O ‘Outubro Rosa’ é marcado por diversas ações que tem como objetivo principal sensibilizar a população e promover o compartilhamento da importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, que é o tipo mais incidente em mulheres e a 5ª maior causa de morte (por câncer) em todo o mundo.
No Brasil, com exceção dos tumores de pele, a doença também é a mais recorrente. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no país 66.280 novos casos de câncer de mama. Ou seja: com um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.
De acordo com o endocrinologista pediátrico Miguel Liberato, a incidência desse tipo de câncer tende a crescer progressivamente a partir dos 40 anos, assim como sua taxa mortalidade.
“Diversos são os fatores que estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença. Mas, além da idade, posso exemplificar alguns, como: fatores comportamentais e genéticos, histórico reprodutivo e fatores endócrinos, considerando neste último, a puberdade precoce”, explica.
PUBERDADE PRECOCE VERSUS CÂNCER DE MAMA
Puberdade precoce é o surgimento dos primeiros sinais físicos de puberdade antes dos oito anos de idade em meninas e dos nove em meninos. Nelas, é observado principalmente o surgimento do broto mamário, isto é, um pequeno nódulo na região dos mamilos.
Depois, costuma vir o crescimento gradativo das mamas, o surgimento de pelos pubianos e axilares e, finalmente, a primeira menstruação. Na maior parte dos casos, ressalta o médico, não existe um motivo específico determinado para isso.
“Como os níveis hormonais no sangue podem não ser mensurados com facilidade nas fases iniciais, a avaliação clínica com um endocrinologista pediátrico é fundamental e o principal pilar do diagnóstico, que é feito através da observação dos sinais de evolução na mama, no crescimento e o avanço da idade óssea”, destaca.
Liberato explica ainda que a relação entre a puberdade precoce e o câncer de mama dá-se através do tempo de exposição aos hormônios femininos. Então, quanto mais exposta ao estrógeno – hormônio que está relacionado a fase reprodutora da mulher e vai da puberdade até o início da menopausa – maior é a chance de se desenvolver câncer de mama.
“Dessa forma, é preciso evitar que a puberdade se inicie antes do tempo, aumentando o tempo de exposição a este hormônio. Normalmente, mulheres a partir dos 40 anos são mais propensas a desenvolverem a doença, visto que, nesta fase, já tem uma exposição mais prolongada”, explica o médico.
Em um recente estudo publicado pela Universidade de Cambrigde, na Inglaterra, para cada ano que antecede a idade regular da puberdade, as chances de desenvolver câncer de mama aumentam em 6%.
“Então, é muito importante estarmos atentos aos sinais mais precoces de início de puberdade na menina e, se algum deles ocorrer antes dos 8 anos, procurar um especialista, pois existe tratamento e, assim, pode-se evitar problemas e ainda prevenir a possibilidade de câncer de mama num futuro”, aconselha o endocrinologista.
FATORES QUE INFLUENCIAM
Miguel destaca que alguns fatores comportamentais ajudam a diminuir o risco de câncer de mama, dentre eles a amamentação. “Pois está relacionada a forte esfoliação do tecido mamário, às alterações na estrutura da mama, à intensa troca de células epiteliais ao final do tempo de amamentação e a redução do tempo de exposição da mãe ao estrogênio e outros hormônios”, diz o especialista.
A prática de atividade física também ajuda a diminuir o risco, já que promove a redução da gordura corporal. Possivelmente, o efeito protetor se dá por meio da redução dos níveis circulantes de estrogênio, da resistência a insulina e da inflamação – todos relacionados ao desenvolvimento do câncer de mama na pós-menopausa.
“Em casos de câncer de mama na pré-menopausa, somente a atividades de intensidade vigorosa como nadar, correr, ciclismo, entre outros, demonstraram um provável efeito protetor no risco da doença”, conclui o médico.