Rebeca Andrade superou Simone Biles na final do solo nesta segunda-feira (5) e se tornou a maior medalhista brasileira de todos os tempos. Essa foi a quarta medalha da ginasta nas Olimpíadas de Paris e a sexta em sua carreira olímpica. Quem vê a jovem de 25 anos no topo do pódio nem imagina a trajetória dela até lá; conheça a história da ginasta que saiu de casa aos 10 anos de idade para viver sonho esportivo.
Apesar de ser uma história única para o esporte brasileiro, a trajetória de Rebeca Andrade é relativamente comum no Brasil: ela foi criada ao lado dos sete irmãos pela mãe, Rosa, em uma favela de Guarulhos, nos arredores de São Paulo. O apoio da família foi fundamental desde cedo, e ela era acompanhada pelo irmão quando precisava caminhar horas para treinar.
Começo de tudo
O encontro de Rebeca Andrade com o esporte aconteceu cedo, quando ela tinha 4 anos. Embora nunca tivesse pensado em ser ginasta, ela encontrou a ginástica artística graças ao trabalho de sua tia. “Minha tia trabalhava no ginásio onde seriam feitos os testes. Fiz o meu primeiro [teste] e passei. Foi incrível: o ginásio parecia um parque de diversões”, contou em entrevista ao SESC.
Aos 10 anos, seu talento a fez sair de casa e se mudar para Curitiba, onde se dedicou ao esporte. Anos depois, a dedicação a levou ao Rio de Janeiro, especificamente ao Clube de Regatas do Flamengo, onde treina até hoje.
A ginasta reconhece que o olhar da equipe técnica foi fundamental para o seu sucesso. “Eles [a equipe técnica] acreditaram que eu poderia ser algo além de um talento e, lá na frente, me tornar alguém dentro do esporte. Ter tido esses profissionais que lutaram por mim, trabalharam comigo e acreditaram não só na atleta, mas na pessoa que eu sou, fez toda a diferença”, disse ao SESC.
Em 2023, a atleta recebeu uma homenagem no Faustão e falou sobre o papel da família, que, mesmo distante, sempre a apoiou. “A distância é muito dolorida, sim, mas minha família sempre se fez muito presente. Meu pai não acompanhou tanto essa parte do esporte porque não estava tão próximo. É por isso que eu falo mais da minha mãe e dos meus irmãos, que acompanharam mais todo esse processo do meu início até o dia de hoje”, relatou.
Hoje, Rebeca Andrade colhe os frutos do sucesso esportivo que transformou sua vida e a de sua família. Sem deixar de lado suas raízes, ela mudou os rumos da sua história, impactando seus familiares, incluindo a compra de um novo apartamento, e continua exaltando suas origens, como faz em sua rotina de solo ao som de “Baile de Favela”, uma clara homenagem à sua trajetória.
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Rebeca Andrade e sua história gloriosa
A perseverança é o que traça a história de Rebeca Andrade com a ginástica artística. Com um número impressionante de medalhas e conquistas em Campeonatos Mundiais, a atleta superou três lesões devastadoras do ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho para chegar ao topo.
O trio de lesões começou em 2015, marcando um período de azar em sua carreira. Após o primeiro machucado, ela perdeu o Campeonato Mundial daquele ano, mas, em 2016, recuperou-se e foi fundamental para ajudar o Brasil a garantir a classificação Olímpica.
No ano seguinte, a ginasta era uma das principais candidatas à medalha geral no Campeonato Mundial, mas sofreu a segunda lesão no LCA em Montreal, o que a forçou a desistir da competição. Em 2018, ainda se recuperando, ela voltou às competições e ganhou uma medalha de prata no Campeonato Pan-Americano.
No ano seguinte, Rebeca sofreu a terceira lesão no LCA do joelho durante sua rotina de solo nos Nacionais Brasileiros. “Já superei muitas coisas e, cada vez que superei algo difícil, fiquei mais determinada a voltar; queria vencer ainda mais”, disse ao Olympics.com em outubro de 2019. E isso, de fato, aconteceu, com a maré de azar se transformando em uma onda de sorte.
Rebeca Andrade alcançou inúmeros feitos impressionantes nos anos seguintes. No Campeonato Mundial de 2021, conquistou uma medalha de ouro e uma de prata. No mesmo ano, ganhou dois ouros no Campeonato Pan-Americano. No ano seguinte, levou mais uma de ouro e uma de bronze. Em 2023, conquistou outra de ouro, três de prata e uma de bronze.
Assim, ela chegou com tudo nas Olimpíadas de Paris deste ano e, após enfrentar e superar três cirurgias reconstrutivas, superou sua maior adversária, a norte-americana multicampeã Simone Biles, e se consagrou como a maior medalhista olímpica da história do Brasil.
Maior medalhista brasileira
Rebeca Andrade fez história já nos Jogos Olímpicos de 2020, realizados em Tóquio, ao conquistar a medalha de ouro no salto e garantir a prata na competição individual geral. Com isso, ela se tornou a primeira ginasta brasileira a conquistar uma medalha em Olimpíadas.
Na edição dos Jogos Olímpicos de 2024, ao levar a prata no individual geral, a ginasta chegou a quatro medalhas olímpicas, ultrapassando a marca de Fofão no vôlei e Mayra Aguiar no judô.
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Depois de subir ao pódio em mais duas ocasiões, Rebeca Andrade se tornou a atleta brasileira mais vitoriosa da história das Olimpíadas. Até então, o recorde pertencia aos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, com cinco medalhas olímpicas cada.
Em Paris, Rebeca Andrade conquistou o ouro no solo, duas pratas — uma no salto e outra no individual geral — e um bronze por equipes. Além dessas medalhas, ela já havia conquistado em Tóquio um ouro no salto e uma prata no individual geral, totalizando assim seis medalhas em sua carreira olímpica.
Veja a apresentação que garantiu o ouro para a ginasta:
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