Você já se imaginou jogando seu celular pela janela de um veículo em movimento? Ou gritando sem motivação durante uma aula ou trabalho? Esses são alguns exemplos comuns de pensamentos intrusivos, fenômeno que intriga muita gente.
A princípio, são situações que podem até parecer engraçadas. No entanto, nem todos os pensamentos intrusivos são inofensivos ou banais. Algumas pessoas relatam que o fenômeno as fazem pensar – de maneira involuntária – em situações ruins.
E os exemplos são muitos, e em boa parte sendo prejudiciais a si mesmo ou até a outras pessoas: pular de um prédio, dirigir na direção de um muro ou de outras pessoas, ferir entes queridos. Mas afinal, o que são os pensamentos intrusivos? Eles são normais? Devo me preocupar? Dá para controlá-los ou há tratamento? AnaMaria te conta!
O QUE É?
A psicóloga Juliana Santos Lemos, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e Psicopatologia pela PUC/RS, explica que o processo habitual de pensar é caracterizado por algumas estruturas cognitivas.
Isso significa que, normalmente, o conteúdo do pensamento é constituído por temas predominantes àquela pessoa, sendo orientado por suas preferências e crenças. Dessa forma, o assunto é, na maioria das vezes, referente ao autoconceito.
Por outro lado, os pensamentos intrusivos são uma alteração na estrutura cognitiva, o que leva a pessoa entrar no ciclo de comportamento ruminativo.
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É NORMAL TER PENSAMENTOS INTRUSIVOS?
A psicóloga Monica Machado, fundadora da Clínica Ame.C e pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental, considera que esse tipo de pensamento não é normal. Para ela, o fenômeno se enquadra em uma patologia, geralmente oriunda de algum tipo de transtorno mental ou psiquiátrico.
“Muitas vezes esse pensamento vem com algum gatilho que possa ser de algum trauma e que algo fez com que a pessoa vivencie a experiência”.
Juliana confirma: “Quando há alteração da percepção da realidade, sofrimento e prejuízo em nossas vidas, podemos considerar como algo patológico e de causas multifatoriais, dependo da gravidade do pensamento intrusivo”.
Por outro lado, a profissional garante que é normal o cérebro produzir pensamentos problemáticos. O hábito é adaptativo e protetivo, pois o ser humano precisa de habilidades para resolver problemas e garantir a própria sobrevivência.
COMO LIDAR COM PENSAMENTOS INTRUSIVOS?
A especialista ressalta a importância de lembrar que o fenômeno em questão são apenas pensamentos, não um comando. Ou seja, não é porque aquilo invadiu seu cérebro, que você deve executar como uma ordem.
“Umas das principais ferramentas para lidar com esses pensamentos é realizando automonitoramento, avaliando as evidências de acordo com nosso contexto de vida”, acrescenta.
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HÁ COMO EVITÁ-LOS?
Pensamentos são automáticos, ou seja, involuntários. Logo, não dá para controlá-los. Por isso, não há como evitar os pensamentos intrusivos. A melhor maneira, então, é aprender a conviver com eles.
As psicólogas indicam distrações benéficas para a mente a fim de ignorar o fenômeno. Respirar fundo e meditação são algumas das técnicas citadas.
Qual o tratamento?
Cada caso é único e diferente, por isso, o ideal é se consultar com um profissional da área, como psicólogos e psiquiatras. O médico vai avaliar a necessidade de medicação juntamente com as sessões de psicoterapia.
“Várias pesquisas demonstram a eficácia da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) para lidar com esses tipos de pensamentos rígidos, distorcidos, além de vários transtornos mentais, incluindo o TOC”, acrescenta Juliana.
PENSAMENTOS INTRUSIVOS OU PENSAMENTOS OBSESSIVOS
Ainda segundo a especialista, os pensamentos intrusivos geralmente têm teor de preocupação. O fenômeno pode surgir em decorrência de algumas emoções como: ansiedade, medo, ciúmes.
Ela cita alguns exemplos:
- Reprovar em uma prova importante;
- Achar que está sendo traída;
- Medo de perder o emprego;
- Achar que algo ruim pode acontecer com um ente querido.
Já a obsessão conta com pensamentos intrusivos, impulsivos e perturbadores. O fenômeno causa sofrimento clinicamente significativo, com frequência e prejuízo em todas as áreas da vida. Muitas vezes, está atrelado ao diagnóstico de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
“Quando falamos de pensamento obsessivos, estamos lidando com algo que não se controla, são repetidamente invasores, a pessoa não espera que vá pensar em algo e quando começa a perceber já está em sofrimento profundo devido ao pensamento intrusivo”, finaliza Monica.
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