Falar de sexo seguro é falar do uso de preservativos. Porém, você sabia que o método contraceptivo também pode causar desconforto após o sexo? Muitas vezes, por conta do uso incorreto de camisinhas com sabor. Até mesmo determinadas posições sexuais também podem ser prejudiciais.
De acordo com a Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), 75% das mulheres brasileiras sofrem com infecções, coceiras, inchaço, corrimento e até mesmo ferimentos vaginais em algum momento da vida.
À AnaMaria, o profissional de ginecologia obstetrícia da rede AmorSaúde, Flávio Costa, destaca: “Essas e outras complicações podem levar a inflamações do trato genital, reações alérgicas a produtos utilizados durante o ato sexual e até a mesmo gravidez indesejada”. Por isso, é importante evitá-las.
Mas como fazer isso? O especialista ressalta que só os preservativos não bastam para manter a saúde sexual — pelo contrário! Há uma série de cuidados que devem ser tomados, tanto durante quanto após o sexo, como exames regulares de saúde.
Antes de mais nada, é necessário entender a raiz desse problema. Por isso, confira 5 motivos de desconforto após o sexo. De acordo com o ginecologista, vão desde a higiene sexual até evitar determinadas posições sexuais.
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1 – Posições sexuais
Entre as posições sexuais citadas por Flávio, estão algumas conhecidas, como o “papai e mamãe” (missionário), “de quatro” (doggy style) e a cowgirl (feminino de caubói, em inglês), que é a mulher por cima. Apesar de geralmente seguras, também podem representar riscos.
- Papai e mamãe – pode ser desconfortável para quem tem problemas de coluna;
- De quatro – pode causar dor se a penetração for muito profunda;
- Cowgirl – a pessoa que está por cima controla a profundidade e o ritmo, mas há um pequeno risco de fraturas penianas se houver movimentos bruscos.
2 – Negligência
Outro erro comum é a negligência com o próprio corpo. Lembra daquela dor que você sentiu durante o sexo e preferiu deixar para lá? Saiba que pode ser sinal de um possível problema. Sentir dor durante ou após a relação sexual indica que algo está errado: “Não existe dor normal”, alerta o profissional.
Veja os problemas mais comuns:
- Falta de lubrificação;
- Infecções;
- Endometriose;
- Problemas emocionais ou psicológicos;
- Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs);
- Posição desfavorável.
Lesões também não podem ser ignoradas. Elas trazem sintomas como dor, inchaço e corrimentos anormais. Outros menos comuns, como a sensação de queimação ao urinar ou o sangramento fora do período menstrual, também podem surgir.
Em todos casos, é indispensável procurar orientação médica para o devido tratamento: “Para cuidar da saúde sexual, o ideal é não deixar para depois o que deve ser feito imediatamente”. Ou seja, é necessário monitorar de modo frequente se há algum tipo de sintoma antes e depois do sexo.
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3 – Camisinhas com sabor
Basta uma rápida ida à farmácia para encontrar os mais variados tipos de preservativos. Diferentes tamanhos, texturas, cores e até sabores. E é aí que está o problema. Muitos casais, no desejo de inovar, optam por essa última — só que camisinhas com sabor não servem para todas as ocasiões.
Isso mesmo: camisinhas com sabor devem ser utilizadas apenas para sexo oral. O sexo com penetração não deve ser feito com camisinhas com sabor, que podem conter substâncias que causam irritação ou reações alérgicas na mucosa vaginal ou anal. O produto pode alterar o pH natural da região, elevando o risco de infecções.
O mesmo é válido para lubrificantes com sabores e fragrâncias. Segundo o ginecologista, é necessário priorizar aqueles que são à base de água e sem perfumes. “Ao experimentar qualquer reação adversa a lubrificantes ou preservativos durante o sexo, é crucial interromper imediatamente o uso desses produtos e lavar a área genital com água morna e sabão neutro”. Persistindo os sintomas, busque orientação médica para determinar a causa e receber o tratamento adequado.
4 – Sexo com comida?
Sexo com comida é outra combinação arriscada. Não é incomum encontrar relatos de casais que resolveram adicionar um alimento no momento entre quatro paredes. Porém, é um hábito que não é recomendado pelos inúmeros riscos que oferece.
Os alimentos podem causar infecções e irritações quando utilizados durante a prática sexual. Isso ocorre pois não são estéreis e podem alterar o pH da região íntima. Alguns também podem deixar resíduos que causam infecções nas genitálias.
Entre os exemplos prejudiciais citados pelo especialista, estão chantilly, mel e chocolate líquido, que podem causar infecções por serem açucarados e difíceis de limpar. Para quem deseja apimentar a relação ainda assim, é permitido passar por outras partes, como barriga, boca e seios.
A introdução anal ou vaginal de frutas ou outros alimentos também é perigosa, já que podem quebrar ou derreter durante o processo. Flávio explica que o risco é não conseguir retirá-los completamente depois.
5 – Falta de higiene íntima
Por fim, mas não menos importante, está a higiene íntima, que é um requisito essencial para o sexo seguro. É por meio dela que você garante que sua genitália está limpa antes, durante e após a prática sexual. Do contrário, a região estará mais suscetível às irritações e infecções bacterianas e fúngicas.
Hábitos relativamente simples são considerados imprescindíveis para a higienização adequada e equilíbrio da flora vaginal, como urinar logo após a relação sexual e manter-se hidratado, bebendo bastante água para limpar as vias urinárias. Outras maneiras de manter a higiene íntima:
- Evitar o uso de produtos perfumados ou agressivos;
- Limpar-se cuidadosamente;
- Lavar a região externa com água e sabão neutro;
- Evitar duchas internas, que podem desequilibrar a flora vaginal.
- Evitar roupas íntimas úmidas, que aumentam o risco de infecções fúngicas, como a candidíase;
- Manter a região seca e arejada. Roupas de algodão permitem a respiração da pele.
Uma vida sexual saudável e prazerosa passa pela atenção a todos os fatores que podem causar desconforto após o sexo, desde a escolha das posições sexuais até a utilização de produtos adequados. E não hesite em procurar orientação médica ao menor sinal de desconforto ou anormalidade: “Por isso, é importante que as mulheres se atentem aos sinais de seus próprios corpos”, finaliza Flávio.
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