O contraste das manchas brancas na pele negra de Natália Deodato, do BBB22, remete automaticamente para uma doença a qual muitos sabem o nome, mas têm pouco conhecimento a respeito: o vitiligo.
Ela nada mais é do que um quadro caracterizado por lesões que surgem pela diminuição de melanócitos – células responsáveis pela produção da melanina, a proteína que confere a pigmentação da pele, pelos e olhos -, em determinadas regiões do corpo, segundo a dermatologista Luciana Passoni.
A participante tem 22 anos e descobriu aos 9 o problema. A medicina ainda não conseguiu determinar o que pode desencadear o surgimento das manchas. As hipóteses mais aceitas pela comunidade científica são a ligação com doenças autoimunes, a predisposição genética (cerca de 30% dos pacientes possuem algum parente com vitiligo) e questões emocionais.
Mesmo que não haja maiores complicações, é fundamental que a pessoa que apresentar sintomas procure um dermatologista, para fazer o diagnóstico com precisão e também para receber o encaminhamento para a realização de exames para os quadros que podem estar associados.
CARACTERÍSTICAS
O vitiligo afeta 1% a 2% da população mundial e 0,5% dos brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). As lesões podem estar presentes em todas as idades, porém, geralmente, ocorrem mais em indivíduos entre 10 e 30 anos de idade, podendo estar ligado à hereditariedade – 30% dos pacientes têm familiares com a mesma condição.
“A doença é caracterizada pelo desenvolvimento de manchas branco-nacaradas, com tendência a aumentar de tamanho, e pode acometer qualquer fototipo de pele, destacando-se na pele parda ou negra. As áreas afetadas não apresentam incômodo ou dores”, explica Luciana.
CAUSAS
Elas não estão determinadas de forma explícita, porém podem estar relacionadas às manifestações autoimunes e fatores como mudanças ou traumas emocionais. As manchas claras são causadas pela diminuição ou ausência de melanócitos, as células da pele responsáveis pela produção de melanina, o pigmento da cútis.
“Ao surgir as primeiras manchas é necessário procurar um médico dermatologista. Somente um profissional está apto para diagnosticar e realizar o tratamento individualizado da doença”, alerta Passoni.
CLASSIFICAÇÃO
O vitiligo pode ser classificado segundo suas propriedades físicas:
- Vulgar: é assimétrica e atinge mais que 10% do todo, ou seja, grandes áreas, localizadas ou não.
- Segmentar: é quando há manchas acrômicas apenas unilateralmente.
- Universal: quase toda a pele é acometida, incluindo pelos e mucosas.
- Focal: quando há apenas uma mancha em um único local da pele ou mucosa. Mesmo sendo estável, pode ou não evoluir para os outros tipos.
TRATAMENTOS
Não há maneiras de evitar o vitiligo. A especialista sugere ao paciente o controle emocional, acompanhamento psicológico e tratamentos como laser e microagulhamentos, que visam estacionar a evolução da doença e repigmentar algumas regiões afetadas.
“A fototerapia com radiação ultravioleta B banda estreita (UVB-nb) é indicada para quase todas as formas de vitiligo, com resultados excelentes, principalmente para lesões da face e tronco. Pode ser usada também a fototerapia com ultravioleta A (PUVA), além de tecnologias como o laser, técnicas cirúrgicas ou de transplante de melanócitos”, explica.
É BOM EVITAR
Em portadores de vitiligo, recomenda-se evitar o uso de roupas apertadas ou que provoquem atrito ou pressão sobre a pele. Isso contribui para reduzir o aparecimento de novas manchas, bem como o crescimento das existentes. A dermatologista ainda ressalta:
“O vitiligo não é contagioso, não é transmissível e não é prejudicial à saúde física. As manchas causadas pela doença podem afetar a qualidade de vida do paciente e muito a sua autoestima. Por isso, não hesite em buscar ajuda de profissionais qualificados”.
ACEITAÇÃO
Hoje, após a autoaceitação, Natália fala sobre a doença de maneira mais leve e clara: “As manchinhas não afetam em nada nossa vida! Só nos tornam únicos e mostram o quão forte somos”.
O vitiligo, assim como muitas doenças dermatológicas, gera muito estigma. O paciente, muitas vezes, faz todo o esforço de tratamento pela questão psicológica. Isso
piora muito a qualidade de vida, muitas vezes gera quadros de depressão, porém vivemos um momento de maior aceitação.
O caso de Natália mostrar claramente isso é um fator muito bom para que outros portadores se aceitem mais.
SOBRE O CASO MUNDIALMENTE FAMOSO: MICHAEL JACKSON
Segundo os relatos, Michael Jackson foi diagnosticado com vitiligo na década de 1980, embora fotos dos anos 1970 já mostram manchas na pele do cantor. As doenças causam sensibilidade de Jackson a luz solar. O cantor “se tornou branco” aos olhos do público, que não entendia o que estava acontecendo com o artista e, por vezes, o acusaram de não estar satisfeito com a sua cor.
Em entrevista à Oprah Winfrey, em 1993, Michael falou abertamente sobre o vitiligo no intuito de conscientizar as pessoas, um assunto que era pouco comentado e conhecido.
“Para alguns, o vitiligo pode ser apenas uma pequena alteração estética. Para outros, uma ameaça ou um desafio. No entanto, para quase todos, ele cria um ponto de reflexão em suas vidas. Quando a doença aparece, as pessoas são confrontadas com medos e dúvidas, e subitamente levadas a tomar decisões a respeito do tratamento e de como lidar com a doença. Quanto mais informações a respeito e opções de tratamentos, melhor estarão preparadas para fazerem as escolhas certas”, conclui Luciana.