Embora os nomes sejam parecidos, trombose e trombofilia não são a mesma coisa. Ambas estão relacionadas à formação de coágulos no sangue, mas envolvem situações distintas e exigem cuidados diferentes. Conhecer cada uma é fundamental para entender riscos, prevenção e formas de tratamento.
O que é trombofilia
A trombofilia é uma condição que indica maior propensão a desenvolver coágulos sanguíneos, conhecidos como trombos. Essa tendência pode estar ligada a fatores genéticos, como histórico familiar de trombose, ou ser adquirida ao longo da vida em decorrência de doenças e condições específicas, como infecções, câncer e até covid-19. Na gestação, a trombofilia pode levar a abortos espontâneos e, por isso, precisa ser diagnosticada.
Entre as causas hereditárias, destacam-se alterações como o fator V de Leiden, deficiência de proteínas C e S e mutação da protrombina. Apesar de ser bastante pesquisado, o gene MTHFR costuma ser mal interpretado e nem sempre está associado a um risco clínico relevante.
Vale lembrar que ter trombofilia não significa que a pessoa desenvolverá obrigatoriamente uma trombose. Em muitos casos, a condição só exige acompanhamento e medidas preventivas em situações de risco.
O que é trombose
A trombose ocorre quando um coágulo se forma em uma veia ou artéria, dificultando ou bloqueando a circulação do sangue. Dependendo do local afetado, pode gerar diferentes complicações:
- Trombose venosa profunda: geralmente nas pernas ou braços, causa inchaço e dor devido à dificuldade de o sangue retornar ao coração.
- Embolia pulmonar: acontece quando um trombo se desloca até o pulmão, bloqueando a circulação e causando falta de ar, alterações na pressão arterial e risco grave à vida.
- Acidente vascular cerebral (AVC): ocorre quando um coágulo impede a chegada de sangue ao cérebro, provocando sintomas como dificuldade de fala, visão comprometida, fraqueza em um lado do corpo e sonolência.
Entenda as diferenças entre trombose e trombofilia. Foto: FreePik
Na infância, a trombose é rara e, na maioria das vezes, provocada por fatores como cateter central, infecções graves ou câncer em tratamento. Nestes casos, geralmente não é necessária a investigação para trombofilia.
Como é feito o diagnóstico
A investigação de trombofilia costuma ser adiada até a adolescência, por volta dos 16 ou 18 anos, já que antes desse período raramente há mudança na conduta médica. Exceções podem ocorrer, por exemplo, quando há indicação para uso de anticoncepcionais em adolescentes com risco aumentado.
O diagnóstico da trombofilia é feito por meio de exames de sangue que avaliam os fatores de coagulação e anticoagulação, além de testes genéticos. Já a trombose é confirmada por exames de imagem, que permitem visualizar a obstrução do fluxo sanguíneo.
Tratamento e prevenção
O tratamento da trombose geralmente envolve o uso de anticoagulantes, que impedem o crescimento do coágulo e permitem que o próprio organismo o reabsorva. Em situações mais graves, podem ser usados medicamentos trombolíticos, capazes de dissolver o trombo.
A duração do tratamento depende do risco individual. Pessoas com trombofilia e histórico de trombose podem precisar de anticoagulantes de forma contínua. Já quem tem trombofilia, mas nunca apresentou um episódio, costuma usar o medicamento apenas em momentos de maior risco, como cirurgias, gestação, internações prolongadas ou viagens longas.
Resumo
Trombofilia é a predisposição para formar coágulos sanguíneos, enquanto a trombose é a ocorrência efetiva desse bloqueio na circulação. Conhecer as diferenças ajuda a compreender os riscos, identificar sinais de alerta e buscar o tratamento adequado para cada situação.
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