Conciliar maternidade e carreira não é uma tarefa simples, especialmente para as mães líderes que ocupam posições de destaque no mercado de trabalho. Além da pressão por resultados, elas enfrentam jornadas duplas — e até triplas — que cobram caro da saúde física e emocional. Segundo a psicóloga e CEO Amanda Carvalhal, é nesse cenário que o chamado burnout materno se instala. “É possível liderar com excelência e estar presente na maternidade, mas isso exige consciência, organização e, acima de tudo, olhar generoso para si mesma”, explica.
Embora representem 45% da força de trabalho no Brasil, as mulheres ainda ocupam apenas 35% dos cargos de alto escalão. Os dados da FIA Business School mostram que houve um leve avanço em 2023, com o número chegando a 38%, mas os desafios para a liderança feminina seguem grandes. A sobrecarga emocional é um deles: de acordo com levantamento da Veja, 9 em cada 10 mães brasileiras relatam sintomas semelhantes ao burnout profissional. E o problema é ainda mais sério entre mães solo.
Autoconhecimento é o ponto de partida para a liderança feminina
Para Amanda, o autoconhecimento é essencial para quem deseja crescer profissionalmente sem perder de vista a própria saúde emocional. “Conhecer nossos valores, limites e propósito nos dá clareza para tomar decisões assertivas – tanto na empresa quanto em casa”, afirma.
Essa ideia é reforçada por estudos em neurociência e por especialistas como Daniel Goleman, autor referência em inteligência emocional. Quanto mais consciente de si uma mulher está, mais consegue se comunicar bem, resolver conflitos e inspirar sua equipe — além de se conectar de forma mais verdadeira com seus filhos. Em outras palavras, mães líderes que se conhecem têm mais força para liderar com empatia e equilíbrio.
Gestão do tempo: um passo importante para evitar o burnout
Entre tantos compromissos, saber priorizar é um diferencial. “A gestão do tempo não se resume a preencher a agenda com tarefas. Trata-se de escolher o que realmente importa, com foco e intenção”, reforça Amanda. Para isso, ela sugere práticas simples, mas poderosas, como:
- Time blocking: separar o dia por blocos de atividades específicas. Isso evita a sobrecarga e melhora a concentração;
- Regra 80/20 (Princípio de Pareto): identificar quais tarefas trazem os maiores resultados e focar nelas;
- Pausas conscientes: fazer pequenos intervalos ao longo do dia para respirar e se reconectar.
Além disso, reservar um tempo para o autocuidado não é luxo — é necessidade. Uma caminhada, uma leitura leve ou até alguns minutos de silêncio podem fazer toda a diferença. E sim, isso também é produtividade.
Delegar é um ato de inteligência
Muitas mulheres ainda sentem culpa por não conseguirem dar conta de tudo. Mas, segundo Amanda, delegar é uma habilidade essencial da boa liderança. “Uma liderança madura reconhece que não precisa dar conta de tudo sozinha. Não se trata de abdicar de responsabilidades, e sim de fortalecer o ecossistema ao nosso redor”, explica.
Isso vale tanto no trabalho quanto em casa. Contar com apoio — seja do parceiro, da rede de apoio ou da equipe — faz parte de uma rotina mais sustentável. Afinal, ninguém é forte o tempo todo. E tudo bem não ser perfeita.
A força da rede e o poder da escuta na liderança feminina
Além de ferramentas práticas, Amanda destaca a importância de cultivar relações que apoiam e acolhem. Conversar com outras mães, trocar experiências e desabafar com quem entende o que você está vivendo pode aliviar o peso do dia a dia. “Esses pequenos rituais renovam a mente e fortalecem o coração de quem cuida de tantos”, diz.
Mulheres que lideram não precisam estar sozinhas. Ao contrário: compartilhar suas dores e conquistas fortalece tanto quem ouve quanto quem fala. E essa troca é uma forma poderosa de resistir ao esgotamento e fazer florescer uma liderança feminina mais compassiva.
Cuidar de si também é um ato de liderança
Em meio a reuniões, relatórios e rotinas domésticas, muitas mulheres esquecem de olhar para dentro. Mas Amanda lembra: “Cuidar de si é também um ato de liderança. Afinal, só conseguimos sustentar grandes jornadas quando estamos inteiras”.
Portanto, se você se sente sobrecarregada, saiba que não está sozinha. E que existem caminhos possíveis para equilibrar maternidade e carreira com mais leveza e propósito. O primeiro passo? Reconhecer suas necessidades e se permitir pedir ajuda.
Resumo: O burnout materno afeta cada vez mais as mães líderes, que enfrentam a sobrecarga entre carreira e maternidade. A psicóloga e CEO Amanda Carvalhal defende que o equilíbrio começa pelo autoconhecimento, passa pela gestão do tempo e pela delegação inteligente — pilares fundamentais para fortalecer a liderança feminina com saúde emocional.
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