O mercado financeiro ainda carrega marcas profundas de desigualdade quando o assunto é diversidade de gênero. Apesar de avanços importantes nos últimos anos, os números mostram que a presença feminina em cargos de liderança ainda está longe do ideal.
De acordo com dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), as mulheres representam 51,5% da população brasileira, mas ocupam apenas 35,4% das vagas no setor. Quando olhamos para posições de comando, o cenário fica ainda mais preocupante: menos de 6% dos fundos de investimento são geridos por mulheres.
Esses números não acontecem por acaso. Eles são resultado de fatores históricos, culturais e estruturais que dificultam o crescimento feminino em cargos estratégicos.
Barreiras que limitam a diversidade de gênero
Um dos maiores desafios enfrentados por mulheres no mercado financeiro é o chamado “teto de vidro”. Esse termo descreve barreiras invisíveis que impedem ou dificultam a ascensão profissional feminina.
Segundo Ingrid Lucena, diretora de Marketing da Corpvs Segurança, entre os principais obstáculos estão os estereótipos de liderança, ainda muito associados a características tradicionalmente vistas como masculinas. Além disso, homens costumam ter acesso a redes de contatos e programas de mentoria mais estruturados, o que amplia suas oportunidades.
Outro ponto importante é a sobrecarga da dupla jornada. Muitas mulheres dividem o tempo entre a carreira e as responsabilidades domésticas, o que acaba limitando sua disponibilidade para cargos de maior responsabilidade. Para completar, a ausência de políticas estruturadas de inclusão torna mais difícil preparar e reter talentos femininos no setor.
Por que a diversidade no mercado financeiro importa
A baixa representatividade feminina em cargos de decisão impacta diretamente os resultados do setor. Sem diferentes perspectivas, as análises de risco, as estratégias de investimento e a tomada de decisões acabam ficando mais limitadas.
“Empresas e fundos que têm maior participação feminina tendem a alcançar melhores resultados financeiros e se mostram mais fortes em períodos de crise”, afirma Ingrid.
Estudos globais reforçam essa visão: equipes diversas são mais inovadoras e adaptáveis, características essenciais em um cenário econômico em constante transformação. Portanto, não se trata apenas de justiça social, mas também de competitividade e inovação.
Ações para promover a diversidade de gênero
Para que a mudança aconteça de forma efetiva, é fundamental que as empresas adotem estratégias consistentes. Ingrid destaca quatro iniciativas que podem transformar a realidade do setor:
- Definir metas claras de diversidade: estabelecer objetivos de representatividade feminina em cargos de liderança e acompanhar os resultados.
- Oferecer flexibilidade no trabalho: criar políticas que permitam equilíbrio entre vida profissional e pessoal, como home office e horários flexíveis.
- Treinar gestores para combater vieses inconscientes: capacitar líderes para reduzir julgamentos baseados em estereótipos durante processos de seleção e promoção.
- Dar visibilidade a líderes femininas: valorizar histórias de sucesso para inspirar outras mulheres a seguirem esse caminho.
Um mercado mais forte e representativo
De acordo com Ingrid, aumentar a presença feminina em cargos estratégicos no mercado financeiro tem potencial transformador. Essa mudança traria novas formas de analisar riscos, mais atenção a temas como sustentabilidade e governança, além de uma cultura organizacional mais inclusiva.
“Quando as empresas refletem a sociedade que representam, elas ganham credibilidade, atraem investidores e desenvolvem produtos mais alinhados às necessidades do mercado”, explica Ingrid.
Assim, promover a diversidade de gênero vai muito além de corrigir desigualdades históricas. É também uma estratégia inteligente para fortalecer o setor e garantir sua relevância no futuro.
Resumo: Ampliar a participação feminina em cargos de liderança no mercado financeiro traz inovação, competitividade e crescimento sustentável. Para isso, empresas precisam investir em metas claras, flexibilidade no trabalho, treinamento de gestores e valorização de mulheres que já ocupam posições de destaque.
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