Um estudo recente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) acendeu o sinal de alerta para moradores do estado do Rio de Janeiro. Os pesquisadores identificaram o verme da meningite, causador da meningite eosinofílica, em moluscos encontrados em 26 cidades fluminenses. O levantamento, conduzido pelo Laboratório de Malacologia, analisou amostras colhidas entre 2015 e 2019, totalizando 2,6 mil moluscos — entre eles caramujos, lesmas e caracóis.
A conclusão impressiona: 230 desses animais estavam infectados com o parasita Angiostrongylus cantonensis. Isso significa que cerca de 9% dos moluscos examinados carregavam o verme da meningite.
Caramujo gigante africano lidera infecções
Entre todas as espécies coletadas, o caramujo gigante africano, já bastante comum em áreas urbanas, foi o que apresentou maior taxa de infecção. Segundo a bióloga Silvana Thiengo, chefe do laboratório responsável pelo estudo, esse tipo de molusco serve como hospedeiro intermediário do parasita — que se aloja de forma definitiva nos ratos.
A infecção humana acontece, na maioria das vezes, de maneira acidental. Isso ocorre quando pessoas consomem alimentos contaminados com o muco liberado por moluscos infectados. Portanto, mesmo sem tocar diretamente no caramujo, o risco existe.
O que o verme da meningite pode causar
Depois de entrar no organismo humano, o parasita pode provocar uma inflamação nas meninges — membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Os sintomas mais comuns incluem dor de cabeça forte, rigidez na nuca, febre e enjoos. Em alguns casos, também há distúrbios visuais, vômitos e sensação de formigamento.
Embora muitos pacientes se recuperem espontaneamente, há risco de complicações graves. Infelizmente, em abril de 2024, uma pessoa morreu por meningite eosinofílica em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Após o caso, caramujos e ratos infectados foram localizados na área onde a vítima vivia.
Fiocruz reforça: prevenir é o melhor caminho
Diante desse cenário, a Fiocruz reforça que a melhor forma de proteção é a prevenção. Para isso, manter a higiene rigorosa de hortaliças e frutas é fundamental. Além disso, sempre que for mexer em jardins, hortas ou terrenos com presença de moluscos, use luvas e evite o contato direto com o solo.
Outra recomendação importante é não tocar nos caramujos com as mãos desprotegidas, mesmo que eles estejam mortos. Também é essencial orientar crianças para que não brinquem com esses animais.
Casos suspeitos aumentam em todo o Brasil
Embora apenas cerca de 40 casos de meningite eosinofílica tenham sido oficialmente confirmados no país até hoje, mais de 100 casos suspeitos foram relatados em estados como Amapá, Espírito Santo, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo — além do próprio Rio de Janeiro.
Isso mostra que a presença do verme da meningite não é um problema restrito a uma região específica. Pelo contrário: o risco de contaminação está crescendo e exige atenção de todos nós.
Resumo: Um estudo da Fiocruz revelou que o verme da meningite foi encontrado em caramujos de 26 cidades do RJ. A doença, transmitida de forma acidental ao ingerirmos alimentos contaminados, pode ser grave e até levar à morte. Por isso, manter bons hábitos de higiene e evitar o contato direto com moluscos são atitudes essenciais para a prevenção.
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