O trabalho ocupa boa parte da vida adulta e, nos últimos anos, cresceu a busca por algo além da remuneração. Pesquisas mostram que as novas gerações desejam alinhar carreira, valores pessoais e sensação de realização.
O estudo “2025 GenZ and Millennial Survey”, da Deloitte, reforça essa tendência: até 2030, jovens da Geração Z e Millennials devem representar 74% da força de trabalho global e, nesse grupo, 89% dos primeiros e 92% dos segundos afirmam que ter propósito é essencial para se sentirem satisfeitos no que fazem.
Na prática, essa percepção tem influenciado escolhas profissionais, decisões de carreira e até critérios na busca por vagas. Mas o que significa, afinal, trabalhar com propósito?
Segundo Rennan Vilar, diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional, trata-se de algo bem mais concreto do que um ideal abstrato. “Trabalhar com propósito não significa ter um emprego perfeito ou um cargo de prestígio, mas compreender o que te move, reconhecer os valores dos quais você não abre mão e buscar um ambiente que permita colocar isso em prática”, diz.
Como propósito impacta saúde mental e desempenho
A relação entre propósito, bem-estar e produtividade tem sido discutida dentro das empresas, especialmente porque profissionais que encontram sentido no trabalho tendem a relatar menos desgaste emocional. A sensação de desconexão, por outro lado, pode se tornar um peso no dia a dia.
Rennan explica que isso não é apenas uma questão subjetiva. “Quando o trabalho está desconectado do que consideramos importante, surge a sensação de vazio, que impacta a saúde mental e pode até levar ao adoecimento. Já quando o profissional se sente parte de algo significativo, o bem-estar cresce e, naturalmente, a produtividade acompanha”, conta.
Além dos efeitos individuais, equipes que trabalham orientadas por valores claros costumam apresentar maior colaboração e criatividade. “Propósito e resultado não são opostos. Pelo contrário, um trabalho com sentido fortalece tanto o indivíduo quanto a organização”, afirma o executivo.
Como descobrir o que realmente te move
Encontrar propósito não acontece de uma vez. É um processo contínuo de autoconhecimento, principalmente em períodos de mudança ou incerteza. Para quem não sabe por onde começar, Vilar sugere perguntas simples que ajudam a organizar ideias e observar padrões:
- Quais momentos da minha trajetória me trouxeram maior sensação de realização?
- Quais valores considero inegociáveis no ambiente de trabalho?
- Em que tipo de cultura consigo ser mais criativo e produtivo?
- O que me faz sentir que estou contribuindo de forma relevante?
- Em quais projetos sinto energia extra, mesmo nos dias difíceis?
Segundo ele, essa reflexão é essencial. “Essas perguntas ajudam a enxergar padrões e a entender quais escolhas fazem sentido. O propósito não surge de fora, mas da clareza que cada profissional desenvolve sobre si mesmo”, explica.
O que as empresas podem fazer nessa jornada
Embora o propósito seja uma construção individual, o espaço onde o profissional atua influencia diretamente essa busca. Para Vilar, cabe às empresas criar ambientes que favoreçam saúde emocional e confiança nas relações. “Lideranças que acolhem, oferecem segurança psicológica e reconhecem o esforço diário ajudam os colaboradores a viver seu propósito dentro do trabalho. Isso fortalece vínculos e traz mais equilíbrio para todos”, diz Rennan.
Ele destaca que a construção de uma cultura coerente é mais importante do que oferecer benefícios pontuais. “Investir em cultura saudável, comunicação transparente e opções de flexibilidade são alguns caminhos para apoiar essa transformação. Não se trata de oferecer benefícios superficiais, mas de construir coerência entre discurso e prática”.
Resumo:
O propósito tem ganhado espaço no mundo do trabalho, principalmente entre jovens que buscam alinhamento entre valores pessoais e carreira. Segundo especialistas, encontrar sentido no que se faz melhora motivação, saúde mental e produtividade. Empresas com culturas acolhedoras e coerentes têm papel fundamental nesse processo.
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