Ser demitido nunca é fácil – e quando o aviso chega de forma inesperada, a sensação de queda pode ser ainda mais intensa. Em abril de 2025, mais de 2 milhões de trabalhadores foram desligados de empregos formais no Brasil, segundo dados do Novo Caged.
O número mostra que, mesmo em momentos de saldo positivo na geração de vagas, a instabilidade continua sendo uma realidade no mercado de trabalho. E ninguém está imune, mesmo os profissionais mais experientes.
“Ser demitido nem sempre é reflexo de incompetência. O mercado é feito de ciclos, e muitos desligamentos são fruto de ajustes sistêmicos”, afirma Virgilio Marques dos Santos, gestor de carreiras e sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria. Segundo ele, mais importante do que entender por que a demissão aconteceu é saber o que fazer a partir dela.
A seguir, o especialista lista 10 atitudes fundamentais para lidar com a perda do emprego de forma estratégica, humana e construtiva:
1. Sinta o que precisa ser sentido
Segundo Santos, toda demissão envolve um tipo de luto. “Permita-se sentir raiva, frustração, tristeza. Isso é humano. Mas não podemos permitir que o luto vire paralisia. A dor precisa ser atravessada, não cultivada.”
2. Entenda o motivo, mas não se prenda a ele
Buscar explicações pode ajudar, mas insistir demais no motivo da demissão pode alimentar mágoas. “Nem toda demissão tem culpado. Às vezes, é só o sistema se ajustando.”
3. Cuide da sua narrativa
A forma como você conta a sua história influencia como os outros e você mesmo a enxergam. “Evite discursos de vítima ou de herói injustiçado. Prefira mostrar maturidade: o ciclo se encerrou e você está pronto para o próximo desafio.”
4. Reforce sua base emocional
Converse com quem você confia, busque apoio psicológico se possível. “A demissão abala autoestima, identidade e segurança. É preciso reconstruir a base.”
5. Organize sua rotina com intencionalidade
Ficar sem rotina pode gerar ainda mais desânimo. “Estabeleça horários e metas diárias. O ritmo é um antídoto contra o desânimo. Pequenos avanços ajudam a recuperar a confiança.”
6. Atualize seu arsenal profissional
Hora de revisar currículo, LinkedIn e investir em aprendizado. “Reskilling e upskilling não são modismos. São estratégias de sobrevivência profissional.” O especialista lembra que há muitos cursos gratuitos e com certificação disponíveis online — uma alternativa acessível mesmo em tempos de instabilidade financeira.
7. Revise sua estratégia de carreira
Use o momento para repensar rumos. “Muitos só conseguem se mover diante da ruptura. Pode ser a chance de mudar de área, empreender ou buscar algo mais alinhado ao seu propósito.”
8. Cultive uma visão de longo prazo
A dor da demissão pode ser passageira — e até transformadora. “Muitos olham para trás, anos depois, e percebem que aquele foi o empurrão necessário para crescer de verdade.”
9. Cuidado com decisões movidas pelo desespero
Evite aceitar qualquer proposta apenas por medo. “Entrar em um ambiente tóxico pode ser mais destrutivo do que esperar um pouco mais.”
10. Compartilhe sua experiência
Dividir sua história com outras pessoas pode ter efeito curativo — e inspirador. “Mostrar vulnerabilidade com sabedoria é um ato de liderança. Pode ajudar muita gente que está passando pelo mesmo.”
No fim, a demissão não precisa ser vista como fracasso. Ela pode ser um ponto de virada real, uma chance de reavaliar escolhas e redirecionar a própria trajetória. “Se você souber para onde quer ir, todo vento pode ser favorável. A demissão não é o fim. Ela pode, inclusive, ser o começo mais honesto e potente da sua trajetória”, finaliza Virgilio.
Resumo:
Mais de 2 milhões de brasileiros foram demitidos em abril. Mas, com estratégia, cuidado emocional e visão de futuro, é possível transformar esse baque em uma virada de vida. O especialista Virgilio Marques dos Santos lista os 10 primeiros passos para recomeçar.

Lígia Menezes
Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!