Com a chegada das férias, é muito comum as crianças aproveitarem o tempo livre para brincarem na piscina com os amiguinhos, na praia, correrem na rua, andarem de bicicleta ou de skate… Enfim, curtirem a infância! Infelizmente, nesse período as quedas e os acidentes também são muito comuns, o que pode gerar, principalmente, traumas dentários.
O impacto emocional e psicológico de um traumatismo desse tipo é bastante grande para pais e crianças porque, via de regra, esse é um local que sangra muito, incha bastante e pode gerar uma sensação de impotência. Afinal, como agir diante de uma situação como essa?
“As lesões traumáticas, infelizmente, são mais frequentes em crianças e jovens, tanto na fase pré-escolar como nos pré-adolescentes, ocorrendo em duas a cada três crianças antes da idade adulta”, explica a dentista Vivian Farfel, especialista em Odontopediatria e Ortodontia Integrativa pela USP.
“A primeira infância, que compreende a fase de 0 a 3 anos, é o período de maior risco para o traumatismo nos dentes, porque nesta fase, a curiosidade e a inquietude que levam a criança a explorar os ambientes são inversamente proporcionais a coordenação motora, que se mostra insuficiente para evitar quedas e promover a autoproteção, aumentando muito a ocorrência de lesões”, ressalta.
Os fatores mais comuns associados a esses traumas são:
- quedas ao andar ou correr;
- falta de equilíbrio e coordenação motora;
- colisão ou empurrão com outras crianças;
- quedas de objetos altos como camas, berços ou cadeiras;
- quedas contra objetos como mesas, banheiras e borda de piscinas;
- quedas de objetos móveis como motocas, triciclos e carrinhos.
Outros fatores, como morder objetos, acidentes durante atividades físicas, acidentes de trânsitos e a violência física também podem gerar questões como essas.
CONSEQUÊNCIAS DOS TRAUMAS DENTAIS
“Traumas em dentes ou em face de crianças e adolescentes geram um impacto tanto físico, quanto psicossocial. Um dente fraturado pode levar a limitação na mastigação, dificuldade de falar, gerar outros traumas a estruturas vizinhas, como lábios e gengiva”, explica a especialista. “Além disso, pode gerar uma barreira social, levando a criança a evitar sorrir por vergonha, afetando seus relacionamentos sociais.”
O traumatismo pode envolver apenas os dentes, ou também afetar os tecidos que os envolvem, como os ossos, gengiva e lábios. Ele pode ocorrer nos dentes permanentes, nos dentes de leite desde seu nascimento ou ainda, mais precocemente, com o trauma no rebordo alveolar do bebê (onde irão nascer os dentes). Essa não é uma ocorrência comum, mas que pode alterar a formação do dente de leite, dificultando ou impossibilitando o seu nascimento.
“As lesões traumáticas dentárias podem variar desde simples fraturas até a perda definitiva do elemento dentário. A fratura dentária pode ocorrer, em esmalte, na dentina, na coroa, na raiz e no osso que sustenta o dente. Pode ocorrer ainda traumatismos que não levam a fratura do dente, mas que geram algum dano à estrutura ao redor”, diz.
E O QUE FAZER?
As condutas recomendadas são específicas para cada tipo de traumatismo dental sofrido, por isso, é essencial procurar um especialista imediatamente após o acidente.
Em um primeiro momento, porém, papais e mamães podem tomar alguns cuidados, como manter a calma e, principalmente, acalmar a criança. Vale a pena também ficar atento ao estado neurológico da criança: se ela está responsiva, respirando bem, consciente do que está acontecendo, sem náuseas, visão dupla, vômitos, tontura ou dores de cabeça.
Lavar a região com água corrente também é um passo importante a ser dado antes do atendimento especializado, para remover corpos estranhos que possam estar no ferimento.
“Caso encontre algum fragmento do dente, ele deve ser armazenado em um meio de conservação adequado para que a/o odontopediatra avalie a possibilidade de utilizá-lo em um possível reparo do dente fraturado”, diz Vivian. “Caso ocorra a avulsão (saída) do dente por completo do osso, a conduta vai depender do dente envolvido, se for um dente de leite ou permanente.”
No mais, a recomendação mais importante diz respeito à prevenção: se atentar à criança para evitar acidentes é a melhor maneira de evitar traumas dentais que possam gerar questões futuras.