Se há alguns anos as respostas para “o que você quer ser quando crescer?” giravam em torno de médico, professor, advogado ou engenheiro, hoje o cenário mudou. Cada vez mais, adolescentes e jovens adultos dizem que sonham em se tornar influenciadores digitais. Mas, afinal, essa é uma profissão consolidada ou uma tendência passageira?
Reconhecimento oficial da ocupação
Desde fevereiro de 2022, o influenciador digital passou a integrar a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), com o código nº 2.534-10. Isso significa que a função é reconhecida como ocupação profissional, embora ainda não seja regulamentada por lei. Sem regulamentação, não há vínculo empregatício garantido nem regras específicas que definam requisitos mínimos para o exercício da atividade.
Mesmo assim, já existem movimentos para criar sindicatos e associações que representem a categoria, além de discussões sobre uma legislação que traga mais segurança tanto para quem produz conteúdo quanto para as empresas contratantes.
Um mercado em crescimento acelerado
O Brasil é um dos países mais ativos nas redes sociais. Pesquisas mostram que mais de 10 milhões de brasileiros possuem ao menos mil seguidores no Instagram, TikTok ou YouTube. Desse total, cerca de 500 mil contam com mais de 10 mil seguidores.
A popularidade da profissão é tamanha que 75% dos jovens brasileiros afirmam querer se tornar influenciadores, sendo o sucesso financeiro o principal atrativo. Com tanta gente disputando espaço, a profissionalização se torna um diferencial para se destacar.
O que faz um influenciador profissional
De acordo com a CBO, a atuação de um influenciador envolve muito mais do que gravar vídeos ou publicar fotos. Entre as principais atribuições estão:
- Gerenciar redes sociais e criar estratégias de marketing digital
- Produzir e planejar conteúdo
- Monitorar desempenho e engajamento
- Manter relacionamento com seguidores e marcas
- Administrar parcerias e contratos
- Analisar métricas e resultados
Para desempenhar bem essas funções, o influenciador precisa investir em competências como comunicação, criatividade, organização, conhecimentos em marketing, noções de administração, atualização constante sobre tecnologia e ética profissional.

Desafios da ausência de regulamentação
Sem regras claras, qualquer pessoa pode se autodeclarar influenciador, mesmo sem preparo ou compromisso com boas práticas. Isso leva à precarização do setor, com cachês desvalorizados e campanhas divididas entre vários perfis pouco qualificados. Além disso, a falta de fiscalização pode gerar riscos para o público, especialmente quando conteúdos envolvem temas de saúde, finanças ou outros assuntos sensíveis.
Por outro lado, mesmo sem regulamentação, influenciadores que atuam com empresas precisam formalizar parcerias por meio de contratos e, em muitos casos, abrir CNPJ — geralmente como Microempreendedor Individual (MEI) — para emitir notas fiscais e cumprir obrigações legais.
Como se profissionalizar
Não existe faculdade específica para formar influenciadores, mas há diversos cursos e treinamentos que ajudam a desenvolver habilidades essenciais. Áreas como marketing digital, produção de conteúdo, análise de dados, oratória, fotografia, vídeo, edição e até psicologia aplicada ao consumo podem fazer diferença no trabalho.
Outro ponto fundamental é conhecer profundamente o nicho em que se deseja atuar. Criadores de conteúdo sobre temas técnicos, como nutrição ou direito, por exemplo, devem ter formação e credenciais adequadas para falar com propriedade e responsabilidade.
Resumo:
O influenciador digital já é reconhecido como ocupação no Brasil, mas ainda carece de regulamentação. O mercado é promissor, competitivo e exige preparo, organização e atualização constante para quem quer transformar a criação de conteúdo em carreira sólida.
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