A possibilidade de contaminação por álcool em uma linha de produção de refrigerantes da Coca-Cola, em Fortaleza (CE), deixou muitos consumidores em alerta nesta semana. O caso, investigado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), levou à suspensão preventiva das atividades da fábrica da Solar Bebidas, responsável pela produção da marca na região Nordeste.
Durante uma inspeção técnica, o Mapa identificou que o líquido de resfriamento utilizado na fábrica, que contém etanol alimentício, pode ter entrado em contato com os produtos em fabricação. Diante da suspeita, a produção foi imediatamente paralisada até que a empresa comprove, com testes e laudos, que os lotes não foram contaminados.
Mas segundo o governo federal, os refrigerantes potencialmente afetados não chegaram a ser distribuídos ao mercado. Ainda assim, o que aconteceria se um alimento ou bebida fosse acidentalmente contaminado por etanol?
O que é etanol alimentício e por que ele é perigoso?
O etanol alimentício é um tipo de álcool de grau industrial utilizado em processos de resfriamento e limpeza em ambientes controlados, mas não deve estar presente no produto final.
Mesmo em pequenas quantidades, sua ingestão pode trazer riscos consideráveis, especialmente para crianças e pessoas com maior sensibilidade.
A ingestão acidental dessa substância pode causar desde sintomas mais leves, como náuseas, euforia ou sonolência, até quadros graves, como confusão mental, perda de consciência, depressão respiratória e coma alcoólico.
Quais são os riscos da ingestão de bebidas contaminadas com etanol?
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Comprometimento da coordenação motora: o álcool afeta diretamente o sistema nervoso, o que pode gerar tontura e dificuldade para se locomover.
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Perigo ao dirigir: ainda que consumido em uma bebida aparentemente inocente, o etanol pode deixar o consumidor com os reflexos lentos, o que, no volante, pode ter consequências trágicas.
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Risco para crianças: por terem o organismo mais sensível, mesmo pequenas doses de álcool podem causar reações severas nas crianças, como sonolência extrema e desmaios.
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Coma alcoólico: em casos mais extremos, pode haver perda de consciência e falência respiratória, exigindo internação imediata.
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Dano hepático: o fígado é diretamente afetado pelo álcool, mesmo em pequenas doses não intencionais, podendo sofrer sobrecarga.
E se o consumidor suspeitar de contaminação?
Por mais que o governo tenha garantido que os lotes não chegaram ao comércio, situações como essa mostram a importância de ficar atento a qualquer alteração de cor, cheiro ou sabor em alimentos e bebidas.
Se você consumir um refrigerante ou suco industrializado com gosto amargo ou metálico, ou se sentir tontura, náusea, formigamento ou sonolência logo após a ingestão, é importante buscar atendimento médico imediatamente e, se possível, guardar a embalagem para análise.
Como se proteger e agir diante de suspeitas
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Desconfie de gosto ou cheiro fora do comum
Mesmo refrigerantes industrializados não devem ter gosto de álcool ou cheiro estranho. Em caso de dúvida, não consuma o restante da bebida. -
Guarde a embalagem e anote o lote
Isso facilita o rastreamento do produto por parte dos órgãos de vigilância sanitária e pode ajudar outras pessoas a evitar riscos. -
Comunique os órgãos competentes
Denúncias podem ser feitas diretamente à Anvisa ou ao Ministério da Agricultura e Pecuária. -
Evite comprar produtos de procedência duvidosa
Dê preferência a locais com boa reputação e evite itens com rótulos danificados, informações ilegíveis ou lacres violados.
Situação está sob controle, diz governo
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, minimizou o risco de contaminação e afirmou que a medida foi preventiva: “Acreditamos que não houve contaminação”, declarou. A suspensão segue até que a empresa comprove, por meio de auditoria e análises laboratoriais, que não há risco para o consumidor.
A empresa envolvida enviou a seguinte nota à AnaMaria:
A Solar informa que a unidade de Maracanaú (CE) interrompeu temporariamente suas operações em consonância com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Essa pausa foi realizada preventivamente, e estamos atualmente conduzindo testes rigorosos para comprovar a total segurança de nossos produtos. Estamos empenhados em retomar as atividades o mais rápido possível. As licenças de funcionamento da unidade permanecem válidas e atuais, com práticas sendo auditadas continuamente, tanto internamente quanto externamente. A unidade é certificada pela ISO 9001 de gestão da qualidade e pela FSSC 22000 de segurança de alimentos. A Solar segue rigorosos protocolos de controle sanitário e de qualidade, reafirmando seu compromisso com altos padrões internacionais de produção, segurança alimentar em todas as etapas. Reforçamos o compromisso e diálogo com as autoridades e reiteramos que nossos produtos são 100% seguros, sem qualquer risco para os consumidores. Todas as demais operações da Solar seguem funcionando normalmente.
Resumo:
A fábrica da Coca-Cola em Fortaleza teve a produção suspensa após suspeita de contato entre o líquido de resfriamento e os refrigerantes. A substância contém etanol alimentício, que pode causar intoxicação grave se ingerida. O governo afirma que os produtos não chegaram ao mercado, mas o caso reforça a importância da vigilância e do cuidado com alimentos industrializados.