Já ouviu falar em politrabalho? O nome pode até parecer novo, mas a prática vem crescendo entre os jovens da Geração Z, aqueles nascidos entre meados dos anos 1990 e 2010. A ideia é simples: em vez de ter apenas um emprego formal, o profissional acumula dois, três – ou até mais – vínculos simultâneos.
O fenômeno, impulsionado pela possibilidade do trabalho remoto, virou tendência depois da pandemia e tem feito muito gestor ficar de cabelo em pé. Afinal, como saber se o funcionário está realmente dedicado ao expediente… ou se está em uma call com outro chefe?
Mais renda e liberdade
Entre os motivos mais comuns da Geração Z adotar o politrabalho estão o desejo de aumentar a renda, conquistar mais liberdade e aproveitar a juventude para ganhar dinheiro antes de ter filhos ou responsabilidades maiores. Para muitos, é uma forma de alcançar independência financeira mais cedo – ou até antecipar a aposentadoria. Além disso, boa parte desses jovens cresceu em meio a crises econômicas e já não vê estabilidade como algo garantido.
Outro ponto importante é a mudança de valores no ambiente profissional. A Geração Z busca mais autonomia, propósito e equilíbrio entre vida pessoal e carreira. E, para isso, prefere diversificar suas fontes de renda, em vez de concentrar esforços em apenas um cargo.
Como funciona o politrabalho na prática
Na maioria dos casos, os jovens escolhem funções que não exigem presença física e que permitem certo grau de flexibilidade. A lógica é se manter produtivo em todas elas sem levantar suspeitas. Mas nem sempre é fácil: alguns chegam a cumprir jornadas acima de 100 horas semanais, o que pode levar ao esgotamento.
A internet está cheia de relatos de quem concilia vários empregos remotos, alguns com sucesso, outros com arrependimento. O que todos parecem ter em comum é a busca por independência e segurança num mundo em que nenhuma posição parece garantida por muito tempo.
Riscos
Embora o politrabalho não seja ilegal, ele pode gerar consequências sérias. Dependendo do contrato de trabalho, acumular funções pode significar quebra de cláusulas de exclusividade. Além disso, o funcionário pode acabar se comprometendo com tarefas de baixa qualidade, faltando a reuniões importantes ou simplesmente sendo descoberto ao tentar atender dois chefes ao mesmo tempo.
Outro ponto delicado é a confidencialidade. Dividir o tempo entre empresas concorrentes ou compartilhar informações sem querer pode causar danos à imagem profissional – e até levar a disputas judiciais.
Sem contar os riscos à saúde mental e física. Dormir mal, trabalhar demais e não ter tempo para lazer ou autocuidado são efeitos colaterais comuns dessa rotina puxada.
O que pode acontecer se descobrirem?
Mesmo sem uma lei que proíba explicitamente o acúmulo de empregos, muitas empresas têm regras claras no contrato sobre dedicação integral e exclusividade. Se o profissional for descoberto, ele pode ser demitido, mesmo que esteja entregando tudo dentro do prazo.
Além disso, ficar malvisto no mercado não é algo fácil de reverter. Em áreas mais competitivas, a reputação conta muito, e um deslize pode custar oportunidades futuras.
Politrabalho não precisa ser escondido
O ideal, em vez de esconder empregos paralelos, é negociar abertamente com os empregadores. Algumas empresas aceitam que seus funcionários tenham outras atividades, desde que isso não interfira no rendimento nem cruze com áreas sensíveis como concorrência ou uso de dados confidenciais.
Se o objetivo for ganhar mais dinheiro ou ter uma rotina mais flexível, vale considerar outras alternativas: freelas, consultorias, empreendedorismo digital ou até projetos próprios.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1479, de 25 de julho de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.