, quando e como for necessário para que o aleitamento aconteça em livre demanda.
É NECESSÁRIO LEMBRAR SEMPRE
Durante essa semana entre 1 e 7 de agosto, acontece a Semana do Aleitamento Materno, que tem como objetivo incentivar e orientar as pessoas sobre a importância da amamentação para o desenvolvimento dos bebês e crianças pequenas – há estudos, inclusive, que mostram que o leite materno não é fundamental apenas para os pequenos, mas que seu consumo na infância vai refletir no futuro, quando se tornarem adultos mais saudáveis.
Segundo Alfredo Löhr Junior, chefe do Serviço de Neurologia do Pequeno Príncipe, maior hospital exclusivamente pediátrico do país, o leite materno aumenta o QI (quociente de inteligência) no período escolar e melhora o comportamento adaptativo, sendo o conjunto de habilidades sociais, práticas e conceituais que são aprendidas e executadas em atividades diárias. Löhr Junior destaca, ainda, que estudos recentes na literatura médica revelaram que o ácido araquidônico e as gorduras de cadeia poli-insaturada, encontrados no leite materno, são responsáveis pelo aumento da substância branca e da massa cinzenta do cérebro.
Juntas, elas compõem o sistema nervoso central, que atua na percepção e funcionamento do corpo na realização de atividades como raciocínio, memória e locomoção – a massa cinzenta é responsável pela inteligência, processamento de linguagem, personalidade e função motora; já a substância branca está relacionada com o aprendizado e as funções cerebrais, além da coordenação da comunicação entre as diferentes áreas da massa cinzenta. “Esse aumento do QI e no desenvolvimento da linguagem é verificado, principalmente, em crianças que receberam aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida”, detalha o neurologista.
E não é apenas o cérebro que é beneficiado com a amamentação. Tulio Konstantyner, pediatra e Coordenador Científico da Força-tarefa Nutrição da Criança do International Life Sciences Institute (Ilsi) Brasil, organização mundial sem fins lucrativos que visa estimular a discussão e aplicação da ciência na melhoria da saúde e do bem-estar público, explica que por meio do leite materno, o bebê recebe os anticorpos da mãe, que vão protege-lo contra doenças como diarreia e infecções, principalmente as respiratórias. “O risco de asma, diabetes e obesidade também se torna menor em crianças amamentadas, mesmo depois que elas param de mamar.
A amamentação é, ainda, um excelente exercício para o desenvolvimento da face da criança, ajudando para que ela tenha dentes fortes, desenvolva a fala e tenha uma boa respiração”, diz. E continua: “E os benefícios não ‘param’ apenas nos filhos. A mãe também se beneficia por amamentar, já que este promove menos incidência de hemorragia pós parto, possibilita o espaçamento das gestações, e ainda reduz o risco de câncer de mama”.
Outra questão importante que é preciso ser falada sempre – e enfatizada – é sobre as redes de apoio. Maria da Nova Raris, Clínica Geral, pontua que a rede de apoio é fundamental nesse momento. “Para dividir suas frustrações, sua dor física, pedir ajuda. No início, o bebé ainda não tem uma rotina, tudo é uma surpresa, e muitas vezes ainda temos que lidar com a dor da cesárea, a privação do sono nos deixa sensível, muitas vezes irritadas. E aí vem a culpa. Converse, divida, chore, tente dormir e não se cobre tanto”, sugere. E ela está certa.
Amanda Cardoso, mãe de Tiago, de 5 anos, conta como a ajuda da mãe e de outras mulheres foi essencial nessa fase. “Tive apoio da minha mãe, que me acompanhava em reuniões de trabalho nos primeiros meses, possibilitando que eu amamentasse nos intervalos. Tive apoio das minhas clientes mulheres que estimulavam que eu levasse meu filho e investisse no nosso tempo juntos. E esse suporte e estímulo fez toda a diferença no processo, porque, como dizem, precisamos de uma aldeia na criação dos filhos e que a sociedade dê suporte de verdade para esse momento tão essencial na vida da mãe e do bebê”, conta Amanda.
