Uma equipe de pesquisadores franceses identificou um tipo sanguíneo novo em uma mulher da Ilha de Guadalupe, no Caribe. O achado foi anunciado pelo Serviço Francês de Sangue (EFS) e reconhecido oficialmente pela Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue. Trata-se do 48º sistema de grupo sanguíneo já registrado no mundo — um marco que vem despertando atenção entre médicos e cientistas.
De acordo com a EFS, o grupo foi batizado de “Gwada negativo”, em homenagem às origens da paciente, e o nome vem sendo bem aceito justamente por soar de forma clara em diferentes idiomas. Embora os primeiros sinais do grupo raro tenham surgido há mais de uma década, a confirmação só foi possível com tecnologias mais modernas de análise genética.
Entenda como o novo tipo sanguíneo foi identificado
Tudo começou em 2011, quando um exame pré-operatório detectou um anticorpo “muito incomum” em uma mulher de 54 anos, que vivia em Paris. Ela se preparava para uma cirurgia de rotina quando a equipe médica percebeu que algo no sangue dela não correspondia aos sistemas conhecidos até então.
Na época, os recursos tecnológicos ainda eram limitados. Assim, embora o caso tenha chamado atenção, os cientistas não conseguiam ir além na investigação. No entanto, em 2019, com o avanço das técnicas de sequenciamento genético de alta precisão, os pesquisadores finalmente desvendaram o mistério.
A análise revelou uma mutação genética herdada tanto do pai quanto da mãe da paciente — ambos portadores do gene alterado. Isso explica por que ela é, até o momento, a única pessoa identificada com esse novo tipo sanguíneo.
Por que a descoberta do “Gwada negativo” é tão importante?
Além de representar um avanço científico, a descoberta do “novo tipo sanguíneo” pode impactar diretamente os cuidados médicos de pessoas com grupos sanguíneos raros. Segundo o biólogo Thierry Peyrard, que participou da descoberta, encontrar novos sistemas sanguíneos significa aumentar as chances de atendimento seguro em casos de transfusões complexas.
A mulher identificada como portadora do “Gwada negativo” é, segundo os cientistas, compatível apenas consigo mesma — o que reforça a importância de localizar outras pessoas com o mesmo grupo, caso seja necessário realizar transfusões ou intervenções médicas futuras.
Embora o caso ainda seja único, a equipe segue em busca de indivíduos com o mesmo perfil genético. A esperança é que novas análises genômicas ajudem a mapear mais portadores desse grupo ou de outros ainda não descobertos.
Avanços da ciência podem revelar outros tipos sanguíneos raros
O primeiro sistema de grupos sanguíneos — o famoso ABO — foi descrito no início dos anos 1900. Desde então, a medicina já reconheceu dezenas de sistemas diferentes, cada um com características e combinações únicas. Porém, foi nos últimos anos, com o uso do sequenciamento de DNA, que o ritmo dessas descobertas se acelerou.
Graças à biotecnologia e à genética, especialistas têm conseguido observar mutações antes imperceptíveis. O resultado disso? Mais segurança em procedimentos de transfusão, diagnósticos mais precisos e cuidados individualizados para pessoas com grupos raros, como o recém-nomeado “Gwada negativo”.
Resumo: Pesquisadores franceses identificaram o 48º sistema sanguíneo do mundo, chamado Gwada negativo, em uma mulher da Ilha de Guadalupe. O grupo foi reconhecido internacionalmente e destaca como a genética pode contribuir para melhorar os cuidados com pessoas que possuem tipos sanguíneos raros. A descoberta reforça a importância da inovação na medicina e acende o alerta para identificar outros portadores desse grupo único.
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