Compulsão é uma característica do ser humano. Todos nós, em algum momento, somos tomados por um desejo irredutível de fazer algo que, num instante, gera prazer, mas, logo em seguida, causa mal-estar e culpa.
Dentre as inúmeras compulsões que as pessoas estão propícias a ter, a compulsividade por compras (oneomania) é bastante recorrente. O transtorno causa um impulso de comprar, mesmo que não haja necessidade ou que aquilo traga arrependimento ou prejuízo financeiro depois.
Não é incomum que o portador do transtorno nem abra os pacotes e acabe doando o que comprou – um forte indicativo de que a compra foi apenas para satisfazer ao impulso.
O avanço da informática aumentou a incidência do problema, pois tecnologias de pagamento mais avançadas dispensam o uso de dinheiro em espécie e até a própria presença do comprador – o que faz com que o impulso seja facilitado. Ainda se sabe pouco sobre o problema e ainda há muito o que estudar a respeito.
Constatou-se, no entanto, que, ao contrário do que se pensava nos anos 90, o mal não acomete só mulheres. Pesquisas concluíram que o transtorno também é comum nos homens. E classe econômica não interfere também. Qualquer pessoa está suscetível. Você tem dificuldade em resistir às compras? Está com problema financeiro por conta disso? Talvez seja bom tratar o problema.
Para ajudar, aqui vão algumas dicas: observe suas finanças e tente controlá-las, evitando gastos desnecessários. Faça um esforço para conseguir; tente entender os gatilhos, o que sente e o que a leva a esses gastos; se esforce para economizar, guardar dinheiro.
Não consegue? Pense, então, na possibilidade de recorrer à ajuda de um psiquiatra, que é o especialista indicado para o tratamento. Muitas vezes, a compulsão está associada a outras doenças que precisam ser diagnosticadas. A psicoterapia e medicamentos podem ser necessários.
LUIZ SCOCCA é psiquiatra com mais de 20 anos de atendimento em consultório próprio, além da participação em grupos de estudo, congressos e projetos sociais. Formado pela USP e membro das associações brasileira e americanade psiquiatria: ABP e APA.