A campanha Outubro Rosa deste ano chega acompanhada de uma notícia importante para a saúde da mulher no Brasil. O Ministério da Saúde alterou a diretriz oficial do Sistema Único de Saúde (SUS) e agora garante a mamografia para todas as mulheres a partir dos 40 anos, mesmo sem sintomas ou histórico familiar.
Antes, o rastreamento era recomendado apenas para a faixa de 50 a 69 anos. A medida, publicada no fim de setembro, atende a um movimento já defendido por sociedades médicas e busca responder ao aumento de diagnósticos em mulheres mais jovens.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo mais comum entre mulheres no Brasil e no mundo. Em 2024, mais de 1 milhão de mamografias no SUS foram realizadas em mulheres com menos de 50 anos, mostrando a demanda já existente nessa faixa etária.
Por que essa mudança é importante
O oncologista Levindo Tadeu, da Afya Montes Claros, considera o avanço um marco. “Nas últimas décadas, observou-se um aumento significativo da incidência de câncer de mama em mulheres entre 40 e 50 anos. Ampliar o acesso à mamografia para essa faixa etária permite a detecção precoce da doença, o que é fundamental para aumentar as chances de cura. Além disso, o diagnóstico em estágios iniciais possibilita a realização de tratamentos menos agressivos, com menor impacto físico e psicológico para as pacientes”, explica.
Entre 2018 e 2023, mais de 108 mil brasileiras com menos de 50 anos foram diagnosticadas com câncer de mama. Apenas na faixa de 40 a 49 anos, agora contemplada, foram 71.204 casos. O impacto da mudança é significativo, já que essa população estava fora da diretriz oficial até então.
A importância da detecção precoce
Para Levindo, o ideal é identificar o câncer antes mesmo do surgimento de sinais perceptíveis. “Nessa fase inicial, a lesão ainda é tão pequena que não provoca alterações perceptíveis. No entanto, é fundamental que a mulher esteja atenta a qualquer mudança nas mamas, como o aparecimento de um nódulo, inchaço desproporcional, alterações na pele, mudanças no mamilo, incluindo inversão ou descamação, além da presença de secreção anormal. O diagnóstico precoce continua sendo a principal arma para aumentar as chances de cura e possibilitar tratamentos menos agressivos”, complementa o especialista.
Quando a desinformação atrapalha
O desafio do diagnóstico precoce não se limita ao acesso ao exame. A circulação de mitos também atrapalha a prevenção. Entre 2018 e 2023, o número de diagnósticos de câncer de mama aumentou 59% no Brasil e, na última década, a mortalidade cresceu 38%, chegando a 20.165 óbitos em 2023.
Mesmo diante desses números, ainda persistem crenças equivocadas. Levindo alerta: “Muitos acreditam que o câncer de mama afeta apenas mulheres mais velhas ou aquelas com histórico familiar, quando, na verdade, a maioria dos casos ocorre em mulheres sem antecedentes. Outro mito comum é o de que desodorantes antitranspirantes causam câncer, o que não tem respaldo científico.”
Segundo ele, também é incorreto acreditar que a mamografia só é necessária quando há um nódulo palpável. “Esse exame é essencial para identificar alterações em estágios iniciais, antes mesmo que possam ser percebidas pelo toque. Além disso, muitas pessoas ainda têm receio infundado de que a mamografia possa causar câncer, o que é um mito sem qualquer fundamento. O medo de que o câncer de mama seja uma sentença de morte também persiste, mesmo com os avanços expressivos no tratamento e as altas taxas de cura quando a doença é diagnosticada precocemente”, conclui.
Resumo:
O Outubro Rosa de 2025 marca uma mudança importante no SUS: a mamografia passa a ser garantida a todas as mulheres a partir dos 40 anos, ampliando a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. Especialistas reforçam que a detecção antecipada aumenta as chances de cura e combate os mitos que ainda atrasam o cuidado.
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