A Síndrome dos ovários policísticos (SOP), também chamada de Síndrome de Stein-Leventhal, figura entre as principais causas de infertilidade feminina, segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).
Dados do Ministério da Saúde indicam que a condição pode afetar até 10% das mulheres em idade reprodutiva. Ainda assim, receber esse diagnóstico não significa, necessariamente, que a gravidez não será possível.
De modo geral, a SOP envolve alterações no sistema endócrino e reprodutivo, o que impacta diretamente o funcionamento dos ovários. Por isso, compreender como essa condição age no organismo ajuda a reduzir medos, esclarecer dúvidas e orientar escolhas mais conscientes sobre saúde e planejamento familiar.
Como a SOP interfere na ovulação
O principal mecanismo da Síndrome dos Ovários Policísticos está ligado à disfunção ovulatória. Em vez de liberar óvulos de forma regular, os ovários passam a acumular pequenos folículos, geralmente mais de 10 a 12 em cada ovário, que não completam o processo de ovulação. Como resultado, os ciclos menstruais se tornam irregulares ou até ausentes.
Além disso, muitas mulheres com SOP desenvolvem resistência à insulina. Ou seja, o organismo encontra dificuldade para metabolizar a glicose, o que leva o pâncreas a produzir mais insulina. Consequentemente, esse excesso estimula o aumento dos hormônios androgênios, como a testosterona, prejudicando ainda mais a ovulação e o equilíbrio hormonal.
Quem tem SOP pode engravidar?
Apesar do impacto na ovulação, a Síndrome dos ovários policísticos não impede, por si só, a gravidez. Segundo a ginecologista e especialista em reprodução humana Maria do Carmo Borges de Souza, da Clínica Fertipraxis, é incorreto afirmar que mulheres com SOP não podem engravidar.
De acordo com a médica, a ovulação acontece com menor frequência, mas não deixa de ocorrer. Portanto, muitas mulheres conseguem engravidar naturalmente, especialmente quando recebem acompanhamento médico adequado. No entanto, a especialista alerta que a condição pode aumentar o risco de algumas complicações, como abortamentos espontâneos, diabetes gestacional e pré-eclâmpsia.
A resistência à insulina, comum na Síndrome dos Ovários Policísticos, gera um efeito em cadeia no organismo. Com o aumento da insulina circulante e dos androgênios, surgem sintomas como acne, aumento de pelos no corpo e ganho de peso. Além disso, a manutenção desse quadro ao longo dos anos pode elevar o risco de doenças metabólicas e cardiovasculares.
Tratamento da SOP
O tratamento da Síndrome dos ovários policísticos varia conforme a intensidade dos sintomas, a idade da paciente e os planos relacionados à gravidez. De forma geral, especialistas indicam uma combinação de medicamentos, como anticoncepcionais, metformina ou espironolactona, e mudanças no estilo de vida.
Além disso, a prática regular de atividade física e uma alimentação equilibrada ajudam a controlar o peso, melhorar a sensibilidade à insulina e regular os ciclos menstruais. Quando existe o desejo de engravidar, tratamentos específicos para indução da ovulação também podem ser indicados, sempre com acompanhamento médico.
Resumo: A Síndrome dos ovários policísticos pode dificultar a ovulação, mas não impede a gravidez na maioria dos casos. Com diagnóstico correto e tratamento adequado, muitas mulheres conseguem engravidar. Além da fertilidade, o cuidado com a SOP protege a saúde hormonal e metabólica a longo prazo.
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