Assumir cargos de liderança aos 22 ou 23 anos deixou de ser algo raro. Hoje, jovens da Geração Z têm comandado projetos, equipes e até empresas inteiras — especialmente em startups, franquias e negócios digitais. Esse novo cenário vem desafiando antigos modelos que associavam autoridade à idade e à hierarquia.
Segundo Marcelo Botelho, diretor regional da LHH Nordeste ouvido pelo Correio, a Geração Z está, sim, pronta para liderar. No entanto, o sucesso depende do ambiente onde essa liderança será exercida. “Nem todos os contextos organizacionais permitem que os jovens líderes atuem com liberdade e propósito”, afirma. Para ele, o diferencial dessa geração está na familiaridade com a tecnologia, no desejo por equilíbrio entre vida pessoal e trabalho e na busca por propósito.
A maturidade emocional ainda é um desafio para a Geração Z
Apesar dos pontos fortes, há quem defenda que a Geração Z ainda está em formação. A psicóloga e mentora de carreiras Aila Lorena Cardial destaca que, embora esses jovens estejam mais preparados em aspectos como inovação e diversidade, eles ainda precisam desenvolver habilidades emocionais.
“Falta maturidade emocional, algo que se constrói com o tempo. A capacidade de lidar com frustrações, pressão e temas complexos ainda é limitada”, aponta a especialista. Mesmo assim, ela reconhece que a nova geração trouxe avanços importantes para o ambiente de trabalho, como a valorização da diversidade e a busca por uma liderança mais empática e inclusiva.
Liderança da Geração Z aposta no coletivo e na escuta ativa
Outro ponto marcante dessa geração é a forma como toma decisões. Botelho observa que os líderes Z preferem processos mais colaborativos, envolvendo diferentes níveis hierárquicos. Ao contrário de perfis mais autoritários, esses jovens optam por ouvir antes de agir.
Além disso, eles valorizam a saúde mental e promovem ambientes mais seguros emocionalmente. “A liderança Z traz consigo o desejo por um espaço de trabalho mais saudável e humano. Isso tem impacto direto na produtividade e na retenção de talentos”, afirma Aila Cardial.
O que o mercado pode aprender com a Geração Z
Com o avanço da Geração Z no mercado, é cada vez mais urgente rever modelos antigos de gestão. Botelho lembra que o conceito de liderança mudou muito. Hoje, o líder ideal não é aquele que detém todas as respostas, mas sim quem sabe escutar, adaptar-se e trabalhar de forma coletiva.
“A principal lição que essa geração nos deixa é que liderar é, antes de tudo, saber se adaptar. O mercado está mais diverso e veloz. Quem quiser acompanhar, precisa ser flexível”, afirma o executivo.
Aila, por sua vez, recomenda que empresas invistam em processos de escuta e troca entre gerações. “A convivência entre diferentes perfis pode ser estratégica. O segredo está em valorizar o que cada um tem de melhor e transformar isso em cultura organizacional”, sugere.
Por fim, ela reforça que saúde mental, segurança psicológica e uma liderança mais humanizada devem ser prioridades para todas as gerações. “A mudança começa de cima. Se quisermos ambientes mais saudáveis, precisamos de líderes mais conscientes”, conclui.
Resumo: A presença da Geração Z em cargos de liderança cresce em todo o Brasil. Jovens líderes trazem inovação, propósito e uma nova forma de se relacionar com o trabalho. No entanto, ainda enfrentam desafios emocionais e culturais. Empresas que conseguirem equilibrar tradição e renovação sairão na frente — com equipes mais felizes, engajadas e produtivas.
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