Wesley Safadão anunciou, no último domingo (2), que fará uma pausa na carreira por tempo indeterminado devido a fortes crises de ansiedade que vem sentindo. A notícia pegou os fãs de surpresa e gerou muita preocupação sobre a saúde do cantor, que não anunciou quando volta aos palcos.
O problema está longe de ser exclusividade do artista: 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica, segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A porcentagem garante o Brasil no topo do ranking dos países com maior concentração de transtornos de ansiedade do mundo.
Apesar da alta taxa de pacientes diagnosticados, o transtorno ainda causa muitas dúvidas. Pensando nisso, AnaMaria Digital conversou com o psiquiatra Luiz Scocca, membro da Associação Americana de Psiquiatria (APA) e do Hospital das Clínicas da USP, sobre o tema.
CONHEÇA O PROBLEMA
Inicialmente, vale ressaltar que não é possível zerar ansiedade, que nada mais é que um processo físico e mental comum de qualquer pessoa. Ou seja, ela apenas pode e deve controlada para evitar níveis extremos, que é a chamada ansiedade patológica, quando esse estado de alerta passa a ser prejudicial.
Este é um transtorno que tem muitas origens, mas, de maneira geral, as principais fontes são fatores genéticos, gatilhos e traumas específicos – principalmente na infância, falta de suporte parental e fatores ambientais, como estresse no âmbito profissional.
SINTOMAS
O psiquiatra também alerta sobre os sintomas da ansiedade, que são muitos e podem ser confundidos com outras doenças. Além disso, os sinais podem ser físicos, como dores e taquicardia, ou psíquicos, que são os problemas que afetam a mente. Confira:
- Físicos: tensão muscular, palpitação, dor no peito, vontade excessiva de urinar, diarreia, transpiração em excesso, dor de cabeça, tontura;
- Psíquicos: sensação de desrealização, quando o ambiente parece todo diferente, medo de enlouquecer, sensação de morte, preocupação com o futuro e despersonalização, quando a pessoa perde a capacidade de se reconhecer.
COMO EVITAR
Alguns cuidados devem ser tomados: uma boa alimentação, acompanhada de exercícios físicos e noites bem dormidas são grandes aliados. Ao mesmo tempo, tabagismo, uso de drogas e o consumo excessivo de álcool são fatores que podem ocasionar crises.
TRABALHO EM EXCESSO
Além dos pontos já citados, rotinas cansativas, seja ela no trabalho ou no mundo acadêmico, também podem ser agravantes. No caso de crises, o indicado é procurar acompanhamento profissional, seja com psicólogos e psiquiatras e o descanso/férias, – como foi o caso de Wesley Safadão.
“Há pesquisas que mostram que férias de 30 dias são melhores que de 20 ou 10 dias“, garante Scocca, reforçando a importância de guardar um tempo para o descanso mental: “O tempo de férias também é muito importante”.
TRATAMENTO
Por ser um problema com muitos sintomas, os tratamentos, que devem ser acompanhados por um profissional especializado, também variam da mesma forma. No geral, a psicoterapia ou até mesmo o afastamento do trabalho já é o suficiente parar conter a ansiedade são suficientes.
Por fim, Scocca ressalta um item fundamental: a diversão. O psiquiatra analisa que as pessoas já passam muito tempo focadas em suas obrigações. Por isso, o ideal é também reservar um tempo para os momentos de lazer, como hobbies e tempos de qualidade com amigos e/ou companheiros.
Os momentos de lazer são ainda mais benéficos se também forem atividades físicas: “Se você patina, dança, luta, estará se protegendo ainda mais contra o estresse e a ansiedade”, finaliza o médico.