Aliás, é preciso atenção também a outro tema bastante recorrente: a mudança do papel dessa mulher na sociedade. Myriam Albers, psicóloga da Clínica Maia, diz que embora seja um tempo prazeroso e todo especial, a maternidade (e consequentemente, a amamentação) pode vir acompanhada também de inseguranças e uma cobrança significativa, tanto da família quanto da sociedade. Quando o bebê nasce, toda a preocupação antes dispensada à mulher segue projetada para o filho e, com isso, surgem sentimentos de vazio, as vezes de culpa, de impotência, de ser esquecida, de não ser mais importante para quem a cerca.
“Não raro, a mulher também é cobrada e, por vezes criticada, quanto à amamentação. E tudo isso pode gerar várias alterações emocionais. Então, muitas vezes, antes mesmo da chegada do bebê, é necessário buscar ajuda para se preparar para essa nova fase”, pontua. Já sobre a amamentação, especificamente, Myriam esclarece que amamentar significa renunciar a um tempo significativo em prol do filho e, em vários casos, pode envolver uma série de dificuldades, além da exaustão. “Portanto, ainda durante a gravidez, é fundamental que a mulher já trabalhe as emoções, avalie seu papel e a sua expectativa sobre a maternidade, através da ajuda de psicólogos e de grupos de auxílio a gestantes”, recomenda a especialista.
ESCLARECENDO AS DÚVIDAS
Por mais que o assunto seja amplamente divulgado, vira e mexe algumas questões permanecem para as mães. Por isso, perguntamos a alguns especialistas sobre as dúvidas mais comuns das mulheres para ajudar nesse momento.
– Como se preparar para a amamentação ainda na gestação?
Rossiclei Pinheiro, Presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – O preparo deve ser com o início do pré-natal, entendendo o que é mamogese (aumento das mamas) e lactogenese (fabricacao do leite). Faça uma consulta pediátrica pré-natal e procure informações científicas sobre a hora de ouro (pele a pele na sala de parto) e saiba a importância de manter seu bebê no colo nos primeiros dias de vida (exterogestacao).
Cecília Gama Tartari, Pediatra Neonatologista da Clínica Mantelli – Procurando informações sobre a amamentação, como benefícios e dificuldades, com os médicos obstetra e pediatra; preparando uma rede de apoio; e providenciando utensílios que facilitem a amamentação, como almofada de amamentação, e local confortável para isso.
Virginia Resende Silva Weffort, Pediatra Nutróloga e membro do International Life Sciences Institute (Ilsi) Brasil – Durante a gestação, é importante a mãe ter uma alimentação saudável, com ingestão de todos nutrientes. Orientar banho de sol nas mamas por 15 minutos, até dez horas da manhã ou após as 16 horas. Evitar pomadas e cremes nos mamilos, pode passar nas mamas para evitar estrias. Lavar os seios apenas com água e evitar produtos de higiene em geral.
– Há utensílios que ajudam? Concha, almofada, pomadas, atrito no mamilo? O que é bom de fato e o que é mito?
Rossiclei Pinheiro, Presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – O uso de acessórios na amamentação deve sempre ser orientado por um profissional, pois o efeito pode ser inadvertido e piorar as fissuras e ingurgitamentos mamários. Atualmente, existem dezenas de itens disponíveis no mercado, mas todos com indicação específica. Nenhum item substitui uma boa orientação com relação a pega correta no seio materno. Vamos investir em horários de descanso e uma boa rede de apoio para o sucesso da amamentação.
Maria da Nova Raris, Clínica Geral – Existem bicos de silicone que ajudam quando a mãe está com feridas, porém, o uso deve ser descontinuado o mais rápido possível para que o bebê se adapte a pega no seio. Além disso, o bico protege a pele, não permitindo que se torne mais resistente. Não existe uma almofada específica, um travesseiro mais firme pode cumprir esse papel, mantendo o bebê numa altura mais adequada e a mãe mais confortável durante toda a mamada, sem precisar que ela o segure por todo tempo ou se curve muito, o que poderia levar às dores nas costas. Não se deve usar loção hidratante no local e lavar apenas com água para a pele ficar resistente.
– O que pode prejudicar o seio materno?
Rossiclei Pinheiro, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – Evite uso de sutiã apertado e com aros de metal. As mamas devem ficar sustentadas com apoio de roupas bem confortáveis e sutiãs com alças largas. Evite o uso de absorventes de pano ou gel nas mamas, porque a umidade pode aumentar a contaminação com fungo. Pode usar um descartável nas saídas de casa. Evite o uso de conchas de silicone durante longos períodos e nunca dormindo, porque podem aumentar o ingurgitamento mamário. Em caso de mastite, procure assistência médica e evite automedicação.
