Oscilações no apetite fazem parte do crescimento, mas quando a criança permanece cansada, irritada ou desinteressada por comida, o ideal é observar de perto. Embora muitos adultos associem esses sinais ao calor, ao ritmo da escola ou a uma “fase”, especialistas alertam que, muitas vezes, esse comportamento indica uma infecção intestinal — mesmo quando não há febre alta ou dor intensa.
De acordo com Carlos Alberto Reyes Medina, Diretor Médico da Carnot Laboratórios, crianças costumam manifestar infecções gastrointestinais de forma discreta. Ele explica que, diferente dos adultos, as crianças nem sempre conseguem expressar onde dói ou o que estão sentindo. Muitas vezes, o primeiro sinal é justamente a queda de energia, a perda de apetite e o desinteresse pelas atividades diárias. Portanto, mesmo sintomas aparentemente leves merecem atenção.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que infecções intestinais estão entre as causas mais comuns de adoecimento infantil. Crianças menores de cinco anos representam mais de 40% dos casos globais de gastroenterite, principalmente por alimentos contaminados ou água não tratada. No Brasil, estudos apontam prevalência de quadros como giardíase e amebíase, especialmente em ambientes escolares.
Como a infecção intestinal altera o comportamento da criança
Embora muitos pais associem infecção intestinal apenas à diarreia intensa, quadros leves podem se apresentar de forma mais sutil. Conforme explica o especialista, essas infecções provocam distensão abdominal, fezes pastosas, náuseas e até o famoso mau humor matinal. Assim, a criança passa a comer pouco, perde energia e pode apresentar dificuldade de concentração na escola.
O quadro pode se arrastar por semanas quando não há diagnóstico. “A criança fica prostrada, come pouco, perde peso e tem dificuldade de se concentrar na escola. Isso impacta diretamente o desenvolvimento e a disposição”, detalha Carlos. Por isso, quanto antes os responsáveis reconhecem os sinais, mais rápido o tratamento ocorre.
Outro ponto importante é evitar a automedicação. Segundo Carlos, antidiarreicos, chás caseiros e analgésicos mascaram sintomas e até pioram alguns tipos de infecção intestinal. Cada situação — viral, bacteriana ou parasitária — exige um tratamento diferente. Só a avaliação profissional pode determinar o cuidado correto.

Como prevenir a infecção intestinal
A boa notícia é que medidas simples ajudam a prevenir a infecção intestinal em crianças. Carlos orienta reforçar os cuidados com a higiene dos alimentos, incentivar hidratação constante e criar hábitos seguros no ambiente escolar. Lavar bem as mãos antes das refeições, higienizar frutas e verduras e beber água filtrada reduzem significativamente o risco de contaminação.
Além disso, orientar a criança a não compartilhar talheres, copos ou garrafinhas faz diferença — especialmente em escolas e creches. Esses cuidados diários diminuem episódios recorrentes e mantêm a rotina equilibrada.
Pais também devem observar sinais como irritabilidade constante, sono excessivo, dores de barriga repetidas ou alterações nas fezes. Embora alguns quadros passem quase despercebidos, pequenos comportamentos fora do padrão podem indicar infecção intestinal inicial, principalmente quando a criança sem apetite demonstra queda de energia.
Quando buscar ajuda médica?
A avaliação profissional é essencial, sobretudo quando os sintomas persistem. Quando o diagnóstico ocorre no início, o tratamento costuma ser rápido, eficaz e evita complicações como desidratação e perda de nutrientes. “O mais importante é não normalizar sintomas persistentes. O corpo sempre avisa quando algo não vai bem e, no caso das crianças, os sinais costumam estar no comportamento”, reforça.
Em alguns casos, exames laboratoriais identificam vírus, bactérias ou parasitas, permitindo um plano de cuidado adequado.
Resumo: A combinação entre cansaço, irritabilidade e falta de apetite pode indicar uma infecção intestinal. Segundo especialistas, sinais leves merecem atenção e avaliação pediátrica. Com diagnóstico precoce e prevenção adequada, a criança recupera energia e bem-estar rapidamente.
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