“Sim, os problemas emocionais podem causar tontura”, garante Saulo Nader, neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, também conhecido como Dr. Tontura. É a chamada vertigem fóbica, que tem relação com a ansiedade ou estresse excessivos. Ele explica que o sistema vestibular éformado pelos labirintos e, através de um nervo, enviam informações a uma área do cérebro responsável pelo controle do equilíbrio e postura.
Essa região é regida por uma química cerebral, que a faz funcionar adequadamente: “Mas a química pode sofrer um distúrbio e causar atontura. É assim que começa a vertigem fóbica”. Os sintomas mais comuns são o atordoamento, mal-estar e insegurança postural. A seguir, o especialista discorre sobre o mal e seu tratamento.
LUGARES ESPECÍFICOS
A vertigem fóbica costuma acontecer em ambientes com muita informação e conflito visual, como supermercados (com luz clara, prateleiras coloridas, grande movimento de pessoas e carrinhos), shoppings, feiras etc. Mas também pode ocorrer quando a pessoa se sente insegura em lugares específicos (ir à casa de um determinado parente, por exemplo).
ALTERAÇÃO QUÍMICA CEREBRAL
O nome vertigem fóbica deriva do fato de a alteração da química cerebral se alterar de forma muito semelhante à de quem sofre com muita ansiedade ou estresse intenso. E existe uma correlação entre ela e esses fatores. Vale lembrar que a tontura pode estar lincada também a outras doenças psiquiátricas, como depressão, bipolaridade, ansiedade e pânico.
MEDO COMO FATOR DESENCADEANTE
“Imagine uma pessoa que está caminhando normalmente e, de repente, se sente insegura, instável, como se fosse cair se continuasse a fazer o movimento”, explica o Dr. Tontura. Segundo ele, essas sensações, muitas vezes, vêm acompanhadas de sensação de medo. E, então, a pessoa pode sentir tontura, instabilidade e insegurança.
TRATAMENTO
A vertigem fóbica é um tipo bem diferente e peculiar de labirintite, muito relacionada sempre a questões emocionais. A boa notícia, segundo o neurologista, é que existe tratamento. “Se a pessoa tiver outra doença vestibular ativa, que foi perpetuada e piorada pela vertigem fóbica, essa doença também precisa ser tratada. Fora isso, existem remédios que trazem a química cerebral de volta para o lugar, aliviam os sintomas e permitem que se tenha uma vida completamente normal. O importante é fazer o diagnóstico para ter um tratamento adequado”, orienta.
‘LABIRINTITE DOS CRISTAIS SOLTOS’
Quem não conhece alguém que sofre de labirintite? O fato é: 3 em cada 10 brasileiros sofrem de tontura, porém a grande maioria dos casos recebe o diagnóstico errado. Infelizmente, esses pacientes passam anos tomando medicamentos inadequados, que podem até mesmo gerar efeitos colaterais, como ganho de peso, depressão ou Parkinson.
E se soubéssemos que a principal causa de labirintite não precisa de remédio para ser tratada e o
especialista pode curar o problema com as mãos? Exatamente isso! Existe a labirintite mais comum de todas (aproximadamente 70% dos casos de vertigem) que ocorre por soltura de cristaizinhos do interior do labirinto. Trata-se da VPPB (Vertigem Posicional Paroxística Benigna). Saulo Nader chama essa doença de Labirintite dos cristais soltos, para facilitar a compreensão de quem sofre desse mal.
A mágica por trás dessa doença tão comum é que ela pode ser curada com as mãos: “Há manobras que o médico treinado consegue realizar no atendimento para ‘varrer’ os cristais de volta para o lugar de onde não deveriam ter escapado. Pronto: doença tratada, nada mais de tontura”, enfatiza o neurologista. Se você sente vertigem (sensação de estar caindo, das coisas girando ou balançando) ao virar e mover rápido a cabeça, como quando se deita sobre o travesseiro e a cama parece girar ou quando olha rápido para o alto (para um gargarejo, pegar algo em um armário ou estender roupa), você pode ter a VPPB. Busque ajuda médica, pois seu caso pode ter fácil solução com as milagrosas ‘manobras manuais’.