Um copo de bebida aparentemente inofensivo pode esconder um risco invisível. Nos últimos meses, casos graves de intoxicação chamaram a atenção de autoridades de saúde em todo o país – algumas vítimas chegaram a perder a visão ou morrer após consumir bebidas alcoólicas falsificadas. Em comum, todas apresentavam um mesmo componente perigoso: o metanol.
Embora o nome seja conhecido apenas por quem atua na indústria química, o metanol é um líquido transparente, inflamável e altamente tóxico. Quando ingerido, o fígado transforma a substância em compostos ainda mais perigosos, capazes de causar danos neurológicos e até levar ao coma.
Como o metanol vai parar nas bebidas
As ocorrências mais recentes foram associadas à produção irregular em fábricas clandestinas. Em alguns casos, o etanol usado em postos de gasolina foi misturado à bebida; em outros, a contaminação ocorreu durante o processo de fermentação e destilação, quando o metanol não é separado corretamente.
Segundo Milena Santos, assessora científica da Kasvi, há também situações em que o problema não é intencional. “As causas não fraudulentas são: fermentação natural de pectinas, presentes em frutas e cana; destilação mal conduzida, que concentra o metanol no destilado; e uso de matéria-prima contaminada ou recuperação inadequada de resíduos alcoólicos”, explica.
Essas falhas tornam difícil identificar a origem da contaminação, o que reforça a importância de consumir apenas bebidas com procedência comprovada e registro nos órgãos reguladores.
Sinais que indicam bebida adulterada
A análise laboratorial é o único método capaz de confirmar a presença de metanol. Mesmo assim, há sinais de alerta que podem ser percebidos antes da compra ou consumo. Preços muito baixos, embalagens improvisadas, ausência de rótulos e de registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) ou na Anvisa são indícios de irregularidade.
O cheiro também pode entregar o risco. Bebidas com odor forte e irritante, semelhante a solventes, merecem atenção. Outro teste possível é observar a cor da chama: enquanto o etanol queima com uma chama azul-amarelada e visível, o metanol produz uma chama azul-clara, quase imperceptível.

Sintomas e o que fazer em caso de suspeita
Os sinais de intoxicação por metanol costumam surgir entre seis e 24 horas após a ingestão. Náusea, tontura, dor de cabeça, visão borrada e dor abdominal intensa são sintomas iniciais. Em casos mais graves, podem ocorrer perda de coordenação, cegueira e coma.
A semelhança com uma simples ressaca faz com que muitos ignorem o perigo, mas a evolução é rápida e exige atendimento médico imediato. Quanto antes o paciente for tratado, maiores são as chances de recuperação sem sequelas.
Diagnóstico e análise laboratorial
Quando há suspeita de contaminação, os exames laboratoriais ajudam a confirmar o diagnóstico e medir o grau de intoxicação. “Os principais métodos são a cromatografia gasosa (GC), padrão internacional para quantificação de metanol e outros álcoois, e a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) com derivatização”, explica Milena.
Ela acrescenta que também existem kits rápidos, baseados em reações químicas que mudam de cor na presença de metanol, úteis para triagem inicial, mas que não substituem as análises completas em laboratório.
A Kasvi, empresa especializada em soluções para pesquisa e diagnóstico, fornece insumos e equipamentos utilizados nesses processos, como filtros, microtubos, pipetas e centrífugas, garantindo resultados confiáveis e ágeis.
Resumo:
A ingestão de bebidas falsificadas pode causar intoxicação grave por metanol, substância tóxica e sem cheiro característico. Preços muito baixos, embalagens improvisadas e ausência de rótulo são sinais de alerta. Em caso de sintomas, é essencial procurar atendimento médico imediatamente para evitar sequelas permanentes.
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