Quando o calor aperta, os hospitais se enchem de pacientes reclamando de dor nos rins. De acordo com Renato Nardi Pedro, do departamento de endourologia da Sociedade Brasileira de Urologia, isso ocorre porque as pessoas suam mais e nem sempre bebem líquido suficiente para repor. “Quando falta água no organismo, os rins têm menos líquido pra eliminar as impurezas e, por causa disso, a urina fica mais amarelada e cheia de sais minerais, que podem se transformar em cálculo renal”, diz. Entretanto, o urologista Marcos Lucon lembra que os cuidados valem também para o resto do ano. “Aqueles que já tiveram pedras nos rins, que possuem histórico familiar, que bebem pouca água ou comem muita proteína e sódio também têm grandes chances de desenvolver o problema a qualquer momento”, alerta.
Para que servem os nossos rins?
Nós temos dois rins. Em um adulto normal, eles têm a forma de um gigante grão de feijão, medindo de 10 a 13 cm, com peso aproximado de 120 a 180g. Apesar de relativamente pequeno, é um órgão extremamente importante para o bom funcionamento do nosso organismo. De maneira geral, eles são responsáveis por eliminar as toxinas (amônia, ureia, ácido úrico…) do sangue por um sistema de filtração, além de regular a produção do sangue e dos ossos, controlar a pressão e o balanço de líquidos do corpo.
Quais são os sinais?
Quem já teve pedra nos rins sabe que os sintomas são pesados. Tem gente até que compara a crise renal com a dor de parto. Segundo os médicos, o sinal mais comum e o que mais assusta é a cólica aguda na região lombar e no abdômen. De acordo com Pedro, o indivíduo também pode ter vômito, náusea, infecção urinária e até mesmo sangramento na urina. É raro, mas em alguns casos, os pacientes sentem dor apenas durante a passagem do cálculo pelos ureteres – tubos que conduzem a urina dos rins até a bexiga.
Como prevenir o problema
■ A melhor forma de evitar as pedras nos rins é beber bastante água. Só que não adianta tomar um monte de uma vez. A ingestão de líquido deve ser constante ao longo do dia. Para ajudá-la a fazer disso um hábito, carregue sempre com você uma garrafinha cheia. Programar o despertador para tocar de hora em hora também pode ajudar. Os médicos dão uma dica pra você saber se está no caminho certo: “Quanto mais clara a urina, mais hidratada a pessoa está”, explica Lucon. O ideal é beber no mínimo dois litros de água por dia.
■ Não abuse do sal, alimentos industrializados, carnes e bebidas açucaradas (suco de caixinha também conta!). Tudo isso se transforma em resíduos que facilitam o aparecimento das pedras. O sal ainda favorece a retenção de líquido. A recomendação da Organização Mundial da Saúde é consumir até 5 gramas ao dia, apenas.
■ Abuse de frutas como laranja, tangerina, melão e limão. É que elas têm ácido crítico, substância que auxilia na prevenção dos cálculos renais.
■ Esqueça a automedicação. Tome somente remédios contra dor caso o médico tenha prescrito. Se não, você pode acabar mascarando o problema.
Como é feito o tratamento?
■ “Tudo depende do tamanho e de onde a pedra está localizada no aparelho urinário. Se tiver até 8 mm, o paciente consegue expeli-la pelo xixi. Caso não seja eliminada, há tratamentos clínicos para retirá-la”, diz Pedro.
■ Se a pedra não for expelida pela urina e tiver até 2 cm, a primeira opção de tratamento é a litotripsia extracorpórea (Leco). “É a técnica menos invasiva. As pedras são ´bombardeadas´ por ondas de choque. Isso faz com que os cálculos se fragmentem e sejam eliminados quando o paciente fizer xixi”, explica Lucon.
■ Outra opção de tratamento é a ureteroscopia, também para cálculos de até 2 cm. “Um aparelho chamado ureteroscópio é introduzido no ureter para quebrar o cálculo e depois removê-lo”, afirma Pedro.
■ Para cálculos maiores do que 2 cm, o ideal é fazer a cirurgia percutânea, onde é feito um perqueno corte na lombar para inserir uma câmera que quebra e aspira as pedras. Alguns médicos preferem até mesmo abrir o rim.
■ Analgésicos e anti-inflamatórios são usados para aliviar a dor forte nos momentos de crise.