Você já disse ou ouviu alguém afirmar “não sou criativo”? Essa é, segundo o especialista em processos criativos Jean Philippe Rosier, uma das maiores crenças limitantes que carregamos. CCO da escola Perestroika e autor do livro Criatividade Hackeada, lançado pela editora Citadel, Jean defende que todos nós nascemos criativos — o que muda é o quanto cultivamos ou deixamos adormecer essa capacidade. “A criatividade não é um privilégio concedido a poucos. Ela é uma ferramenta humana, inerente a todos”, afirma.
O autor explica que criatividade não é um “estalo divino” ou uma iluminação repentina. Inspirado nas pesquisas da professora de Harvard, Teresa Amabile, ele define o processo criativo como a combinação de três fatores: motivação, expertise e pensamento crítico.
A boa notícia é que todos podem ser desenvolvidos com prática. O livro traz reflexões e exercícios para despertar essa habilidade no cotidiano. A seguir, alguns dos principais caminhos propostos por Jean para ativar o seu potencial criativo.
1. Redescubra o prazer de se motivar
A motivação é o combustível da criatividade. Sem ela, as ideias simplesmente não ganham forma. “Sem motivação, nada acontece”, diz Jean.
Ele sugere começar por pequenas mudanças que estimulem o cérebro a sair do automático, como testar uma receita nova, trocar o caminho habitual ou reorganizar a rotina. Atitudes simples geram estímulos diferentes e preparam o terreno para novas conexões mentais.
2. Saia da sua bolha
A criatividade depende de repertório. Ler sobre assuntos variados, ouvir estilos musicais diferentes, assistir palestras ou conversar com pessoas de outras áreas são formas de alimentar o cérebro com novas referências.
“Todo mundo quer mudança, mas poucos estão dispostos a mudar. É preciso dedicar tempo para aprender e acumular novas referências”, observa o autor. Quanto maior a bagagem, mais combinações o cérebro é capaz de fazer.
3. Troque o “não dá” pelo “E se…”
Perguntar é o primeiro passo para criar. Jean propõe substituir a frase “não dá” por “E se…?”, abrindo espaço para possibilidades que ainda não foram exploradas. “E se fizéssemos diferente?” ou “E se invertêssemos a ordem das coisas?” são exemplos simples de perguntas que podem levar a soluções inesperadas. “Vivemos na era das respostas prontas. O que vai diferenciar cada pessoa é a qualidade das perguntas que faz”, destaca.
4. Experimente e erre sem medo
A criatividade nasce da prática, não da teoria. Segundo Jean, é preciso testar, errar e ajustar continuamente — o que ele chama de “estrada da experimentação”. “É na experimentação que a criatividade acontece. Não adianta esperar inspiração cair do céu, é preciso agir mesmo sem garantias”, afirma. O erro, nesse contexto, deixa de ser um obstáculo e se torna parte do processo.
5. Exercite o cérebro
Assim como um músculo, o cérebro se fortalece com treino. Jean recomenda atividades que estimulem novas conexões, como jogos de associação de palavras, desafios de escrita e exercícios de observação. Estudos mostram que, após duas semanas de prática, já é possível perceber mudanças na forma de pensar. “O cérebro é plástico: quanto mais o estimulamos, mais ele se expande”, explica.
O essencial, segundo o autor, é entender que ser criativo não tem relação com grandes ideias geniais, mas com a curiosidade e a disposição de olhar o mundo sob novas perspectivas. “A criatividade não tem um interruptor de liga e desliga. Ela está no modo como escolhemos olhar o mundo”, resume Jean.
Resumo: No livro Criatividade Hackeada, Jean Philippe Rosier mostra que a criatividade é uma habilidade treinável, que depende de motivação, repertório e experimentação. Pequenas mudanças de rotina e exercícios mentais simples já são suficientes para reacender o pensamento criativo.
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