O Brasil registra avanços significativos em indicadores relacionados à juventude. O número de jovens que não estudam nem trabalham – os chamados jovens ‘nem-nem’ – caiu para 10,3 milhões, o menor já registrado desde o início da série histórica, em 2012.
O número faz parte dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento, essa população representa cerca de 21,2% dos jovens brasileiros entre 15 e 29 anos em 2023.
Em 2022, a quantidade de jovens ‘nem-nem’ era de 10,9 milhões de jovens, o equivalente a 22,3%. O número era é 5,8% do que o índice atual. De acordo com o IBGE, o cenário está mais próximo do observado entre 2012 e 2014 e melhor do que no período pré-pandemia, entre 2016 e 2019.
A queda no número de jovens ‘nem-nem’
Uma série de fatores explica a queda no número de jovens ‘nem-nem’. Entre eles, o aquecimento do mercado de trabalho, o aumento do número de jovens nas escolas no período pós-pandemia e efeito de mudanças demográficas, com a redução na parcela de jovens na composição da população brasileira.
“[O número de jovens que não estudam nem trabalham] é um quantitativo muito associado à dinâmica do mercado de trabalho. À medida que tem retomada, com ocupação aumentando e mais oportunidades, reduz [o número]. De um lado tem menos jovens na população brasileira e, ao mesmo tempo, maior dinamismo do mercado de trabalho”, afirma Denise Guichard Freire, analista do IBGE.
Fatores raciais e de classes também impactam no número:
- Entre 10% mais pobres da população, quase metade (49,3%) não estudavam nem trabalhavam em 2023. Em 2022, eram 48,1%, e 42,1% em 2012;
- Entre os 10% mais ricos, a taxa era de 6,6% em 2023, abaixo dos 6,8% de 2022 e dos 8,3% de 2012;
- Mulheres pretas ou pardas representam 45,2% dos nem-nem (4,6 milhões);
- Mulheres brancas representam 18,9% do total (1,9 milhão);
- Os homens pretos ou pardos são 2,4 milhões (23,4%) e os brancos, 1,2 milhão (11,3%).
“As mulheres de cor preta ou parda sempre representaram o maior grupo e a redução ainda foi menor que a da média. Elas são as que têm a maior dificuldade de inserção e para as quais se deve ter um olhar mais atento das políticas públicas”, diz Freire.
Jovens nem-nem em outros países da América do Sul
Quando o levantamento abrange dos 15 aos 24 anos, os números brasileiros ficam abaixo de outros países. De acordo com o relatório Tendências Globais de Emprego para Jovens 2024 (GET for Youth), divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), é de 20,6%.
Na América do Sul, a taxa do Brasil só é melhor que as da Guiana, Venezuela, Peru e Colômbia. O número destoa de outros vizinhos:
- Argentina – 15%;
- Chile – 15,3%;
- Bolívia – 9,5%