Em pleno no século 21, estamos enfrentando uma verdadeira batalha contra o aumento da incidência da obesidade, diabetes e hipertensão arterial na população em geral. Como forma de frear o avanço destas doenças, discutimos cada vez mais sobre nossas escolhas alimentares e as dificuldades em promover mudanças significativas.
Exatamente por isso, o tema da coluna de hoje é o açúcar. Será que ele é realmente um vilão? Historicamente como era seu consumo nas civilizações?
Segundo Harold Mc Gee, no livro Comida & Cozinha – Ciência e Cultura da culinária (2014), o açúcar é um alimento extraordinário. Todos os seres humanos partilham o gosto inato (sim, nascemos já conhecendo o sabor doce) por sua doçura, que provamos pela primeira vez no leite materno.
Esse apelo, associado a um forte sistema de recompensa, faz com que os alimentos ricos em açúcar estejam hoje entre os mais populares e largamente consumidos pelo mundo.
Em séculos passados, quando era um produto raro e caro, só aparecia na mesa em ocasiões especiais, geralmente dos mais ricos, sendo consumida no clímax da refeição. Atualmente, o açúcar é um produto barato, o que tornou as guloseimas ultraprocessadas alimentos de consumo corriqueiro.
Seu consumo em excesso ou na rotina desencadeia o sistema neurológico de recompensa, quando cada vez mais precisamos de alimentos açucarados para nos sentirmos bem. O excesso o colocou no topo dos alimentos vilões e prejudiciais à saúde.
No entanto, como em muita coisa na alimentação, é necessário conhecê-lo para fazer escolhas inteligentes e na dose correta. Lembram daquela máxima: “O remédio pode curar ou matar, dependendo da dose que utilizamos”? Então…
TIPOS DE AÇÚCARES
• Açúcar mascavo: de coloração amarronzada, sabor intenso, resultado da extração do cozimento do caldo de cana. Preserva 11 sais minerais benéficos ao organismo.
• Açúcar demerara: o açúcar mascavo passa por um leve processo de purificação e refinamento e mantém uma coloração amarelada. Preserva também os sais minerais.
• Açúcar cristal: após o cozimento, passa por um refinamento moderado que retira cerca de 90% dos sais minerais e recebe produtos químicos para saborização.
• Açúcar refinado: obtido a partir do açúcar cristal, com granulometria fina. Acontece a remoção total dos nutrientes, sendo adicionado enxofre para
deixá-lo mais branco e saboroso.
– Açúcar orgânico: forma de plantio orgânico
ATENÇÃO COM A INFÂNCIA
Crianças até os 2 anos não devem consumir açúcar ou alimentos adoçados para não atrapalhar o desenvolvimento do paladar saudável. Eles são considerados “estimuladores” das papilas linguais responsáveis pelo gosto, e acabam competindo com sabores menos intensos.
VIDA DOCE COM SAÚDE
O mais importante é fazer como nos séculos passados e reservar o consumo de açúcar (o menos refinado possível) para os momentos de celebração e em pequenas doses. Equilíbrio traz saúde física e emocional!
Divido com vocês esta receita, da nutricionista materno infantil da Liga da Cozinha Afetiva Flavia Montanari.
Aline Ponce/Pixabay
BOLO COM CASCA DE MAÇÃ
Ingredientes:
- 1 xícara (chá) de leite desnatado
- 4 unidades de ovo
- 1 ½ xícara (chá) de açúcar mascavo
- 3 unidades de maçã descascada e cortada em cubos pequenos (reservar a casca)
- 2 ½ xícaras (chá) de farinha de trigo integral
- 1 colher (sopa) de fermento em pó químico
- Quanto baste de canela em pó (para decorar)
Modo de preparo
- Bater no liquidificador o leite e os ovos, acrescentar o açúcar, e as cascas das maçãs, e bater.
- Em outro recipiente separado, peneirar a farinha acrescentar o fermento e as maçãs picadas, misturar as duas misturas.
- Coloque em uma assadeira untada e enfarinhada, levar ao forno pré aquecido a 180 º C.
- Depois de pronto, polvilhar canela.
* DRA. RENATA ANICETO (CRM 88006) é médica formada pela Faculdade de Medicina do ABC e pediatria e hematologista pela FMUSP/SP. Aqui na revista AnaMaria, escreve sobre medicina culinária, nutrição afetiva e estilo de vida na infância @ligadacozinhaafetiva