Cecília Gama Tartari, Pediatra Neonatologista da Clínica Mantelli – Qualquer coisa que deixe o seio abafado vai prejudicar. Após a apojadura, é necessário fazer massagem na mama e, às vezes, ordenhar. Caso contrário, pode prejudicar a saída do leite e causar infecção na mama, a chamada de mastite.
Maria da Nova Raris, Clínica Geral – Não lave com sabão, use apenas água . Não devemos usar óleos ou hidratantes, pois isso faz com que a pele fique mais fina, hidratada e menos resistente, o que facilita o surgimento de fissuras.
Virginia Resende Silva Weffort, Pediatra Nutróloga e membro do International Life Sciences Institute (Ilsi) Brasil – Não se deve esfregar os mamilos, passar sabão sempre que amamentar, usar protetores que deixam a mama úmida e pode favorecer o aparecimento de monilíase e rachaduras.
– Pomadas de lanolina ajudam?
Rossiclei Pinheiro, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – A pega ao seio correta é a melhor forma de prevenir fissuras mamárias. Se for necessário algum produto, deve ser orientado pelo profissional de saúde e por curto tempo.
Maria da Nova Raris, Clínica Geral – A pomada de lanolina não deve ser usada rotineiramente; devemos usar somente quando há uma ferida. Mesmo assim, a aplicação deve ser feita apenas no local lesionado e não em toda mama, pois isso leva o bebê a escorregar a pega e não conseguir manter os lábios na posição correta, o que consiste na principal medida de prevenção.
– Laser ajuda? De que forma?
Rossiclei Pinheiro, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – A laserterapia tem sido utilizada em muitas situações para acelerar a cicatrização e no caso das fissuras mamárias pode ser coadjuvante após corrigir a pega ao seio ou até frenotomia (nos bebês com freio curto que interfiram na amamentação). Não existem evidências científicas robustas sobre prevenção de fissuras com laser e nem tratamento isolado.
– Consultora de amamentação é importante? Por quê? Como escolher? O que perguntar?
Maria da Nova Raris, Clínica Geral – Sem dúvida. O fracasso da amamentação é algo muito comum entre nós, mulheres, pois a nossa cultura romantiza o processo, fazendo com que as mães pensem que faz parte do nosso instinto maternal e que isso acontece automaticamente. Isso não é verdade. A amamentação não é fácil e pode ser tornar muito dolorosa, e requer dedicação e conhecimento. Precisamos parar de nos culpar e achar que as mães devem dominar tudo. Nós precisamos aprender a pedir ajuda e saber que é doloroso para a maioria de nós mulheres. Uma consultora irá nos ensinar a uma “pega” correta, o que é o principal fator estimulador da produção do leite. E mais do que isso, dar suporte emocional. Tire todas as suas dúvidas, não existe dúvida boba, e lembre-se: caso não tenha sucesso, o laço com o bebê não depende disso, mas, sim, do acolhimento, do abraço e do olho no olho.
Cecília Gama Tartari, Pediatra Neonatologista da Clínica Mantelli – Consultoras de amamentação são muito importantes, porque elas auxiliam na pega, sucção e posição. Deve-se escolher uma consultora com experiência e boa formação. É importante que a consultora vá na casa da mãe que está amamentando para fazer a avaliação no ambiente de casa, no local onde ela está amamentando. – Rede de apoio é importante? Por quê?
Rossiclei Pinheiro, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – A rede de apoio vai garantir às mães e famílias mais incentivo à amamentação. A mãe cansada desencadeia diminuição de ocitocina (hormônio que faz excreção do leite) e consequentemente o bebê vai ficar mais irritado e sugar de forma inadequada e aparece mais choro. A mãe desmotivada vai correr mais risco de oferecer fórmulas infantis. Se a mãe tiver outros filhos, devemos ajudar nos cuidados (comida, escola, deveres escolares e até brincar). A família é fundamental neste processo. Pai não ajuda, pai compartilha a amamentação. O Pediatra precisa praticar a escuta fácil e ouvir as mães sem julgamentos, procurando entender as dificuldades. A comunidade precisa saber todas as vantagens do aleitamento materno para mães e bebês a fim de diminuir interferências nas práticas saudáveis. É um trabalho de equipe.
