A doença, que afeta uma em cada dez brasileiras, dificulta a gestação, mas não a impede de acontecer. Entenda melhor o problema, conheça os níveis de gravidade, os sintomas e os recursos para se ver livre do problema.
Cólica, dor pélvica, incômodo durante o sexo e menstruação irregular. Esses são os principais sintomas causados pela endometriose, uma doença que atinge cerca de 7 milhões de brasileiras.
Segundo a Associação Brasileira de Endometriose, o problema afeta de 10% a 15% das mulheres em idade fértil (12 a 45 anos). A atriz Tatá Werneck, que espera o primeiro filho do também ator Rafael Vitti, está na luta contra a doença. Giovanna Ewbank e Wanessa Camargo já se submeteram à cirurgia.
ENTENDENDO A DOENÇA
Ela ocorre quando o endométrio, tecido que reveste o útero, cresce para fora do órgão.
“O desenvolvimento do endométrio faz parte do ciclo reprodutivo da mulher. Ao longo desse período, o tecido cresce e, quando não ocorre uma gravidez, ele é eliminado mensalmente em forma de menstruação. Entretanto, em algumas mulheres, as células desse tecido chegam à cavidade abdominal, multiplicando-se e provocando a endometriose. A localização mais frequente do problema é a retrouterina, mas pode também comprometer os ovários, as trompas, a bexiga, o intestino e o peritônio (membrana fina que envolve os órgãos do abdômen)”, esclarece Geraldo Caldeira, ginecologista e obstetra membro da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH).
A doença acaba sendo associada à infertilidade para muitas mulheres, mas a gravidez é, sim, possível.
OS TIPOS
“Caracterizamos a endometriose como superficial quando há tecido endometrial acometendo a área que reveste as paredes do abdômen (peritônio). A versão moderada do problema ocorre quando os focos de tecido endometrial se fixam nos ovários, formando cistos ovarianos, os chamados endometriomas. Eles podem afetar diretamente na ovulação e na fertilidade da mulher. Já a endometriose profunda, o mais grave dos tipos, acontece quando o tecido endometrial atinge mais de 5 mm de profundidade e, com isso, afeta os ligamentos uterinos, a região retrocervical, a bexiga e o intestino também”, explica.
OS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO
- Sistema imunológico deficiente;
- Começar a menstruar muito cedo;
- Nunca ter tido filhos;
- Ciclos menstruais frequentes;
- Menstruações que duram muito (sete dias ou além disso);
- Anormalidades no útero.
ELA PODE ATINGIR OUTROS ÓRGÃOS?
Ter a doença em outras partes do corpo não é sinal de agravamento. A causa mais conhecida para isso é a “menstruação retrógrada”, que acontece quando o fluxo sanguíneo volta pelas tubas uterinas e vai para órgãos próximos.
“Os mais atingidos pela endometriose são os ovários, as trompas, os ligamentos útero-sacros, o peritônio e o útero. O intestino grosso, a bexiga e os ureteres também podem apresentar lesões. Em casos mais raros, a endometriose pode chegar ao diafragma e aos pulmões”, diz Caldeira.
OS SINTOMAS MAIS COMUNS
- Infertilidade;
- Dor no abdômen e/ou cólicas intensas que podem ocorrer até mesmo antes da menstruação;
- Incômodo durante a relação sexual com penetração;
- Fadiga;
- Dor e sangramento ao urinar e evacuar, especialmente no período menstrual;
- Diarreia.
EU TENHO?
O diagnóstico precoce é essencial para trazer de volta a qualidade de vida da mulher, além de preservar a fertilidade. Para isso, o ginecologista deve realizar exames clínicos, ultrassom intravaginal e ressonância magnética pélvica. É importante saber: não há prevenção.
OS POSSÍVEIS TRATAMENTOS
Primeiro, considere o estágio da doença, a idade e a vontade da paciente de ter filhos. Os medicamentos hormonais, como as pílulas anticoncepcionais, ajudam a reduzir consideravelmente, ou por completo, o sangramento menstrual.
Isso impede o agravamento dos sintomas. Lesões maiores devem ser retiradas cirurgicamente. Quando a mulher já teve os filhos que desejava ou o caso é muito grave, a remoção dos ovários e do útero pode ser considerada uma alternativa.