O governo dos Estados Unidos, por meio do presidente Donald Trump e do secretário de Saúde Robert F. Kennedy Jr., anunciou alterações na bula do paracetamol (Tylenol). A decisão foi motivada por novos estudos clínicos e laboratoriais que indicam uma possível ligação entre o uso do medicamento por gestantes e o desenvolvimento de autismo em crianças.
Segundo a Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória americana, alguns trabalhos indicaram maior risco quando o remédio foi utilizado de forma contínua durante a gestação. No entanto, a própria agência afirmou que a relação causal não foi comprovada, já que existem pesquisas com resultados contrários. Além disso, a FDA ressaltou que o paracetamol continua sendo o único medicamento aprovado para tratar febre durante a gravidez, enquanto aspirina e ibuprofeno apresentam riscos conhecidos para o feto.
OMS reforça que evidências ainda são inconclusivas
No dia seguinte ao anúncio americano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se pronunciou em coletiva realizada em Genebra. O porta-voz Tarik Jašarević explicou que, embora existam estudos que apontem para uma possível relação entre paracetamol e autismo, os resultados permanecem inconsistentes.
“Medicamentos devem ser usados na gravidez de forma consciente, especialmente no primeiro trimestre. É essencial que as gestantes sigam sempre a orientação médica antes de iniciar qualquer tratamento”, afirmou Jašarević.
A OMS destacou que a falta de replicabilidade dos estudos dificulta a confirmação de uma ligação direta entre o uso do medicamento e o desenvolvimento do transtorno. Por isso, reforça-se a importância de decisões individuais, feitas por médicos que conhecem o histórico de cada paciente.
Europa mantém recomendações para uso seguro do medicamento
Agências de saúde da Europa e do Reino Unido também se manifestaram. A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde do Reino Unido (MHRA) alertou para os riscos de não tratar sintomas como dor e febre durante a gestação.
“O paracetamol continua sendo a opção recomendada para gestantes, desde que utilizado conforme as instruções médicas”, informou Alison Cave, diretora de segurança da MHRA.
Já a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) reforçou que não encontrou novas evidências científicas que justifiquem mudanças nas orientações atuais. Em 2019, o órgão realizou uma revisão detalhada dos estudos existentes e concluiu que não há ligação comprovada entre o uso do medicamento e distúrbios de neurodesenvolvimento, incluindo o autismo.
Gestantes devem evitar a automedicação
Apesar do debate internacional, especialistas concordam que a prioridade é garantir o bem-estar da mãe e do bebê. Tanto dor quanto febre, quando não tratadas, podem causar complicações na gestação. Por isso, o uso do paracetamol deve ser feito com cautela e sempre com acompanhamento médico.
Em nota ao jornal The New York Times, a fabricante Kenvue, responsável pelo Tylenol, afirmou que “estudos independentes mostram que o medicamento não causa autismo”.
Resumo: O alerta emitido pelos EUA reacendeu o debate sobre o uso de paracetamol na gravidez. Enquanto estudos ainda apresentam resultados divergentes, a OMS e as agências europeias mantêm suas orientações atuais: gestantes podem utilizar o medicamento, desde que haja recomendação médica e uso controlado. Automedicação, especialmente durante os primeiros meses da gestação, deve ser evitada.
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