Nos últimos anos, o mercado de trabalho passou por transformações importantes — e em 2025 não é diferente. Uma das dúvidas mais comuns entre profissionais que estão em busca de uma nova oportunidade é sobre o melhor regime de contratação: PJ ou CLT?
De um lado, há quem busque a segurança e os direitos assegurados pela Consolidação das Leis do Trabalho. De outro, profissionais que desejam mais liberdade e autonomia acabam se sentindo atraídos pela proposta de atuar como Pessoa Jurídica. Mas como decidir entre as duas opções? Para esclarecer essa questão, conversamos com Flavia Derra Eadi de Castro, advogada da RGL Advogados e especialista em Prevenção de Riscos Trabalhistas, que explicou os principais pontos de atenção.
Vantagens e desvantagens de PJ e CLT: entenda o que está em jogo
Segundo Flavia, “a escolha entre PJ e CLT não deve ser apenas financeira, mas estratégica para a carreira”. O regime CLT oferece mais segurança jurídica, com direitos trabalhistas garantidos, como 13º salário, férias e FGTS. Por outro lado, a contratação como PJ permite maior flexibilidade, horários mais livres e, em muitos casos, maior rentabilidade mensal.
Contudo, é importante estar ciente dos riscos. Quando a empresa exige exclusividade, define horários rígidos e oferece benefícios como vale-transporte ou refeição, o vínculo pode ser caracterizado como emprego formal — mesmo com um contrato PJ. “Essa prática, chamada de pejotização, é ilegal e pode gerar ações trabalhistas”, alerta a advogada.
Cresce o número de profissionais atuando como PJ
Uma pesquisa do IBGE, feita em 2024, mostrou que cerca de 25% dos trabalhadores atuam como Pessoa Jurídica, número 10% maior do que em 2020. Isso mostra que, embora o modelo represente um desafio em termos de estabilidade, muitos brasileiros têm buscado alternativas mais autônomas para tocar a carreira.
“Enquanto empresas enxergam na contratação PJ uma forma de reduzir custos e ganhar agilidade, os profissionais valorizam a liberdade de organizar seus horários e escolher seus projetos. No entanto, é preciso estar bem preparado para lidar com a instabilidade”, explica Flavia.
Como escolher entre PJ ou CLT?
Para tomar uma decisão consciente, a advogada sugere refletir sobre cinco pontos importantes:
1. Analise seus objetivos de carreira
O que você busca neste momento: estabilidade e garantias legais ou mais liberdade para gerir sua rotina e projetos? “Quem valoriza segurança tende a se adaptar melhor ao modelo CLT. Já quem deseja mais flexibilidade e está disposto a assumir riscos, pode optar pelo PJ”, orienta Flavia.
2. Entenda os custos que o PJ envolve
Trabalhar como PJ requer organização financeira. “Você será responsável por pagar impostos, plano de saúde, aposentadoria e demais despesas do seu trabalho. Por isso, faça as contas antes de decidir”, alerta a especialista.
3. Fique atento aos sinais de vínculo empregatício
Algumas empresas contratam como PJ, mas exigem comportamentos típicos de um funcionário CLT, como exclusividade e controle de horário. “Nesses casos, pode haver fraude contratual, e o profissional pode procurar um advogado trabalhista para garantir seus direitos”, destaca.
4. Observe as práticas da sua área de atuação
Existem setores onde o modelo PJ já é amplamente adotado, como tecnologia, design e comunicação. “Nessas áreas, a rotatividade de projetos e a busca por agilidade tornam o contrato PJ mais comum — e até preferido pelos profissionais”, pontua Flavia.
5. Sempre consulte um advogado antes de assinar o contrato
A leitura de cláusulas contratuais deve ser feita com cuidado. Segundo Flavia, “um advogado especializado pode identificar riscos e sugerir ajustes que protejam tanto o trabalhador quanto a empresa”.
PJ e CLT têm suas exigências — e recompensas
Independentemente do modelo escolhido, o mais importante é estar ciente das responsabilidades que cada formato exige. O ideal é alinhar a escolha ao seu momento de vida, às exigências do mercado e aos seus planos para o futuro. Afinal, como ressalta Flavia, “compreender as implicações de cada regime é essencial para construir uma carreira sólida e sustentável”.
Resumo: Ambos os modelos de contratação têm prós e contras. Enquanto o regime CLT oferece maior proteção legal, o formato PJ pode ser mais vantajoso para quem busca liberdade profissional. A decisão ideal envolve autoconhecimento, planejamento financeiro e acompanhamento jurídico.
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