Maria da Nova Raris, Clínica Geral – A rede de apoio é fundamental nesse momento, seja para dividir suas frustrações, sua dor física ou pedir ajuda. No início, o bebê ainda não tem uma rotina, tudo é uma surpresa e muitas vezes ainda temos que lidar com a dor da cesárea, a privação do sono nos deixa sensível, muitas vezes irritadas, e aí vem a culpa. Converse, dívida, chore, tente dormir e não se cobre tanto.
Cecília Gama Tartari, Pediatra Neonatologista da Clínica Mantelli – A rede de apoio é importante na amamentação para acolher a mãe em momentos que ela tenha dificuldade na amamentação, encorajando-a a manter a amamentação, dando apoio emocional, solidarizando com os desconfortos que possam aparecer, auxiliando na preparação de alimentação saudável, oferta de água, ajudando, oferecendo para ficar com o bebê enquanto ela descansa um pouco, colocando o bebê para arrotar após a amamentação.
– Bomba de extração. Qual o melhor tipo?
Rossiclei Pinheiro, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – A melhor forma de extrair o leite materno é com as próprias mãos, pois a mãe controla a pressão e frequência mas se ela optar por uma bomba precisa da orientação de um profissional de saúde para evitar o uso de forma inadequada. Além disso, a higienização deve ser rigorosa.
Maria da Nova Raris, Clínica Geral – Não existe melhor tipo. Quem dirá será a mãe, de acordo com a sua tolerância e conveniência. Hoje temos as elétricas, que são mais rápidas, porém, custam mais caro. E, sim, o processo de sucção estimula a liberação de ocitocina, hormônio estimulador de produção de leite. A bomba se torna necessária quando a mama não foi completamente esvaziada durante a última mamada e/ou para aquelas que trabalham fora ou que tiveram que se afastar de seus filhos por algum motivo, levando as mamas a ficarem ingurgitadas e doloridas. A retirada do leite devido ao movimento de sucção, faz com que sejam liberados hormônios estimuladores de produção e ejeção do leite.
Cecília Gama Tartari, Pediatra Neonatologista da Clínica Mantelli – Existem bombas de extração de leite manuais, elétricas, e também podem fazer extração manual. As bombas elétricas têm velocidades e pressões controladas. A escolha varia de acordo com a adaptação da mãe. Lembrando que as bombas estimulam a produção de leite, então, cuidado com o seu uso no momento da apojadura. Existem coletores de leite materno, que a mãe pode colocar na outra mama enquanto o bebê estiver mamando, pois quando o bebê mama o seio, o outro seio é estimulado também, e, assim, o coletor pode fazer uma extração de leite apenas por exercer uma pressão na mama, dessa forma pode ser coletado o leite.
Virginia Resende Silva Weffort, Pediatra Nutróloga e membro do International Life Sciences Institute (Ilsi) Brasil – Para tirar o excesso de leite, evitando o ingurgitamento e a mastite, pode-se usar as bombas automáticas, que não cansam a mãe, com material de sucção de silicone, com tamanho adequado à mama.
– O que ajuda a aumentar leite? O que atrapalha? Que dicas para melhorar?
Rossiclei Pinheiro, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – A melhor forma de aumentar a produção láctea e oferecer o seio com mais frequência com pega adequada. Quanto mais o bebê mama, mais leite é fabricado. Se for diagnosticado hipogalactia (deficiência na produção de leite), isso é muito raro, pode ser necessário uso de indutores, mas somente com prescrição médica.
Cecília Gama Tartari, Pediatra Neonatologista da Clínica Mantelli – Para aumentar a produção de leite materno, a ingestão de água é essencial. O que ajuda também é o descanso, a redução de tensões e estresse, além de uma alimentação saudável. Existem alguns medicamentos fitoterápicos que ajudam a estimular a produção de leite, mas devem ser prescritos por médicos ou nutricionistas. E o que atrapalha a produção de leite é também o cansaço extremo, as tensões e o estresse, muito comum no início da amamentação. Por isso é importante a rede de apoio. Para melhorar, tenha uma alimentação saudável, beba bastante água, chás de erva doce e camomila, e aproveite os momentos de sono do bebê para descansar.
