Muitos de nós já contabilizam um amigo (ou um amigo de um amigo) que deixa fora do cardápio produtos de origem animal. Dados do Instituto Ipsos reforçam que 28% dos brasileiros têm ingerido menos carne.
Estima-se que, no Brasil, os vegetarianos já sejam 4% da população e, entre eles, estão os veganos, pessoas que escolheram não comer ou consumir produtos com traços animais ou derivados, como ovo, leite e afins, na composição.
Isso inclui roupas confeccionadas com couro, pelo ou lã e produtos de higiene e beleza. Já os vegetarianos restringem apenas a alimentação, abolindo carnes bovinas, suínas e de aves.
Mas, afinal, o corpo necessita ou não dos nutrientes presentes em carnes e derivados? Dá para ser saudável, praticante de esportes e bem-disposto sem consumi-los? Depende.
“Tanto a dieta vegana quanto a não vegana podem ser ótimas ou muito pobres. Ser vegano não significa, obrigatoriamente, ser saudável e a recíproca é verdadeira: tais restrições não implicam em uma alimentação ruim”, contemporiza a nutricionista Alice Cristina Coca.
Para entender melhor esse conceito, a especialista responde às sete principais perguntas sobre o tema.
VEGANISMO EMAGRECE?
De acordo com os especialistas, ao iniciar uma rotina vegana, uma pessoa tem muitas chances de emagrecer. Por quê? A alimentação baseada em vegetais tende a acelerar o metabolismo, o que elimina gorduras.
A restrição de derivados de leite e ovos também a manterá distante dos calóricos chocolates, bolos e biscoitos. Mas nem tudo são flores. “Existem veganos acima do peso porque ingerem alimentos industrializados e ultraprocessados, ricos em gorduras e açúcares”, avisa Alice.
Algo vegano nada saudável? Batata frita. Nas gôndolas dos supermercados destinadas a fisgar esse público também estão pizzas, hambúrgueres, empanados e doces com ingredientes que passam longe dos animais e derivados, mas não fazem bem ao organismo.
“Existe o risco de os adeptos exagerarem ainda no consumo de pães integrais e outros carboidratos para aplacar a vontade de carne”, avisa. Por isso, para eliminar essas tentações e fazer do veganismo um aliado na luta contra a balança, busque ajuda de um nutricionista.
E A VITAMINA B12?
Encontrada em carnes, ovos e leite, ela exerce uma função cognitiva importante em nosso sistema nervoso central, prevenindo a degeneração das células. Quando a B12 está em falta podem aparecer sintomas, como insônia ou estresse, formigamento nas mãos e pés, falta de equilíbrio, esquecimentos/ confusões mentais e até depressão.
“Temos um estoque de B12 em nosso organismo, mas é limitado”, lembra a nutricionista. Um vegano não a consumirá espontaneamente, por isso precisará ingeri-la em cápsulas. O cálcio, o ferro heme (presente somente na carne) e o zinco também precisam de substitutos à altura. “É possível compensar essas deficiências nutricionais com critérios técnicos e conhecimento sobre a potencialidade de cada alimento”, ensina.
QUALQUER PESSOA PODE FAZER?
A prescrição de uma dieta vegana depende da fase e do estilo de vida do adepto. O sexo, a idade (idosos, adultos, adolescentes ou crianças), se gestantes ou atletas.
O QUE COMER NO LUGAR DA CARNE?
Para Alice, uma alimentação vegana saudável pede a substituição da proteína animal pela vegetal, encontrada em legumes e verduras. “A soja deve ser integrada à dieta. Ela tem todos os nutrientes presentes nas carnes”, explica. Porém, a profissional alerta: a soja deve ser consumida diariamente e também indica a versão orgânica, que não contém agrotóxicos.
QUAIS OS PONTOS POSITIVOS DA ALIMENTAÇÃO VEGANA?
- Eficiente para diminuir o risco de doenças cardiovasculares.
- Pode reduzir taxas de glicose e colesterol.
- Melhora a digestão e o funcionamento do intestino.
- Alívio nos sintomas de gastrite.
E OS PONTOS NEGATIVOS QUE PODEM SER SUPERADOS?
- Necessidade de compensar as deficiências nutricionais decorrentes da não ingestão de carne e de produtos lácteos.
- Ingestão suplementar de vitamina B12.
- Ausência de alimentos fonte.
- Não ingestão de cálcio, ferro e zinco.
O QUE COMEM OS VEGANOS DE CARTEIRINHA?
Vegetais , cereais, manteiga de nozes, amendoim ou amêndoas, grão-de-bico, tofu, leite de soja, aveia ou amêndoa e chia.
SINAL VERMELHO
Para ter certeza sobre a presença de componentes de origem animal nos produtos, consulte os rótulos ou contate o fabricante. Ao lado, alguns itens que deixam dúvida sobre a formulação:
- Sacolas plásticas: podem levar gordura animal;
- Amaciante de roupas: possibilidade de substâncias extraídas de ovelhas, cavalos e vacas;
- Bolos, pães e biscoitos: se forem os tradicionais, levam ovos e leite;
- Vinhos e cervejas: alguns fabricantes adicionam partes do peixe ou proteínas do leite ou ovo;
- Molho inglês: a maioria contém anchova;
- Pasta de dente, xampus e condicionadores: podem ser fabricados com glicerina, pantenol e aminoácidos, substâncias de origem animal;
- Chocolate: em versão típica, pode levar leite em pó;
- Gelatina e chicletes: grande parte tem colágeno extraído do couro do boi.