A doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa que afeta o sistema nervoso central, em especial o sistema motor, responsável pelo controle dos movimentos do corpo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1% da população mundial com mais de 65 anos tenha a doença.
No Brasil, estima-se que há 250 mil casos, segundo o Ministério da Saúde. E a maior recorrência entre os idosos não livra os mais jovens. Embora seja mais comum em pessoas acima dos 60 anos, os primeiros sintomas de Parkinson podem surgir antes dos 50.
Por isso, o rápido diagnóstico pode ser crucial para possíveis novos pacientes , aumentando as chances de um convívio saudável com a enfermidade. A neurocientista Carolina Souza, especializada no tratamento de reabilitação motora e cognitiva da doença, explica o surgimento da enfermidade.
A principal causa do Parkinson é a redução progressiva da produção de dopamina, molécula que regula os movimentos. Quando a produção reduz, os sinais entre as células nervosas se tornam menos eficientes, resultando em sintomas como tremores, rigidez muscular e lentidão nos movimentos.
A neurocientista acrescenta: “A degeneração neurológica inicial ocorre de forma gradual, afetando áreas específicas do cérebro responsáveis pelo movimento, humor e funções cognitivas. Isso faz com que os sintomas apareçam de maneira lenta e progressiva, tornando difícil identificá-los precocemente.”
Os primeiros sinais de alerta de Parkinson
Detectar a doença de Parkinson nos estágios iniciais é um desafio, pois os primeiros sintomas podem ser confundidos com sinais de envelhecimento normal ou outras condições. No entanto, é possível fazer a diferença na qualidade de vida do paciente: a chave está nos pequenos sinais.
Carolina Souza destaca três principais sinais aos quais todos devem estar atentos:
1. Tremores leves e involuntários: os tremores, especialmente nas mãos, são um dos sinais mais característicos do Parkinson. Eles podem surgir mesmo em repouso e frequentemente são ignorados ou atribuídos ao estresse ou cansaço. “Esse é um dos sinais mais característicos e pode aparecer anos antes de outros sintomas se manifestarem”, explica a especialista.
2. Alterações na mobilidade e coordenação: movimentos que antes eram automáticos, como caminhar ou levantar-se de uma cadeira, podem começar a demorar mais tempo. A rigidez muscular e a bradicinesia, que é a lentidão dos movimentos, são sinais comuns e devem ser monitorados de perto. Essas mudanças, embora sutis, podem indicar que algo está errado.
3. Mudanças na postura e equilíbrio: pessoas com Parkinson podem começar a se inclinar para frente ou para trás sem perceber, e quedas podem se tornar mais frequentes. Alterações na postura e no equilíbrio são sinais importantes de que o sistema nervoso central está sendo afetado. Carolina reforça a importância de estar atento a esses sinais, que muitas vezes são ignorados.
A importância do diagnóstico precoce
Identificar o Parkinson nos estágios iniciais é crucial para retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente. Uma vez que a condição é diagnosticada, o tratamento deve ser iniciado imediatamente, como destaca a também professora da UNIFESP.
Ela acrescenta que o tratamento envolve uma combinação de medicamentos, que ajudam a controlar os sintomas, e terapias de reabilitação, como fisioterapia e terapia ocupacional, que visam manter a mobilidade e independência do paciente pelo maior tempo possível.
A reabilitação física é ainda mais importante, destaca Souza: “Tratamentos como a neuromodulação não invasiva e a terapia ocupacional têm se mostrado eficazes na manutenção da mobilidade e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes com Parkinson.”
É importante lembrar que, apesar de ser uma doença progressiva, o Parkinson não precisa definir a vida do paciente. Com o tratamento certo e o apoio necessário, é possível continuar a viver de forma plena, superando os desafios que a doença impõe.
E não faltam exemplos! Entre os famosos, Renata Capucci, Michael J. Fox, Eduardo Dussek, Ozzy Osbourne e outras estrelas nacionais e mundiais já falaram abertamente sobre o diagnóstico de Parkinson. A aceitação, o tratamento e o apoio familiar são fundamentais para encarar a doença.
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