– Existe leite fraco? De que forma os preconceitos e pensamentos errados prejudicam a amamentação?
Rossiclei Pinheiro, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – O leite materno é a melhor forma de alimentação para bebês, pois tem a quantidade ideal de nutrientes e rico em anticorpos. Um dos mitos seria o leite fraco, pois a digestão é rápida e logo o bebê quer mamar novamente. Lembramos que o bebê não quer sugar o seio somente por fome, as vezes quer ficar perto da mãe. A melhor forma de avaliar se o bebê está bem alimentado é acompanhando com o pediatra se a pega está adequada e o crescimento e desenvolvimento estão dentro do esperado. Mãe ansiosa diminui a liberação de leite e pode causar ingurgitamento mamário e isso pode gerar mais dor e ansiedade.
– Como é a pega adequada?
Rossiclei Pinheiro, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – Mãe em posição confortável. Bebê virado para a mãe, barriga com barriga, alinhados. A boca deve pegar toda aréola mamária (a parte de cima mais visível). Na hora de sugar, a bochecha não deve fazer covinhas e a sucção deve ser feita com a mandíbula de forma silenciosa. Importante que na pega correta a mãe não deve sentir dor (se tiver fissuras pode doer). Esse é fora de segredo para o sucesso da amamentação.
– Amamentar dói?
Erica Mantelli, Ginecologista, Obstetra e Especialista em saúde sexual da Clínica Mantelli – Segurando o bebê do jeito certo, a amamentação não deve doer e, ao contrário, deve ser um momento prazeroso de interação com o bebê. Algumas mulheres podem ser mais sensíveis e sofrer com a mama inchada nessa fase. Se houver muito desconforto na hora da mamada, é importante procurar um ginecologista para verificar se há sinais de infecção.
– Quem tem silicone pode amamentar?
Hugo Sabath, cirurgião plástico da Clínica Sabath – Na maioria dos casos, o silicone não causa problema, nem impede a amamentação porque não costuma alterar a estrutura da mama, apenas o tamanho e o formato. Isso, no entanto, se a prótese foi colocada pela base da mama ou pela axila. Se ela for colocada pelas aréolas, os ductos mamários (canais que levam o leite das glândulas até o mamilo) podem ser atingidos. A cicatriz formada ao longo do trajeto para colocação da prótese, atravessa a glândula mamária, alterando a continuidade dos ductos. Isso quer dizer que não afeta a produção de leite, mas a passagem dele das glândulas para o mamilo.
– Pode congelar o leite?
Erica Mantelli, Ginecologista, Obstetra e Especialista em saúde sexual da Clínica Mantelli – Ao contrário do que muitas mulheres pensam, o leite pode ser congelado. Ele deve ser retirado e imediatamente armazenado em recipiente estéril no congelador ou freezer por até 15 dias. Na geladeira, o leite pode ser conservado por até 12 horas.
– Até quando amamentar?
Erica Mantelli, Ginecologista, Obstetra e Especialista em saúde sexual da Clínica Mantelli – O ideal é que a amamentação seja o único alimento da criança até os seis meses e, depois, passe a mamar esporadicamente até os dois anos. A partir do sexto mês, a mãe deve começar a revezar as mamadas com alimentos e líquidos.
EM TEMPO: AÇÕES DE ESTÍMULO AO ALEITAMENTO MATERNO NO AGOSTO DOURADO
A SBP preparou uma série de atividades em alusão ao Agosto Dourado. A campanha anual visa informar mães, pediatras e todos os brasileiros sobre a importância de se fortalecer a rede de proteção ao aleitamento materno em todo o País. Entre as ações para as famílias, a SBP vai lançar um e-book com as principais perguntas sobre aleitamento materno. No material, os especialistas irão sanar as dúvidas mais frequentes das mães, principalmente as de primeira viagem.
*PRISCILA CORREIA é jornalista, especializada no segmento materno-infantil. Entusiasta do empreendedorismo materno e da parentalidade positiva, é criadora do Aventuras Maternas, com conteúdo sobre educação infantil, responsabilidade social, saúde na infância, entre outros temas. Instagram:@aventurasmaternas