Você precisa arrumar aquela gaveta faz tempo? Ou precisa estudar para a prova de amanhã, é meia-noite e nem começou? Será, então, que você protela ou procrastina? Protelar é adiar para um dia no futuro; procrastinar é adiar para o dia seguinte.
Na prática, ambas significam postergar, e isso não é bom, podendo, inclusive, ser sinal de alguma doença clínica ou psiquiátrica. Todos nós já procrastinamos, e isso é humano! No entanto, quero ressaltar o ’perigo’ do adiamento frequente.
Caso você se veja agindo assim, procure ajuda médica, pois deixar sempre para depois as atividades corriqueiras pode ser sinal de hipotireoidismo, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo, déficit de atenção e hiperatividade.
Se avaliar que não sofre de nenhum desses males e, ainda assim, vive adiando as coisas, note o prejuízo que isso traz à sua vida. Então, considere fazer mudanças (em hábitos, visão de si mesma e do mundo).
É fato que, num momento em que temos tanta oferta de distração (TV, redes sociais etc), fica difícil focar. E esse problema costuma ser comum em pessoas impulsivas, perfeccionistas ou em quem é muito preocupado com a opinião dos outros. Mas se sentir culpada não vai ajudar.
O necessário é justamente o controle de si e de seus sentimentos, aprender a ter disciplina e controlar as emoções. E tudo isso se adquire com psicoterapia, atividade física, meditação, alimentação e sono saudáveis.
Evitar muitos estímulos é a palavra-chave. Troque o celular por um livro na hora de dormir, por exemplo, e já sentirá a diferença. Sei que tarefas repetitivas, chatas são menos emocionantes.
Mas são elas que nos permitem aprender a adiar alguns dos prazeres imediatos por aqueles que trazem recompensa no futuro, como completar um curso ou fazer um trabalho benfeito.
Eu mesmo confesso que adiei por um dia escrever essa coluna, porém, agora, sinto tanto prazer em tê-la feito que protelar algo não será mais minha opção.
LUIZ SCOCCA é psiquiatra com mais de 20 anos de atendimento em consultório próprio, além da participação em grupos de estudo, congressos e projetos sociais. Formado pela USP e membro das associações brasileira e americana de psiquiatria: ABP e APA.