A higiene bucal é imprescindível para manter os dentes saudáveis e evitar as doenças periodontais, as inflamações na boca e outros problemas, como o mau hálito. Ainda assim, algumas pessoas ainda têm dúvidas sobre o assunto. Por isso, AnaMaria Digital procurou a dentista Ana Paula Quinteiro Moro, professora do Instituto Levy Nunes na Faculdade São Leopoldo Mandic, para responder algumas questões. Anote aí!
COMO ESCOLHER A ESCOVA DENTAL MAIS INDICADA?
Precisamos pensar que as cerdas são o principais componentes da escova. Assim, a indicação tradicional para pessoas sem problemas específicos na realização de movimentos é o uso de escovas com cerdas planas e niveladas, sem alterações de inserção e direção. Não há evidência científica de que escovas com cerdas de borracha ou aquelas com inclinações e texturas modificadas sejam superiores às tradicionais. Devemos trocar de escova a cada três meses ou antes, se as cerdas estiverem deformadas, o que impede uma boa limpeza, e não se esquecer de escovar a língua, que absorve bactérias como uma esponja
PESSOAS COM GENGIVAS SENSÍVEIS DEVEM OPTAR POR QUAL TIPO DE ESCOVA?
As do tipo macia. Quando as gengivas estão inflamadas e sensíveis, sangram facilmente ao serem escovadas ou com o uso do fio dental. A causa mais comum para este problema é a falta de hábitos frequentes com a higiene bucal, que permite que os alimentos e as bactérias se acumulem entre os dentes e gengivas, criando um lugar propício para que as bactérias se multipliquem e se transformem em placa dentária. Esse desenvolvimento da placa na linha da gengiva, se não for removida com uma boa rotina diária de higiene bucal, com o tipo de cerda e escova indicada pelo cirurgião dentista para cada paciente pode desenvolver o tártaro, pela sua calcificação. Na maioria dos casos, um indivíduo que não tem predisposição à recessão gengival, utiliza um enxaguatório, escova os dentes no mínimo duas vezes ao dia, com uma escova macia ou elétrica, usa fio dental diariamente e frequenta o dentista regularmente, terá menos chance de desenvolver sensibilidade dentária.
ESCOVAS ELÉTRICAS LIMPAM MELHOR?
Ainda falta uma prova clara de que as escovas elétricas sejam mais eficazes em relação às normais. A gente nota que, na escovação manual, eles podem variar bastante – e as versões que realizam oscilações e rotações automáticas chegam a funcionar de modo semelhante à limpeza feita no consultório odontológico. Determinados modelos elétricos não se limitam a mexer suas cerdas de um jeito padronizado com o apertar de um botão. Hoje em dia, por exemplo, algumas escovas vêm acompanhadas de um timer para mostrar o tempo e a força adequada de escovação. O que é melhor: movimentos horizontais, verticais ou circulares? Devemos usar uma escova manual ou elétrica? Não importa, desde que seja sempre da mesma forma e por no mínimo dois minutos.
E QUANDO FALAMOS DAS PASTAS DE DENTE?
Hoje, temos uma variedade muito grande de pastas à disposição, como as específicas para dessensibilização dental, que tem propriedades de depositar cristais sobre as regiões mais sensíveis. Há também as medicinais, que atuam contra infecções nas gengivas. Por fim, existem as que prometem remineralização e o branqueamento. As genéricas fluoradas são as de uso diário, pela grande maioria da população, podendo escolher conforme paladar e custo-benefício. As outras devem ser recomendadas pelo dentista, pois um diagnóstico é recomendável para estabelecer os cuidados mais adequados. Só não acredite muito nas branqueadoras.
QUAL É O MELHOR MÉTODO PARA ESCOVAR OS DENTES?
O método ideal é dividir a boca em quatro partes, e limpar primeiro a parte superior esquerda, depois a direita. Em seguida, a parte inferior esquerda e, por fim, a direita. Deve-se levar meio minuto em cada região, da gengiva para o dente, para não machucar a gengiva, em um total de 2 minutos.
FUI EM ALGUM LUGAR E ESQUECI DE LEVAR MINHA ESCOVA DE DENTES. NA FALTA DELA, VALE PINGAR PASTA NO DEDO E ESCOVAR OS DENTES? ADIANTA ALGUMA COISA?
Escovar os dentes com o dedo não permite a remoção adequada da placa bacteriana em toda a superfície dos dentes, principalmente nas partes mais difíceis de alcançar até com a própria escova, porém, na falta dela, o dedo pode se tornar uma alternativa emergencial. Ele só não deve ser a primeira opção, mas pode se tornar uma via possível na falta da escova, pois ainda é melhor massagear os dentes com uma pasta adequada e com flúor do que simplesmente não escovar os dentes.
E NO CASO DO ENXAGUANTE BUCAL? ELE DEVE SER USADO APÓS CADA ESCOVAÇÃO?
Os bochechos com enxaguantes têm importância, mas apenas para aqueles que sofrem com doenças periodontais, como cáries e dentes sensíveis. Para as demais pessoas, a atuação do produto é nula, independentemente da quantidade de vezes em que ele é usado diariamente. O especialista é quem deve orientar se o paciente precisa ou não do produto e qual seria o mais indicado. Se aliado a uma boa escovação, nos casos específicos, o enxaguante pode sim ser útil. Caso contrário, o produto não será benéfico e pode inclusive aumentar o mau hálito.