O remake da novela Vale Tudo trouxe à tona um debate que muitas mulheres conhecem bem: a dificuldade de equilibrar trabalho e vida pessoal. Na trama, Solange, de ‘Vale Tudo’, interpretada por Alice Wegmann, ocupa um cargo de liderança em uma agência, mas tem dificuldade em delegar tarefas e, com isso, abre mão da própria vida pessoal para dar conta de tudo.
Ainda que seja uma personagem fictícia, Solange representa uma realidade bastante comum. Segundo um estudo global da KPMG, as executivas brasileiras trabalham, em média, 70 horas por semana — somando as atividades profissionais e domésticas. Além disso, em 2024, as mulheres responderam por 63,8% dos afastamentos relacionados a transtornos mentais no Brasil, o que mostra o impacto direto do burnout no público feminino.
Para quem se sente sobrecarregada e quer evitar o adoecimento, a escritora e especialista em carreira Thaís Roque compartilha dicas valiosas. Confira!
Entenda a síndrome de Solange e aprenda a delegar tarefas
Se você se identificou com o comportamento da personagem, é hora de refletir: será que você também está vivendo a síndrome de Solange? De acordo com Thaís, um dos primeiros passos para sair desse ciclo é aprender a delegar.
“Quando se é líder, como a Solange, de ‘Vale Tudo’, é essencial aprender a delegar tarefas. Se você percebe que está muito envolvida em demandas operacionais, é hora de dar autonomia à sua equipe. Isso empodera o time e te libera para focar no estratégico. Nunca subestime a importância de delegar efetivamente”, destaca a especialista.
Portanto, delegar não é sinônimo de incompetência — é, na verdade, um sinal de inteligência emocional e visão de futuro.
Pedir ajuda é sinal de força
Mesmo que você ainda não esteja em um cargo de liderança, é essencial reconhecer que pedir ajuda não diminui o seu valor. “Nos preocupamos muito com o que os outros vão pensar se pedirmos apoio, mas uma pesquisadora da Universidade de Stanford comprovou que a maioria das pessoas gosta de ajudar”, explica Thaís.
Além disso, pedir apoio no momento certo favorece a colaboração, agiliza a solução de problemas e, de quebra, aumenta a produtividade. Portanto, da próxima vez que sentir que está atolada de tarefas, lembre-se: você não precisa carregar tudo sozinha.
Solange ensina: impor limites é essencial
Aceitar fazer tudo sozinha pode gerar a falsa impressão de que as demandas não são urgentes para os outros. Para evitar isso, Thaís Roque aconselha impor limites de maneira firme e respeitosa.
Ela sugere exemplos práticos para alinhar prioridades:
- “Se você quiser que eu faça X, vou ter que pausar a tarefa Y, tudo bem?”
- “Consigo fazer A e B, mas no momento não posso me dedicar à tarefa C. Meu plano é entregar A e B até o dia 15. Me avise se achar que devo priorizar de outra forma.”
- “Quero garantir que estamos alinhados quanto às minhas atividades. Pelo que entendi, as tarefas X e Y são prioridades. Posso pedir que outra pessoa da equipe assuma a tarefa Z?”
Assim, você protege sua saúde mental e mantém a organização da equipe.
A vulnerabilidade também faz parte da jornada
Embora pareça que todas as outras mulheres dão conta de tudo com facilidade, a realidade é outra. “Eu lido diariamente com empreendedoras referência em suas áreas e, acredite, elas também se sentem sobrecarregadas”, diz Thaís.
Aliás, um estudo mostrou que 53% das mulheres em cargos de liderança se sentem sozinhas — e essa solidão tende a crescer conforme avançam na carreira. Por isso, encontrar uma rede de apoio é fundamental. Compartilhar vulnerabilidades, além de humanizar as relações, diminui o fardo que tantas mulheres carregam em silêncio.
O segredo da síndrome de Solange: escute o que faz sentido para você
Apesar de todos os pontos de atenção, é importante lembrar que a personagem Solange também se orgulha do que faz. “Ela não trabalha por obrigação; ela gosta do que faz e não esconde sua ambição”, afirma Thaís Roque.
Por isso, mais do que seguir uma fórmula pronta, é essencial entender qual fase da vida você está vivendo. Em alguns momentos, acelerar será necessário; em outros, diminuir o ritmo será a melhor escolha. “O mais importante é ter clareza sobre o que faz sentido para você e para seu plano de carreira”, conclui a especialista.
Assim como a síndrome de Solange mostra, o equilíbrio não é sobre fazer tudo: é sobre fazer o que realmente importa para você.
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