Todos os anos a campanha Outubro Rosa nos lembra da importância de cuidar da saúde da mama, mas a conversa não precisa parar por aí. Você sabia que outros cânceres ginecológicos, como os do colo do útero, endométrio e ovário, também merecem atenção? Falar sobre sinais, prevenção e vacinação ajuda a encarar o tema sem medo e a se cuidar de forma completa.
Graziela Canheo, ginecologista e especialista em reprodução humana da La Vita Clinic, lembra que a prevenção envolve não apenas exames, mas cuidados diários com a saúde e hábitos saudáveis, além da vacinação.
Cânceres ginecológicos mais comuns
Além do câncer de mama, os tipos mais frequentes de tumores ginecológicos são:
- Câncer de colo do útero: causado principalmente pelo vírus HPV. Fatores de risco incluem tabagismo, imunodeficiências e sexo sem proteção.
- Câncer uterino (endométrio): mais comum na pós-menopausa, está associado à obesidade, diabetes, exposição ao estrogênio sem progesterona, síndrome dos ovários policísticos e histórico familiar.
- Câncer de ovário: mais raro, mas com evolução mais silenciosa. Fatores de risco incluem idade acima de 60 anos, histórico familiar e mutações genéticas.
“Cânceres da vulva e vagina são mais raros, mas também estão ligados ao HPV”, completa Paula Fettback, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana pela FEBRASGO.
Sintomas que não podem ser ignorados
Observar o corpo e procurar orientação médica diante de sinais como sangramento vaginal fora do período menstrual, dor pélvica persistente, distensão abdominal, corrimento com sangue ou alterações no padrão urinário e intestinal é essencial. “Muitos desses cânceres são silenciosos até fases mais avançadas, reforçando a importância dos exames de rotina”, diz Paula.
Exames e diagnóstico precoce
O rastreio regular salva vidas. O Papanicolau e o teste de HPV permitem detectar lesões pré-cancerosas antes que evoluam para o câncer de colo do útero. Já o câncer de endométrio é investigado principalmente por meio da atenção a sangramentos anormais, ultrassom e biópsia. Já o câncer de ovário não possui exames de triagem eficazes. “Quando realizados corretamente, os exames de rastreio possibilitam o diagnóstico precoce, melhorando as chances de cura”, afirma Graziela.

Prevenção
Incorporar prevenção na rotina não precisa ser complicado. Alimentação equilibrada, prática de atividade física, sono de qualidade, manutenção do peso e evitar substâncias tóxicas já fazem diferença.
Outro ponto-chave é a vacinação contra HPV, que protege contra o vírus que causa a maioria dos cânceres de colo do útero.
“A vacinação oferece benefícios claros. Estudos mostram que ela pode reduzir em até 80% as chances de retorno da infecção em pessoas que já tiveram lesões causadas pelo HPV”, diz o Fábio Argenta, diretor médico e sócio-fundador da Saúde Livre Vacinas.
Ele reforça ainda que a vacina deve ser aplicada mesmo em pessoas que já tiveram contato com o vírus. “Quem foi infectado por um subtipo ainda pode se proteger contra outros ao se vacinar”, completa.
Existem diferentes tipos de vacinas:
- Quadrivalente (Gardasil): protege contra HPV 6, 11, 16 e 18. Indicada para meninas e meninos de 9 a 14 anos, pessoas com HIV, transplantados, pacientes oncológicos e vítimas de violência sexual.
- Bivalente: protege contra HPV 16 e 18, disponíveis na rede privada, indicada a partir dos 9 anos sem limite de idade.
- Nonavalente (Gardasil 9): protege contra 9 subtipos de HPV (6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58). Pode ser aplicada em pessoas de 9 a 45 anos em casos específicos, como histórico de HIV, transplantados ou vítimas de violência sexual.
Mitos que precisam ser desmistificados
Durante campanhas como o Outubro Rosa, é fundamental esclarecer boatos que ainda circulam:
- “Se não tenho sintomas, não preciso de exames.” Falso. O rastreio precoce salva vidas.
- “Vacina contra HPV incentiva atividade sexual.” Sem lógica. A vacina previne o câncer e deve ser aplicada antes da exposição ao vírus.
- “Câncer é sempre hereditário.” A maioria não é, mas o histórico familiar merece atenção e acompanhamento médico.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1489, de 3 de outubro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
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