O consumo de melatonina por crianças vem crescendo nos últimos anos, impulsionado pela popularização de gomas e balas vendidas como auxiliares do sono. Apesar da aparência inofensiva, a substância é um hormônio que regula o ciclo circadiano e não deve ser usada sem indicação médica.
Pesquisas internacionais apontam aumento no número de intoxicações acidentais envolvendo crianças, principalmente nos Estados Unidos e na Austrália. A maioria dos casos é considerada leve, mas já foram registradas internações. O risco de morte é raro, porém o perigo está justamente no uso sem prescrição adequada.
Quando é indicada
O uso de melatonina em pediatria é restrito a situações específicas. Ela pode ser considerada em quadros de autismo, TDAH e alguns distúrbios neurológicos associados à dificuldade para dormir. Mesmo nesses cenários, a indicação precisa ser feita por um médico, com acompanhamento constante e ajuste da dose conforme a necessidade de cada criança.
A substância não deve ser vista como suplemento comum. Trata-se de um hormônio e, como tal, pode interferir em processos de desenvolvimento quando usado sem controle. Entre os efeitos adversos relatados estão sonolência diurna, dores de cabeça, náuseas, alterações de humor e, em alguns casos, impacto sobre o equilíbrio hormonal.
Alternativas seguras para melhorar o sono
Antes de recorrer à melatonina, especialistas reforçam a importância da higiene do sono, que consiste em criar hábitos saudáveis para preparar o corpo e a mente para o descanso. Algumas medidas simples incluem:
- Manter horários regulares para dormir e acordar
- Reduzir o uso de telas ao menos uma hora antes de dormir
- Criar um ambiente silencioso, escuro e em temperatura agradável
- Incluir momentos relaxantes, como leitura, banho morno ou respiração guiada
- Incentivar a prática de atividades físicas durante o dia
- Priorizar alimentos ricos em triptofano, magnésio e vitamina B6, como banana, aveia, sementes, oleaginosas e verduras verde-escuras, que participam naturalmente da produção de melatonina
Essas estratégias são seguras, acessíveis e eficazes para a maioria das crianças que apresentam dificuldades para dormir.
Embora a melatonina possa ter espaço em casos muito específicos, para a grande maioria das crianças o caminho passa por limites claros, rotina e hábitos saudáveis. O uso indiscriminado do hormônio banaliza um tratamento que deve ser exceção e não regra.
Resumo:
A melatonina vem sendo cada vez mais consumida por crianças em forma de gomas e balas, mas seu uso sem orientação médica pode causar efeitos adversos e até internações. A indicação é restrita a casos específicos, como em crianças com TDAH ou autismo, e sempre sob prescrição. Para a maioria, a solução está em higiene do sono, rotina equilibrada e bons hábitos.
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