A fertilização in vitro (FIV) é um dos principais tratamentos de reprodução assistida, indicada quando há dificuldades para que a fecundação ocorra naturalmente. O procedimento acontece fora do corpo da mulher, em laboratório, e envolve diversas etapas – da estimulação ovariana à coleta e fertilização dos óvulos. Por ser um processo intenso, muitas pacientes se perguntam quanto tempo o corpo precisa descansar antes de iniciar uma nova tentativa.
De acordo com o médico Marcelo Marinho, diretor clínico da Fertipraxis Centro de Reprodução Humana, o intervalo entre um ciclo e outro deve ser decidido caso a caso.
O especialista explica que, do ponto de vista médico, na maioria das vezes não há contraindicação para começar um novo tratamento já no ciclo menstrual seguinte. No entanto, o tempo ideal pode variar conforme a resposta da paciente, a recuperação física e o estado emocional após o procedimento anterior.
Quando o intervalo deve ser maior
Em situações de hiperestimulação ovariana, ou seja, quando o organismo responde de forma exagerada à medicação hormonal, pode ser necessário um período maior para que o corpo retorne ao equilíbrio. Da mesma forma, quando o processo anterior foi emocionalmente desgastante, recomenda-se aguardar a recuperação antes de uma nova tentativa. Segundo Marcelo, esse cuidado ajuda o casal a seguir o tratamento de forma mais equilibrada e consciente.
O que é avaliado antes da retomada
Além do estado físico e emocional, o médico leva em conta a análise dos resultados laboratoriais do ciclo anterior, o número e a qualidade dos embriões obtidos, o tempo de preparo endometrial e a estratégia adotada para a próxima etapa. Cada fator influencia na decisão sobre quando reiniciar a estimulação hormonal.
Na prática, há mulheres que tentam novamente logo no ciclo seguinte e outras que preferem aguardar dois ou três meses. A escolha deve ser feita em conjunto com a equipe médica, considerando segurança clínica, preparo emocional e o planejamento familiar do casal.
Entenda como funciona a FIV
O tratamento começa com o estímulo hormonal controlado, que induz a ovulação múltipla. Durante o processo, a paciente realiza ultrassonografias transvaginais para acompanhar o crescimento dos folículos. Quando estão prontos, os óvulos são coletados sob sedação, em ambiente hospitalar.
No mesmo dia, o sêmen é obtido e os espermatozóides passam por uma seleção laboratorial. A fecundação pode acontecer de duas formas:
FIV clássica, em que óvulos e espermatozóides são colocados juntos em um mesmo recipiente e a fecundação ocorre naturalmente.
ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozóide), técnica na qual um espermatozóide é injetado diretamente dentro do óvulo.

A escolha entre uma ou outra depende do diagnóstico e do histórico do casal, sendo sempre definida pela equipe médica após avaliação completa.
Quando a FIV é indicada?
Entre as principais indicações do tratamento estão:
- Distúrbios da ovulação, como a síndrome dos ovários policísticos.
- Alterações nas trompas que dificultam o encontro entre óvulo e espermatozóide.
- Endometriose moderada ou grave.
- Falência ou baixa reserva ovariana.
- Infertilidade sem causa aparente.
- Abortos de repetição.
- Tentativas sem sucesso com outros métodos, como coito programado ou inseminação intrauterina.
- Casos de bloqueio ou laqueadura tubária.
- Casais homoafetivos femininos ou mulheres que recorreram ao congelamento de óvulos.
Resumo:
O intervalo entre um ciclo de fertilização in vitro e outro varia conforme a resposta física e emocional da paciente. Embora seja possível reiniciar o tratamento já no ciclo seguinte, muitos casos exigem um tempo maior de recuperação e análise médica. A decisão deve ser individualizada e feita em conjunto com o especialista, garantindo segurança e preparo adequado para a nova tentativa.
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