A capacidade das plantas de filtrar poluentes está no processo de fotossíntese e na atividade microbiana nas raízes e no solo. Elas absorvem compostos orgânicos voláteis (COVs) através dos estômatos das folhas, e microrganismos associados às raízes os decompõem, transformando toxinas em nutrientes. O Estudo de Ar Limpo da NASA, publicado nos anos 1980, identificou espécies eficazes contra poluentes comuns em ambientes fechados, como formaldeído (presente em móveis e tecidos) e benzeno (de tintas e plásticos).
Quais são as plantas mais eficazes para purificação do ar interno?
Dentre as espécies validadas, algumas se destacam pela eficiência e adaptabilidade. A Jiboia (Epipremnum aureum) é uma campeã, removendo formaldeído e monóxido de carbono, além de ser extremamente resistente e de crescimento rápido. A Espada-de-São-Jorge (Sansevieria trifasciata) é famosa por liberar oxigênio à noite e tolerar pouca luz e regas irregulares, filtrando benzeno e tricloroetileno.
Outra potência é a Palmeira Ráfis (Rhapis excelsa), excelente para remover amônia, e a Lírio da Paz (Spathiphyllum), que combate múltiplos poluentes e ainda produz belas flores. Para ambientes com boa luz, a Crisântemo (Chrysanthemum morifolium) é uma opção colorida e muito eficaz.

Como escolher o local e o vaso ideal para cada planta?
A luz é o fator mais crítico. Plantas como a Espada-de-São-Jorge e a Jiboia sobrevivem em luz indireta e meia-sombra. Já o Lírio da Paz e o Crisântemo precisam de luz filtrada brilhante, mas sem sol direto forte que queime as folhas. Observe a luminosidade do cômodo por algumas horas antes de posicionar sua planta.
Quanto ao vaso, ele deve ter furos de drenagem no fundo. Esta é uma regra não negociável para evitar o apodrecimento das raízes pelo acúmulo de água. Para a maioria das plantas purificadoras, um vaso de barro (que “respira”) é melhor que um de plástico. O tamanho deve permitir o crescimento das raízes, mas não ser exageradamente grande.
Qual é a rotina de cuidados com água e adubação?
A maior assassina de plantas de interior é o excesso de água. A regra geral é regar apenas quando o solo estiver seco ao toque, aproximadamente 2 a 3 centímetros abaixo da superfície. Para a Espada-de-São-Jorge, espere o solo secar completamente. Para o Lírio da Paz, mantenha o solo ligeiramente úmido, mas nunca encharcado.
A adubação deve ser moderada. Use um adubo líquido balanceado (NPK 10-10-10) diluído na metade da recomendação do rótulo, aplicando a cada 4 a 6 semanas durante a primavera e o verão. No outono e inverno, suspenda a adubação, pois a planta entra em repouso. A limpeza das folhas com um pano úmido regularmente também é crucial, pois remove a poeira que bloqueia a capacidade de fotossíntese e filtragem. Abaixo o post do perfil @_centraldasmudas no Instagram dá algumas dicas extras para a rega de suas plantas.
Quais são os problemas mais comuns e como resolvê-los?
Folhas amarelas geralmente indicam excesso de água ou falta de nutrientes. Folhas com pontas marrons sugerem ar muito seco ou água com muito cloro (deixe a água descansar por 24h antes de regar). A queda de folhas pode ser por falta de luz ou correntes de ar frio.
Para pragas como cochonilhas e ácaros, que podem surgir, isole a planta afetada. Trate com uma solução caseira de água e sabão neutro borrifada nas folhas, ou use óleo de neem, um inseticida natural. A prevenção está em manter a planta saudável, com boa circulação de ar e sem estresse hídrico.
Como maximizar o efeito purificador no ambiente?
A eficácia não é apenas individual, mas cumulativa. Para um efeito perceptível na qualidade do ar, especialistas sugerem pelo menos uma planta de porte médio a grande (em vaso de 20 cm ou mais) a cada 10 metros quadrados. Distribua as plantas por diferentes cômodos, focando em áreas de maior permanência, como quartos e salas.
Combine espécies com habilidades complementares para criar um “sistema de filtragem” diversificado. Lembre-se de que, apesar do benefício, as plantas são um complemento, e não substituem a necessidade de ventilar os ambientes regularmente abrindo janelas para renovar o ar.
O que a botânica moderna nos ensina sobre esse convívio?
O convívio com essas plantas vai além da purificação; é um exercício de atenção e cuidado. Elas nos conectam com a natureza dentro de espaços urbanizados, trazendo benefícios comprovados para o bem-estar mental e a redução do estresse. A botânica moderna reforça que não existem “polegares verdes” inatos, mas sim a observação e a aprendizagem com as necessidades de cada ser vivo.
Cultivar plantas purificadoras é um pequeno ato de ecologia doméstica. Elas transformam um ambiente estático em um sistema mais vivo e saudável. Ao dedicar alguns minutos por semana para observar e cuidar dessas companheiras silenciosas, você não só melhora o ar que respira, mas também cultiva um refúgio de tranquilidade e beleza dentro da sua própria casa.







