Coração de mãe vive em desassossego: temos medo que a vida arranque os filhos da gente ou que a gente seja arrancada da vida dos filhos. Solange Couto, 59 anos, sentiu isso na pele – e no peito – há pouco mais de dois meses, quando teve um infarto. Enquanto esperava o socorro, a atriz manteve-se incrivelmente calma. Mas rezou, pedindo para não ter de deixar o filho caçula, Benjamim, de 4 anos. “Minha fé sempre foi grande, tenho ligação direta com Deus”, diz ela. As orações e a angioplastia a que foi submetida deram certo. Poucos dias depois do susto, Solange já estava pegando no batente, preparando-se para retornar à Globo, onde não atuava havia cinco anos.
Ela agora é a Vanda da nova temporada de Malhação. A atriz anda se surpreendendo com o desempenho do cantor Lucas Lucco, o intérprete de Uodson, seu filho mais velho na trama. “Pensei que poderia ter dificuldades, que ele chegaria atrasado, não teria tempo para decorar texto, essas coisas. Só que não, ele é superaplicado, me surpreendi”, fala. Acompanhe, a seguir, o bate-papo que tivemos com a atriz.
Você está voltando a trabalhar depois de um infarto, um susto muito grande. Já superou?
Foi um sustão. O médico me liberou para gravar, mas o Léo [Leonardo Nogueira, diretor da nova temporada de Malhação] me manteve longe por cuidado e por carinho. Eu sou uma pessoa que não tem histórico nenhum, então, não havia a mínima probabilidade de acontecer um problema desse tipo. Não bebo, não fumo, sou diurna e faço atividade física com regularidade.
Percebeu logo que se tratava de um infarto?
Eu entendi que era um infarto quando fui para o banheiro e senti náusea, vontade de evacuar e sudorese. São as características. Eu já tinha lido muito sobre isso.
E se manteve calma mesmo assim?
Eu me mantive absolutamente calma. O médico depois disse que esse fato me favoreceu muito. Eu logo pensei: “Tenho que me manter calma, respirar devagar e chamar alguém”. Pedi o telefone para a babá e liguei para um médico amigo meu.
Pensou no Benjamim nesse momento?
Meu filho estava acordado, estava na sala. Mas naquele momento eu nem estava pensando nele, e sim no que eu tinha que fazer para me manter bem até chegar o socorro.
Você é sempre tranquila assim?
Eu sou exatamente o oposto do que todo mundo pensa! O público me confunde com a Jura [personagem de Solange Couto na novela O Clone, de 2001]. Tenho 1,78 m, voz forte e gestos largos, mas na minha casa falo baixo, gosto de som baixo, leio muito, gosto de ponto-cruz e cuido das plantas. Durmo entre 22h e 23h, no máximo.
Chegou a pensar que iria morrer?
Depois que falei com o médico e que liguei para uma amiga minha para me socorrer, rezei um Pai-Nosso e conversei com Deus. Eu falei: “Pai, o Senhor me deu um ser que tem 4 anos, não vá me tirar dele agora”.
Tem medo da morte?
Não tenho medo de morrer, de desaparecer, só penso no fato de deixar o Benjamim sozinho. Apesar de que ele não ficaria sozinho, a família do meu marido é muito unida.
Seus hábitos mudaram depois do infarto?
Não mudei nada na minha alimentação, ela já não tinha fritura nem gordura. Somente nos exercícios: tive que moderar. Agora faço 15 minutos de caminhada diariamente, antes malhava quase duas horas e meia. Vou fazer novos exames e, dependendo do resultado, o médico me libera para 40 minutos de exercícios diários. Optei por natação e dança de salão, que não exigem
tanto esforço.
Você tem um filho de 41 anos, uma de 24 e um de 4. Como foi ter sido mãe em fases tão diferentes da vida?
A diferença maior é o aprendizado que acumulamos. E quanto mais tarde nos tornamos mãe, mais disponibilidade e paciência para lidar com a criança vamos ter.
Já declarou uma vez que seu apetite sexual estava aumentando com a idade. Isso continua acontecendo?
Eu não diria que meu fogo está aumentando, mas acho que em casa anda tudo certo. O Jamerson [29 anos], meu marido, nunca reclamou de nada! Acho que ele não tem tempo para dar “voltinhas”.