A chegada da inteligência artificial (IA) ao mercado de trabalho levanta dúvidas e, muitas vezes, gera medo. Afinal, será que ela vai realmente substituir empregos? Segundo Eduardo Freire, estrategista de inovação e CEO da FWK Innovation Design, é hora de desmistificar esses medos e entender como a IA transforma o trabalho, e não simplesmente elimina funções.
Principais mitos sobre a inteligência artificial
Muitos profissionais acreditam que a IA vai acabar com todos os empregos, mas, como explica Freire, isso é um mito. “A IA substitui tarefas, não trabalhos inteiros”, afirma. Outro equívoco comum é pensar que apenas funções operacionais correm risco; na realidade, tarefas cognitivas repetitivas, como relatórios padrão, triagem básica e geração de conteúdo genérico, também estão na mira. Além disso, diplomas não garantem proteção; o que realmente importa é a capacidade de julgamento, coordenação e aprendizado rápido.
Outro mito é que criatividade e relacionamento são imunes. “A IA ajuda no rascunho, na variação e na análise; o diferencial humano continua sendo o senso crítico, a empatia e a autenticidade”, destaca Freire. E, finalmente, muitos acreditam que mais IA significa mais produtividade sempre. Na prática, sem um bom desenho de trabalho, cresce o chamado workslop: saídas bonitas, mas sem substância.
Quais funções estão em risco nos próximos anos
O impacto da IA no trabalho não se limita a cargos específicos; o padrão é a tarefa. Funções com regras claras, dados estáveis e pouca exceção têm mais chance de automação. Entre elas estão:
- Backoffice repetitivo: lançamentos, conciliações, extrações e formatações;
- Atendimento de baixa complexidade: FAQs, triagem, atualização cadastral;
- Geração de conteúdo genérico: descrições de produtos, e-mails padrão, rascunhos;
- Rotinas administrativas de RH: triagem de CV por palavra-chave, agendamento, atas automáticas;
- Relatórios padrão/Compliance “de prateleira”;
- Jurídico e finanças de baixo risco: minutas, validações simples.
Freire reforça que, quanto mais previsível a tarefa, maior a chance de automação. Portanto, a IA muda o perfil de execução, mas não elimina a necessidade de profissionais humanos.
Perfis que a IA dificilmente substitui
O que a tecnologia não consegue replicar são habilidades relacionadas ao julgamento em contexto de alta incerteza, coordenação entre áreas e negociação complexa. Além disso, funções que exigem cuidado humano, como liderança, educação, saúde e aconselhamento, permanecem protegidas. “O diferencial humano segue sendo julgar, coordenar e se relacionar”, afirma Freire. Criação autoral com propósito, trabalho de campo variável e interação direta com clientes também são difíceis de automatizar.
Resumo final:
A IA transforma tarefas, mas não elimina empregos. Com habilidades de julgamento, coordenação e criatividade, o profissional permanece relevante. RH e micro-práticas são essenciais para aproveitar o potencial da tecnologia sem perder o toque humano.
Leia também:
Desbloqueie sua criatividade: exercícios simples para ativar o olhar criativo no dia a dia