O assunto é complexo. E apesar de, na teoria, muita gente ter consciência disso, na prática o preconceito é grande. “As pessoas tendem a achar que só o obeso é responsável pelos próprios problemas de saúde, quando, na realidade, há diversos fatores genéticos e ambientais que contribuem para a doença”, diz Cintia Cercato, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica). Tanto é verdade que o tratamento passa por diversas etapas: dieta, exercícios, remédio, terapia, cirurgia. Não é fácil! A seguir, veja as descobertas científicas mais recentes sobre esse universo:
Será que estou doente?
Para diagnosticar a obesidade, um dos métodos mais utilizados ainda hoje é a medição da massa gordurosa. A Federação
Internacional de Diabetes, por exemplo, estabelece que, a partir de 94 cm de circunferência abdominal em homens, e 80 cm em mulheres, o risco de doenças cardiovasculares aumenta. No entanto, outras pesquisas demonstraram que um novo método, mais personalizado, também é eficiente para detectar os riscos de problemas no coração. E ele é bem simples: a medição da circunferência abdominal deve ser menor do que a metade da sua estatura. Ou seja, se você mede 1,70 m (170 cm), sua cintura não deve medir mais que 85 cm. Lembrando que isso só vale para os adultos!
Tudo para perder peso
O tratamento para a doença é multidisciplinar. “Não adianta contar somente com o uso de medicamentos. É preciso que eles venham acompanhados de uma mudança no estilo de vida”, alerta Cintia. Os remédios podem, sim, ser bastante benéficos na
luta contra o excesso de peso, mas devem sempre ser prescritos pelos médicos. Em 2011, a Anvisa proibiu o uso de três substâncias inibidoras de apetite, restringindo as opções de tratamento da doença. Hoje, apenas três delas são permitidas. A mais
recente começou a ser comercializada há alguns meses e chama-se Saxenda. É um medicamento injetável.
Novas regras para a cirurgia
Quando a obesidade é considerada grave e aumenta o risco de mortalidade do paciente, a cirurgia bariátrica pode ser levada em conta pelos profissionais de saúde. No início deste ano, o Conselho Federal de Medicina ampliou as recomendações para quem está na luta contra a balança. Antes, o procedimento só era indicado para pessoas com o IMC (Índice de Massa Corpórea: seu peso
dividido pela altura ao quadrado) acima de 40 ou acima de 35, se associado a doenças como diabetes, apneia do sono, hipertensão
e artrite. Agora, a lista desses males abrange problemas em estágio grave, como asma, refluxo gastroesofágico, infertilidade,
ovários policísticos, incontinência urinária, depressão e outros.
Não existem milagres!
Quando o assunto é perda de peso, o que não faltam são métodos revolucionários e que prometem resultados imediatos. “Existem
supostos milagres sendo vendidos, mas que não possuem base científica para comprovar seu funcionamento no organismo”,
ressalta Cintia. Antes de aderir a um tratamento alternativo, seja ele com alimentos fitoterápicos ou com suplementos nutricionais,
busque a opinião de um profissional qualificado.
Não é só a alimentação…
São muitos os fatores que podem contribuir para o aumento do peso, sabia? Veja os mais importantes:
■ GENÉTICA
Todos nós conhecemos alguém que, não importa quanto coma, parece não engordar. Isso ocorre porque desenvolver ou não a doença depende do funcionamento de cada organismo. E parte significativa desse funcionamento está ligada à nossa herança familiar.
■ ESTILO DE VIDA
Comer fora de casa, fazer as refeições com pressa, não praticar atividades físicas, sofrer de constante estresse, dormir poucas horas
por noite… Tudo isso favorece a obesidade.
■ TABAGISMO
Um estudo mostrou que os indivíduos que deixam de fumar ganham, em média, de 5 a 6 kg! A boa notícia é que há remédios que
ajudam a controlar isso. Vale fazer um acompanhamento se decidir parar de fumar.
■ MEDICAMENTOS
No mercado, há diversos remédios que têm como reação colateral o ganho de peso. “Entre os antidepressivos, isso é muito comum”, diz a médica. Se notar um aumento exagerado de peso, converse com seu médico.